FÉLIX VALOIS
(1898-1958)
Félix Valois Coelho nasceu no município de Viana, no Maranhão, no dia 31 de março de 1898. Sua mãe, viúva, mudou-se para Manaus e depois o jovem ingressou no Exército, onde chegou a sargento. Mas se forma em Guarda Livros e depois em Direito, em 1939, pela Faculdade Amazonas, exercendo como professor de Português.
Membro da Academia Amazonense de Letras.
Faleceu em Manaus no dia 5 de junho de 1959, depois de exercer a função de escrivão judicial.
SAUDAÇÃO À CRUZ
Madeiro infame eu era. Provocava
Somente execração, desprezo, espanto.
Mas Jesus me tornou egrégio e santo,
Remindo em mim a humanidade escrava.
AFONSO CELSO
Em tempos que de nós já vão bem afastados
Eras a imagem vil da mais negra abjeção;
A tua torva sombra os vícios abrigados
Chamavam sobre ti do mundo a execração.
Certo dia, nos ombros descarnados
Do Homem-Deus tu caíste. Os braços teus então
(Oh! prodígio sem par!) vieram-se transformados
De infamante cadeia em símbolo de união.
E, sacudindo assim no opróbrio jugo infando,
Remiste a humanidade, o lenho venerando
Sobre a terra espargindo o sangue de Jesus.
Por isso empós de ti caminham noite e dia
Os homens e as nações, e nessa romaria
Proclamam de contínuo: AVE, BENDITA CRUZ!
ADVERTÊNCIA
Quando escolher quiserdes teus amigos
Não os procures nos salões de festa,
Onde a vivaz molganice atesta
Serem todos os gestos muito ambíguos.
Se conjurar desejas os perigos
Que te podem advir de uma funesta
Escolha, vai bem longe de uma orquestra
Procurar da verdade os sãos amigos.
Despe das convenções os atavios.
E, de modéstia as galas ostentando,
Mostra-te ao mundo, amigo da vaidade.
Logo verás tornarem-se arredios
Os que te andavam sempre cortejando,
Somente formalismo é a sociedade.
Poesia mística. Poesia religiosa.
Página publicada em janeiro de 2020
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