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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

BENJAMIN SANCHES

 

Benjamin Sanches de Oliveira (Manaus, 21 de abril de 1915 - Manaus, 1978) foi um poeta e contista amazonense, membro do Clube da Madrugada.

 

SANCHES, Benjamin. Argila.   Manaus, Amazonas: Sergio Cardoso  Cia. Ltda. Editores, 1957.  16x23 cm.154 p.  Apresentação por Mithridates Corrêa.  Ex. Biblioteca Nacional de Brasília, doado pela família de Francisco Vasconcelos. 

        

         SER E NÃO SER

Este ser e não ser que vive em mim
Inacessível ao meu pensamento,
No divagar meu mundo interior
Subsistindo em mim independente.

Negando-me os meus conhecimentos
Diluídos no espaço e no tempo
E o pouco que consigo recolher
Vem brotando dos meus entendimentos.

Escapando à forma do absoluto
Povoando o vácuo de minha visão,
Daquela incerteza de que estou certo.

Potência regendo este dinamismo
Do efeito que produz toda esta causa,
Do ser que acorda em mim quando adormeço.

 

         SINAIS DO TEMPO

Domingo...
Judite,
vai ao banho.
Teca,
vai ao banho.
Nelly,
vai ao banho.
Todas vão ao banho...
Antigamente iam à missa,
banhar um pouquinho a alma...
Antigamente o sino...  bem bão..
Atualmente a buzina.. fon  fon..

Maria,
(se Maria não está, outra qualquer serve)
dá-me lápis e papel,
quero escrever poesia.
Mas... já escrevi um poesia e
não quero escrever mais de uma por dia.

 

         CAMINHADA

O vento,
(não sei se o vento)
soprava
e não sei por que soprava
o meu micro organismo

que rebolava pegajoso
pelo asfalto
e outras partículas
agregavam-se ao meu EU, avolumando-me.
Mas, o tempo
(não sei se o tempo ou aquelas partículas)
ressecou-me e o asfalto vai esmerilando-me
porque o vento não parou de soprar,
mas, mesmo se parasse, a estrada, agora
inclina-se para o horizonte, até
(este até, não sei medir)
o abismo desconhecido.

 

IARA

Surgiu do leito do rio sem margens
Cantando a serenata do silêncio,
Do mar de desejos que a pele esconde,
Trazia sal no corpo inviolável.

Banhando-se no sol da estranha tarde
Cabelo aos pés mulher completamente,
Tatuou nas retinas dos meus olhos,
A forma perfeita da tez morena.

Com a lâmina dos raios penetrantes,
Arando fortemente as minhas carnes,
Espalhou sementes de dor e espanto.

Deixando-me abraçado à sua sombra,
Desceu no hálito da boca da argila
E, ali, adormeceu profundamente.

 

  1. Obras: “Argila”, poesia, 1957; Manaus, Sérgio
  2. Cardoso  Editores, e  “O Outro e Outros Contos”, inédito.

 

 

 

MELLO, Anisio.   Lira amazônica. Antologia.  São Paulo: Edição do Correio do Norte, 1965.  294 p.  12,5x18 cm.  Ex. bibl. Antonio Miranda.

 

 

 

        É  T A R D E

Teu servo, humildemente se curvava
devoto a ti e tu não compreendias,
com o agudo desprezo me férias,
enquanto cegamente eu te adorava.

Minha alma, ao teu arbítrio, fez-se escrava
sob as funéreas ânsias dos meus dias
e ao sentir que eu chorava, tu sorrias
e o teu sorriso aos poucos me matava.

Agora eu sou ramo ressequido,
alívio onde procuras repousar
após área esperança ter perdido...

       E eu te direi sem mágoas, sem alarde
na sincera expressão do meu falar:
em mim não pousarás.. é muito tarde!

(
No “Correio do Norte”, no. 15, 2ª. quinzena dez. 1959 –
São Paulo)

 

 

 

 

         T R A N S E

Em êxtase fitava o céu molhado,
Umedecidos por um cinza brando
E o sangue nas artérias congelado,
As lágrimas no rosto vão rolando.

No espaço um olhar vívido cravado,
O pensamento no ar gesticulando,
Do meu céu ao inferno, condenado,
Eu andei sem saber se estava andando

Quando saio daquele sobressalto,
Como quem sonha mesmo quando acorda,
Tenho minha alma presa lá no alto,

Vendo o meu corpo nessa lassidão,
Sob o peso das dores que transborda,
Um monstro se arrastando pelo chão.

 

                          (Em “Argila”, p. 95, Manaus, 1957)

 

 

 

 

         S Í N T E S E

 

 

       Eu contemplo-Te, Síntese de tudo,
Observando a Tua obra imensa
E mais Te vejo,, quanto mais estudo,
Esta visão se torna mais intensa.

Micro integrante deste conteúdo
Em que a Sabedoria se condensa,
Irredutível fé em que me escudo
Na antevisão da esplêndida Presença.

Quando a dúvida atingi-me o sentido,
Estertorando no meu pensamento
Surge a Verdade, dentre o colorido.

Orem supondo a essência da razão,
Originando a força e movimento,
Deste porque de toda conclusão.

 

                   (Em “Argila”. pag. 121, 1957)

 

 

 

 

 

Página publicada em abril de 2017;

Página ampliada em novembro de 2020


 

        

        

 

        



 
 
 
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