ANA CÉLIA OSSAME
Nasceu em Manaus no dia 1º de abril de 1962. Obra poética: Imaginei assim (Manaus, 1986).
Aguardo todas as previsões,
Translúcida observo
dezenas de pessoas
interessadas num artigo de lixo.
É a fome de ser estrela.
Passados os minutos escorro de desejo
e entre um gole e outro de beijos molhados
sem constrangimento,
apago as luzes dos olhos
e acendo as da paixão.
E lá se vai a culpa de ser mulher.
Cotidiano
O livro de estrutura social,
a pasta de documento,
um verso ingênuo,
a janelinha do ônibus,
os letreiros das lojas,
meu corpo, minha alma,
meu silêncio, me riso.
Tudo.
Tudo onde diariamente estás.
Olha, que volta a insônia
e só encontro a caneta
e a agenda desarrumada
onde pretendo gastar os cartuchos
da minha única arma...
Se passares por mim, atiro.
Caçador
Respire fundo,
acelere o coração
e tire dos meus olhos
a definição que você precisa
para ficar em mim e depois fugir.
Faça uma de caçador,
faça uma de amante,
respire fundo
e caia na minha armadilha
porque hoje não é o dia da caça.
Fonte: http://www.carlosbranco.jor.br/poesiasao.html
Página preparada por Maria da Graça Miranda da Silva, nov. 2013
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