ALMINO AFFONSO
Almino Monteiro Álvares Affonso (Humaitá, 11 de abril de 1929) é um político brasileiro.
Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, foi ministro do Trabalho e Previdência Social no governo de João Goulart, de 24 de janeiro a 18 de junho de 1963. Cassado pelo Golpe de Estado de 1964, viveu no exílio por doze anos na Iugoslávia, Uruguai, Chile, Peru e Argentina.
Retornando ao Brasil em 1976, foi Secretário dos Negócios Metropolitanos de São Paulo no governo de André Franco Montoro, época em que eclodiu o escândalo Mogigate, quando cassou a permissionária dos transporte São Paulo Mogi das Cruzes que operava desde 1940, empresa vitima de tentativa de extorsão.
Foi também Vice-Governador do Estado de São Paulo na gestão de Orestes Quércia, além de Deputado Federal e Conselheiro da República na gestão do Presidente Luis Inácio "Lula" da Silva. No ano 2000, foi secretário Municipal de Relações Políticas do rápido governo do prefeito paulistano Régis de Oliveira. Foi assessor do Governador de São Paulo, no governo de José Serra, e, posteriormente, Secretario de Estado de São Paulo (Secretario das Relações Institucionais).
É casado com Lygia de Brito Alvares Affonso, pai de Rui, Gláucia, Fábio e do músico Sérgio Britto (da banda Titãs). Possui suas raízes genealógicas fincadas no Estado do Rio Grande do Norte, é neto do ex-Senador Almino Álvares Affonso, o Grande Tribuno da Abolição dos Escravos. Também é advogado.Publicou os Versos d’água doce (2000), reunião de poemas dispersos publicados em jornais e revistas. Fonte: wikipedia
Velho tronco
Aos últimos clarões de um sol que espira,
Entre as escumas da corrente, à tona,
Um tronco desce... e como que ressona,
E no seu sono, a sonhar, delira!
Sonha, quiçá, sua fronde esmeraldina,
Onde as brisas cantavam serenatas,
E as aves, em sutis bandolinatas,
Abriam a voz numa explosão divina...
Frutos pendentes a dourar seus galhos
E as lianas vivendo de sua vida...
A fera, à sombra, a lhe pedir guarida,
Vindo sentir-lhe os mágicos retalhos...
Sonha, de certo, as noites de luar,
E o Madeira, tranquilo, como em cisma,
Tendo nos versos do poeta – a crisma,
E no vento – um seresteiro a cantar.
Depois... a luta, o vendaval rugindo...
Folhas serpeando em doudos espirais...
Galhos rangendo entre gemidos e ais,
Ao chicotear dos ventos se partindo!
E os ninhos a rolarem pelo chão...
Aves implumes a chorar, piando...
E mais e mais, em fúrias, vergastando,
O temporal ribomba no trovão!
E por fim, a estrugir, fraqueja, cai
Sobre as águas barrentas do Madeira
- Líquida estrada de escumante esteira,
Onde sua vida, lenta, já se esvai!
Velho tronco eu te entendo neste instante!
No teu silêncio eu descobri tua vida...
E em tua raiz, para o infinito erguida,
Uma bênção... um perdão edificante!
Ah! Tu foste fruto e sombra e ninho...
És sublime, ó Tronco, e eu te bendigo,
Pois rolando pra morte ainda és abrigo
Das garças e gaivotas do caminho!
Aprende, coração! E se na vida,
Em troca do bem, do amor que semeares,
Vires a ingratidão lá nos altares
A rir de ti, de tua ilusão sentida...
Relembra o Velho Tronco! E, já sumindo
Os últimos lampejos da existência,
Ampara o frasco e a tímida inocência,
E sentirás a vida reflorindo!
(Versos d’água doce)
(Página preparada por Maria da Graça Miranda da Silva, nov. 2013)
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