POESIA AMAPAENSE
indicação de Angela Maria de Carvalho*
CARLA NOBRE
CARLA NOBRE é Poeta amapaense, amazônida e brasileira, professora da rede estadual de ensino. É Graduada em letras pela UNIFAP e Especialista em língua portuguesa (IESAP). Atualmente cursa mestrado em Direito Ambiental e Polítcas Públicas na UNIFAP. Participa da Associação Literária e Teatral ABEPORÁ DAS PALAVRAS, onde desenvolve um trabalho voltado para a difusão da literatura produzida na Amazônia. Organiza e participa de saraus literários, produtos de literatura, como agendas, livros artesanais, etc. Seu trabalho como professora também segue essa linha. Atualmente é a Presidente do Comitê Executivo da Feira do Livro do Amapá, aceitando o convite do governador Camilo Capiberibe para articular esse trabalho pioneiro com o setor no estado. É articuladora cultural, possui perfil de liderança e já atuou como gestora pública nas esferas estadual e municipal. Atividades artísticas atuais:
* É Conselheira de Cultura no Estado do Amapá. Organiza o Projeto PASSEIO LITERÁRIO.
NOBRE, Carla. Exageros e delicadezas. Belém: Cromos, 2013. 86 p. I14,5x15 cm. Capa: Cláudio Cardoso. Fotos: Manoel do Vale. Capa dura. ISBN 978-85-6406764-1 Col. A.M.
Deixo contigo
O mistério escuro dos corais
Levo comigo o desejo
De que teu barco
Permaneça ancorado
Em meu cais
DONA ANA
Seu Emídio e dona Ana
São felizes na beira do seu igarapé
Ela faz galinha no fogão a lenha
Ele cata café
Eles moram em Nova Canaã
A terra prometida!
Ela joga sorriso o dia todo
E pega o facão destemida
Dona Ana diz que não quer outra vida:
Ser dona da sua terra
Mandar na sua comida
E fazer primavera ao lado do seu Emídio.
Dona Ana é sabida!
SONETO DA PALAVRA NUA
Quero para minha poesia
Todas as palavras nojentas
As obscuras, as ambíguas
Uma linguagem piolhenta
Não me envergonho das minhas escolhas
Minha palavra é minha pepita
Catarro, mentira, dor, sangue
Suvaco, urubus, bruxaria, bauxita
Todas as palavras são bem vindas
E com elas as penas, a moela, as tripas
E todos os seus sentimentos e suas histórias
Das mais tristes às mais lindas
Fico com o verbo parir
E toda a sua memória
SONETO DA DEFESA
Não queremos assimilar
Somos povo mul+i e rebeldes
Nheengatu, tupi, patuá
Canoas, tartarugas, rios
Não queremos proteção
Temos nossas danças, nossas armas
Nossas pinturas, nossas pajelanças
Temos o sangue da floresta
A terra é nossa Mãe
Nossa identidade, nossa cama
Nosso alimento, nossa saudade
Queremos defesa e respeito
Nossa comprovação é nossa cor
Nossa igualdade, nosso jeito
*Quando de minha visita a Macapá, em novembro de 2013, para participar do Festival Quebramar, Angela Maria de Carvalho levou-me à Biblioteca Pública onde me cederam alguns títulos de livros de poesia publicados pela Secretaria de Estado da Cultura e pude fotografar, ainda que precariamente, posters com poemas de autores amapaenses. Depois fomos a uma livraria onde foi possível obter mais alguns títulos, que serviram para ampliar a nossa seção de poesia do Amapá. Angela Maria teve uma livraria e agora se dedica ao programa local de incentivo à leitura.
Página publicada em dezembro de 2013
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