ANNIE DE CARVALHO
Annie de Carvalho é Geógrafa. Ganhou o Prêmio Menção Honrosa- CNPq-UNIFAP-2009 pelo artigo científico: Dinâmicas Territoriais. É Guia de Turismo Regional e Funcionária Pública. Membro de grupos de poesia; membro da ALIEAP (Associação Literária do Estado do Amapá), membro da REBRA (Rede de Escritoras Brasileiras). Fez participação nacional como declamadora na OFFFLIP durante a Feira Literária Internacional de Paraty (RJ) na casa "Trata-se de Ficção"-2013. Foi contemplada no Prêmio Sarau Brasil 2016 Concurso Nacional Para Novos Poetas com Menção Honrosa, também foi premiada no II Concurso Literário Pena & Pergaminho 2016-contos. Foi publicada pela Revista Poética e Cultural Mallamargens-Curitiba-PR 2015 e 2016 e na Revista Diário- AP 2016. Participou da coletânea Quinze Dedos de Prosa- AP 2015, da coletânea Quatro Estações- SP 2016, da XVIII Antologia Poética Vozes de Aço- RJ 2016, da III Coletânea Viagem pela Escrita-RJ 2017. Apresenta o espetáculo poético Liras e Mocambos onde declama a poesia regional da Amazônia.
Alma omágua
Minha alma silvestre
desce o rio entre cascatas
gotejando cristais aos omáguas,
solfejando segredos das matas.
É grito em atrito com as águas
fincado no erudito das zagaias.
Esse brado em que confio
está nos ecos das pedras encantadas
brilham e ardem como brasas.
Essa paz de alma que me extravasa
é a centelha da luz do tempo futuro;
as palavras são correntes...
Ditas pelos sábios preservadores
dos elos fluentes da vida e da graça.
Aqueles olhos
Sempre quis saber de quem são
aqueles olhos atrás da moita...
Aparecem em noites de lua
quando vou à beira do rio
lavar minha cuia.
Ouço seu movimento
maciço e macilento,
seus olhos de fogo
inflamam meu pensamento.
Será um bicho?
Um índio amaldiçoado?
Por que só eu vejo?
Devo ceder ao meu desejo?
Enfeitei-me de pena de araras
urucum e sementes de bacaba
era minha grande chance
engoli a seco,
entrei na moita grande.
Não posso descrever,
mas descobri. Depois disso,
ninguém mais me viu...
Apenas meus adereços
jogados no rio.
Moça atemporal
Ela brisa na jusante das marés em meu leito,
derrama seu aroma sobre os lençóis de areia
que cobrem meu corpo nu.
Paira na superfície das horas e rouba-me
todos s cronômetros...
Passa vestida de aurora no Equinócio da Primavera,
e me deixa frutos na janela.
Usa sementes de açaí e penas no cabelo;
é fruta mordida, colhida no pé, saborosa menina.
Em meio aos cavalos... do interior
escrevo minhas nostalgias
musicadas em seus cabelos
para que esse amor não termine ligeiro.
Lua Lírica
Lua soprano
dos mais agudos
sentimentos.
Canta-me, diva!
Faz tua ópera doce
operar-me a vida.
Vem! Cheia, nova, crescente,
minguante, branca, bela, constante...
E quebra meu piano-sedutor.
És Lira e Era.
Musa e mística.
Amada amante.
Canta nua, distante,
namora poetas e bandidos.
Artista boêmia.
Sem máculas.
Sem mágoas.
Estonteante.
Vocaliza, recita-me.
Orquestras-me o amor
com destreza, soberba!
ANTOLOGIA POÉTICA. Sarau Brasil 2016. Concurso Nacional de Novos Poetas. Organização e apresentação Isaac Almeida Ramos. Cabedelo, Paraíba: VIVARA Editora Nacional, 2016. (Série Novos
Poetas no. 19. 446 p. ISBN 978-85-920158-2-1
Ex. bibl. Antonio Miranda
[ No livro aparece apenas com ANNIE CARVALHO ]
Menção Honrosa aos Participantes expoentes:
11ª. Colocação no Prêmio SARAU BRASIL
Novos Poetas 2016
Em cima da borboleta, uma planta!
É verdade.
Mas, não importa se acredita.
A planta pousa na borboleta.
Matrizes de poemas aromatizantes.
Surge na linha imaginária que separa a
Seiva do dia — como flecha que passa.
Mas eu garanto tudo acaba quando,
A parca natureza — humana
Em vez da flor colhe o espanto.
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Página ampliada e republicada em janeiro de 2022.
Página publicada em agosto de 2017
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