SILVESTRE PÉRICLES DE GÓIS MONTEIRO
(1896-1972)
(São Luís do Quitunde, 30 de março de 1896 — Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1972 foi um militar e político brasileiro cuja família exerceu o mandarinato em Alagoas durante o Estado Novo. Formou-se em Direito na Faculdade do Recife. Foi auditor de Guerra, deputado federal, governador e senador por Alagoas. Pertenceu à Academia Alagoana de Letras e publicou “No tempo da rima” (prefaciado por Menotti Del Picchia) , Ed. A. Coelho Branco, em 1947, no Rio de Janeiro.
A QUE DEIXA POSTERIDADE
Quando contemplo as rugas do teu rosto,
fico-me triste e evoco os tempos idos:
a casa do "Guindaste" num sol-posto
e meu pai que se foi entre gemidos.
Nove filhos, porém, no teu desgosto,
foram fanais os sonhos redimidos.
Nos combates da vida tens composto
o poema dos amores mais queridos.
Se — filha, irmã e esposa — foste reta,
guiou-te sempre esse materno enleio,
que floriu na tua alma predileta.
Mãe! As ruínas dos anos, posso vê-las:
sou, agora, pequeno, no teu seio,
e as tuas rugas brilham como estrelas.
NATAL
Em São Luiz do Quitunde. A noite desce,
pontilhada de estrelas e doçuras.
O "Alto do Redentor" até parece
que se prolonga, além, para as alturas.
Confundem-se na ré, o céu e a prece.
ó noite de Natal tu transfiguras
o coração do povo, que embelece
dentro em bondades rútilas e puras.
Vamos subindo. Ao longe, eis o Cruzeiro.
Barraquinhas de palha no cenário ...
Que alegria se estende ao mundo inteiro!
Sopra, na madrugada, a aragem fina.
Como que se ouve, agora, o campanário ...
E Jesus abençoa na neblina ...
Página publicada em novembro de 2015
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