PONTES DE MIRANDA
Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda (Maceió, 23 de abril de 1892 — Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 1979). Autor de livros nos campos da Matemática e das Ciências Sociais como Sociologia, Psicologia, Política, Poesia, Filosofia e sobretudo Direito, tem obras publicadas em português, alemão, francês, espanhol e italiano.
Aos dezenove anos formou-se bacharel em Direito e Ciências Sociais (1911) pela Faculdade de Direito do Recife (hoje integrante da Universidade Federal de Pernambuco), mesmo ano em que escreveu seu Ensaio de Psicologia Jurídica, o qual foi alvo de elogios de Ruy Barbosa.
Foi professor honoris causa da Universidade de São Paulo, Universidade do Brasil, Universidade do Recife, Universidade Federal de Alagoas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Universidade Federal de Santa Maria (RS). Foi desembargador do antigo Tribunal de Apelação do Distrito Federal e embaixador do Brasil na Colômbia.
Em sua produção bibliográfica, 144 volumes dos quais 128 estudos jurídicos, destaca-se seu Tratado de Direito Privado, obra com 60 volumes e mais de 30 mil páginas, concluído em 1970. Suas primeiras obras - À margem do direito (1912) e A moral do futuro (1913) - foram à época elogiadas pelos juristas Clóvis Beviláqua, Ruy Barbosa e pelo crítico literário José Veríssimo. Por duas vezes foi premiado na década de 1920 pela Academia Brasileira de Letras, da qual tornou-se imortal em 1979. Seus prêmios: Prêmio da Academia Brasileira de Letras (1921) por A Sabedoria dos Instintos e Láurea de Erudição (1925) por Introdução à Sociologia Geral.
É considerado o parecerista mais citado na jurisprudência brasileira. Sua biblioteca pessoal (16.000 volumes e fichário) hoje integra o acervo do Supremo Tribunal Federal. Paulatinamente, desde a década de 1990, suas obras estão sendo atualizadas e retornando ao mercado editorial brasileiro, através de várias editoras. Autor de influência alemã, introduziu novos métodos e concepções no Direito brasileiro, nos ramos da Teoria Geral do Direito, Filosofia do Direito, Direito Constitucional, Direito Internacional Privado, Direito Civil, Direito Comercial e Direito Processual Civil.
Foi eleito em 8 de março de 1979 para a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo o também jurista Hermes Lima. Fonte: wikipedia
POESIE EN FRANÇAIS
MIRANDA. Pontes de. Penetração. Rio de Janeiro: 1930. Inclui o tríptico: 1. (ou o Eu deante do Mundo). 2. Peregrinação (ou o Caminho do Mundo). 3. Penetração (ou o Debruçar-se sobre Si-Mesmo). “Tiraram-se, em 1ª. Edição, 100 exemplares em papel de Rives, numerados I a XXV, 1 a 25, A a Z, rubricadas pelo autor. Impresso nas Officinas da Imprensa Nacional. 26 p. 23x28 cm. O exemplar inclui 4 xilogravuras do autor, sem assinatura. Col. A.M.
(fragmento)
EU me fiz espelho. E sonhei. Vi em mim tudo,
tudo reflecti.
A mais subtil encrespação das coisas
subitamente vinha, reflectia-se, ficava
na superfície lisa, dócil, do meu espelho,
do meu espelho original.
Havia no crystal consciência, havia no espelhar a força
de sentir que espelhava, que reflectia,
e cedo acabei por ver na copia, no milagre
de trasladar a mim o que lá fora andava,
quanto é pobre e irreal a exacta riqueza
do que eu via.
O exacto havia de ser bem differente
do que exactamente, fiel, se reflectia.
Vi que ao visto escapara o real que eu não vira,
que ver certo era errar,
que a consciência de ver, que eu ambicionava,
era o esforço do Homem para ver
differente, inhumano, invisivo.
(...)
REVISTA DA ACADEMIA BRASILIENSE DE LETRAS. Direção: Antonio Carlos Osorio. Brasília. No. 10 – Março 1991. Ex. bibl. Antonio Miranda
POESIE EN FRANÇAIS
EXTENSION
Sur la blancheur opaline du papier, à ma table,
les traits noirs de la pensée
tombent.
Je flaire le parfum envolé de la fleur d'oasis qui dans
le désert a pointé.
En moi, mortel,
la voix silencieuse dit
que la fleur ne mourra pas.
JOB
Je n'ai rien perdu et je n'ai pu oublier
le peu de vie
que mes yeux
ont vécu
et mes oreilles entendu,
le peu de vie
que le fruit et le vin,
les lèvres
été les parfums
ont versé
dans mes nerfs
et dans mon âme.
J'ai tout gardé.
Dans la plénitude et dans l'abondance
de moi-même,
ie suis riche.
Et j'ai pitié,
une pitié infinie et charitable,
de Job millionnaire
et de ceux qui n'ont pas
et n'ont pas eu
la grâce
des grandes choses
superflues.
SORCELLERIE
Je t'invite
à mon repaire de sorciers,
ou bouillone
l'or, l'or liquéfié, l'or écumant des passions,
et les flammes
des idées
tournoient,
montent en l'air, brandillantes, en léchant le sang des parois.
Sorcellerie ! Sorcellerie !
Ici, dans l'obscurité illuminée,
je manipule,
avec mes passes
originales,
avec mon dynamisme intérieur,
les cristaux rutiles
d'une Pensée placide,
d'une Forme
tranquille.
BALLET GREC
Ici,
autour de moi, Elle dansa.
Les pieds nus,
la chevelure dénouée,
Elle dansa.
Tout autour,
je vis
que tout regardait
l'élégance, la souplesse, le planement, la montée,
le corps, harmonieux, qui pirouettait,
les courbes fines,
brèves, mais perceptibles,
les traits légers,
rapides comme
des serpentines
invisibles.
O Toi qui passes,
distrait,
quoi que tu fasses,
jamais tu me pourras la voir.
Mais ne t'approche pas de la dentellerie
magique, qui ne cessa d'exister
et s'acheva sans prendre fin.
Laisse danser,
danser
danser,
autor de moi,
la Souvenance
de la Danse.
Página publicada em maio de 2013; ampliada em junho de 2019.
|