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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

NILO RAMOS DE ARAÚJO PEREIRA

1894-1935

 

Há vidas que surgem como que medrosamente e desaparecem também sem ninguém pressenti-las.

Nilo Ramos, o modesto e mavioso poeta pilarense, é quase um desconhecido, a bem dizer, nos próprios arraiais da poesia alagoana. De natureza retraída, sem vocação para áulico da própria glória literária, viveu a sua curta e anónima existência subdividindo-se entre um meio sub-provinciano e o reino harmonioso de suas rimas.

Iniciando seus estudos na terra natal, fôra logo trabalhar na «Fábrica de Rendas e Bordados» de propriedade de seu pai, na mesma cidade. Inteligência viva e atilada, apesar de não ter curso de humanidades, chegara a promotor, secretário do Posto de Saúde e, por fim, coletor federal. No fundo, porém, do homem prático, vivia um romântico a debater-se, à procura de libertar-se da vida prosaica que o destino lhe imprimira. Não tinha escola literária; sua poesia era lírica, simbolista, parnasiana ou condoreira, conforme os ventos de sua inspiração. Reunindo cuidadosamente suas melhores produções dispersas pelas folhas da imprensa alagoana, enfechou-as em dois volumes: «Endecassílabos» (1922) e «No Miradouro das Ilusões» (1923. Esses dois livros, porém, não foram publicados para efeito de ostentação e pedantismo literário, mas por espírito de ordem, que sempre acompanhava o poeta em tudo. Caprichoso, cheio de desvelo pela língua, Nilo Ramos representa uma das mais legítimas glórias intelectuais do seu torrão natal.

Casara-se em 1916, aos 22 anos de idade, com dona Olímpia Nobre, de cuja consórcio tivera dois filhos — Darcílio e Beatriz — esta falecida nos primeiros dias de vida.

O poeta nasceu no Pilar, aos 28 de outubro de 1894, falecendo de afecção pulmonar na mesma cidade, em 26 de dezembro de 1935. Era filho do conhecido médico alagoano dr. Manoel Ramos de Araújo Pereira e de dona Ana de Araújo Pereira, e irmão do grande antropólogo e psiquiatra Artur Ramos,  falecido prematuramente em Paris.

 

Extraído de

AVELAR, Romeu de.  Coletânea de poetas alagoanos.  Rio de Janeiro: Edições Minerva,       1959.  286 p.  ilus.  15,5x23 cm.  Ex. Bibl. Antonio Miranda

 

O CHÔRO DA VELA

Quando alguém morre, é logo acesa a vela...
E postada ali junto, a tudo alheia,
Comprida e erguida, feita sentinela
Aos pés do morto, triste bruxuleia.

Enquanto todos choram, também ela
Seu copioso pranto não sofreia;
E em lágrimas de cera se revela
Cheia de dor e de amargura cheia.

Ninguém mais chora, em breve. Ouve-se, lento.
Um murmúrio de rezas, um lamento
Que se evola de cada coração.

Só o choro da vela é que não finda:
Mesmo apagada já, ficam ainda
Gotas secas de pranto pelo chão.

 

EXALTAÇÃO

Pelos almos jardins de encantadas esferas
Ando agora a vagar. Enche-me o coração,
Miragens, Ilusões, Esperanças, Quimeras...
Sinto cheia de Sol, cheia de Primaveras,
A vida palpitar numa estranha efusão!

Abrem-se as portas douro e de luz dos meus sonhos
E fogem para longe a desventura e a dor...
De ânsias e sensações, revestem-se, risonhos,
Agitados, brutais, nervosos e medonhos,
À suprema eclosão do nosso imenso amor!


Estou cheio de ti, oh! meiga pecadora
Tão pura para mim, como é o azul do céu!
Por toda parte vejo, oh! visão tentadora,
A tua imagem santa e divinizadora
Em frente aos olhos meus como um radioso véu!

Tenho-te dentro em mim, altiva e exuberante
Qual uma sedutora e adorável Frinéa!
Teu corpo de pagã, ardente e fascinante.
Tem gestos de uma deusa helénica e excitante,
Oh ! mística Vestal! Oh! loura Semidéa!

E o perfume que exala o teu corpo de Vênus,
Anda-me a perseguir, inefável, sutil,
Trazendo-me à lembrança os teus doces acenos,
Tua plástica ideal e os contornos amenos
Que formam o teu todo, elegante, grácil!

Na louca exaltação que me enerva os sentidos,
Pesadelos eu tenho, ardorosos, sensuais:
Em volta ao meu pescoço, enlaçam-se despidos
Os teus braços febris, torneados e compridos,
— Serpentes do desejo, excitantes, brutais!

Tonteiam-me a cabeça os teus olhos profundos,
—Faróis a derramar irradiações de luz! —
Dois infinitos, dois extraordinários mundos,
Astros do meu amor, infiltrantes, fecundos,
Donde pousam a vida e as sensações a flux!

Contemplo alucinado os teus lábios em chama
Onde canta o meu beijo! Oh! vertigens do mal!
—Papoulas do prazer, que o meu desejo inflama —
Numa fúria viril, sem termos, de quem ama
Com uma paixão voraz, louca, descomunal!

Ostentam-se através do corpinho de rendas
Os teus seios de mel, da cor alva do luar...
—Pomos da sedução em meigas oferendas —
Que trazem convulsivo, em ardências tremendas,
Em fogo, deslumbrado, o meu lânguido olhar!

Olímpica deidade, oh! divina Afrodite!
Quero a seiva beber da tua vida em flor,
Para que o coração sempre por ti palpite
E a minh'alma, de luz, toda se regurgite,
No tantalismo cruel desse meu louco amor!

 

Página publicada em março de 2016


 

 

 
 
 
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