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LUIZ ALBERTO MACHADO
é poeta e escritor brasileiro, autor de diversos livros de poesia, infantil, contos e crônicas, editor do Guia de Poesia do Projeto SobreSites.
Os poemas reunidos integram o livro "Primeira Reunião - Antologia Poética: 1982/1992", editado pelas Edições Bagaço, Recife - PE, 1992.
Foram traduzidos e publicados em castelhano nas revistas Archivos del Sur e Ciberperiodico La Trastienda, da Argentina; Revista Expresiones do Proyecto Expresiones, Venezuela; Portal de Poesia e revista Prometeo, da Espanha.
ARRULLO
Yo canto un arrullo
mientras el niño, al sueño impelido,
no sucumbe de repente.
La noche está llena de sorpresas
en sus expectativas siniestras.
En su momento oculta,
alcanzo la luna.
Y la noche es íntima
en mi soledad.
(traduzido por José Rafael Hernandez F, publicado na Revista Expresiones, do Proyecto Expresiones, Venezuela e Prometeo, revista de creación poética, Espanha)
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ACALANTO
Eu canto acalanto
Enquanto a criança de sono impelido
Não cresce de repente
A noite é cheia de surpresas
Nas suas expectativas sinistras
No seu momento cilada
Alcanço a lua
E a noite é íntima
Na minha solidão |
CANTO VERDE
Satisface recordar, compañeros, la vida,
Para los ojos de todas las mañanas
No permitiendo al hedor de las frases
Para vender el día a la oscuridad;
Satisface recordar, compañeros, la tierra,
Donde pisan los pies de todo los colores, razas y creencias;
El río de todas las canoas, de todos los peces,
De todas las cascadas que silban a las personas
Otro sentido de vida;
El sol, la manifestación real de la propia existencia.
Satisface recordar, compañeros,
El soplo de todos los vientos,
Los bosques de todas las flores,
El patio trasero de todo las infancias,
De todos los prados, todos los campos,
Todas las selvas donde habitan el animal salvaje y domado;
Las aguas de todos los mares,
Todos los pantanos, lagos y estanques;
Satisface recordar, sobretodo,
El derecho de vivir y permitir vivir.
(Tradução de José Rafel Hernandez F., publicado na Revista Expresiones, Proyecto Expresiones, Venezuela; Archivos del Sur, da Argentina e no Portal de Poesia, Espanha).
CANTO VERDE
Convém lembrar, companheiro, a vida
Para os olhos de todas as manhãs
Não permitindo ao fedor das sentenças
Vender o dia às trevas;
Convém lembrar, companheiro, a terra
Onde pisam os pés de todas as cores, raças e crenças;
O rio de todas as canoas, de todos os peixes,
De todas as cachoeiras que assobiam prá gente
Um outro sentido de vida;
O sol, manifestação real da própria existência.
Convém lembrar, companheiro,
Do sopro de todos os ventos,
Das matas de todas as flores,
Do quintal de todas as infâncias,
De todas as várzeas, todos os campos,
Todas as selvas dos bichos de todas as feras e mansas;
Das águas de todos os mares,
Todos os brejos, lagos e lagoas;
Convém lembrar, acima de tudo,
O direito de viver e deixar viver. |
ENTREGA
Deme su mano en esta calle.
Nuestros sueños son tantos
que yo ya no sé seguir
por veleidades
por esta eternidad de sentir solamente.
Oh! Tenga piedad
soy curumín de la flor de añil.
Emociones mil a mil
darán vigor a nuestra tarea,
resurrección de la vida
cuando esté listo el polvo.
Por favor
no finja la sonrisa de la mañana,
soy el cariño de la arena
en la entrega del mar.
Y hasta invadió mis venas
el fuego de amar.
No vaya a hacer del deseo
agonía malsana,
porque nuestras manos anuncian
que el amor está llegando.
Deme su mano,
las mías son suyas
y haga de las dos
la fuente que nunca secó,
haga de ellas la alegría
de la victoria y del vencedor.
Haga de este modo
en el calor de sus días,
y de noche
en el hechizo del amor.
(Tradução de Aracelli Otamendi, publicado na revsita Archivos del Sur, Argentina).
ENTREGA
dê-me sua mão nessa rua
nossos sonhos são tantos
que já nem sei seguir
por veleidades
por esta eternidade
de sentir só
oh! tenha dó
sou curumim da flor de anil
mil emoções a mil
darão vigor a nossa lida
ressurreição da vida
quando valer o pó
por favor
não vá fingir
sorriso de manhã
sou o carinho da areia
na entrega do mar
e até invadiu minhas veias
o fogo de amar
não vá fazer do desejo
agonia malsã
porque nossas mãos anunciam
o amor já está prá chegar
dê-me sua mão
as minhas são suas
e faça delas duas
a fonte que jamais secou
faça delas a alegria
da vitória e do vencedor
faça assim
no calor dos seus dias
e de noite
no feitiço do amor
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LA LÁGRIMA DE NERUDA
Compatriotas, ahí os va mi mensaje:
estamos cerca del fin de siglo.
A las puertas de una nueva era
ruego, por lo tanto, la paz.
No abjuro de nada,
soy procedente del indio botocudo
de negros esclavizados y de
blancos desplazados de Portugal
En el pecho, un canto para Neftalí Reyes
contra los que se devoran por el día y por la noche,
y nuestra diferencia
es el tiro que diezmó a Balmaceda
fomentando nuestras hostilidades.
Nuestro sudor todavía es vendido a precio vil,
a precio de cadáveres indígenas, negros y marginados.
Las mujeres, nuestras hermanas, son las mismas
en las favelas de Río
en las callampas de Chile
en las jacabes de Méjico
en los barrios de Caracas
en las barriadas de Lima
en las villas miseria de Buenos Aires,
en los cantegriles de Montevideo.
Y una bola de lotería aún determina al rival
en los campos de Santiago de Chile.
Compatriotas, ahí va mi mensaje:
La esperanza aún es nuestro amuleto.
En la estética de Huidobro: la necesidad de un armisticio
y de un sueño mayor que el de Bolívar.
(Traduzido por José Rafael Hernandes F., publicado na Revista Expresiones, Proyecto Expresiones, Venezuela).
A LÁGRIMA DE NERUDA
Meus conterrâneos, eis minha missiva:
Estamos próximos do final do século
Às portas de uma nova era
Rogo, portanto, a paz
Não difiro de nada
Sou eu procedente do índio botocudo
De negros escravizados e de
Brancos degredados de Portugal
No peito um canto para Neftáli Reyes
Contra os que se devoram no dia e na noite
E a nossa dessemelhança
É o tiro que dizimou Balmaceda
Fomentando nossas hostilidades
Nosso suor ainda é vendido a preço vil
A preço de cadáveres indígenas, negros e marginalizados
As mulheres, nossas irmãs, são as mesmas
Nas favelas do Rio
Nas callampas do Chile
Nas jacabes do México
Nos barrios de Caracas
Nas barriadas de Lima
Nas vilas miséria de Buenos Aires
Nas catagrilles de Montevidéu
E uma bola de cartola ainda determina o rival
Nos gramados de Santiago do Chile
Meus conterrâneos, eis minhas palavras:
A esperança ainda é o nosso amuleto
Na estética de Huidobro: a precisão de um armistício
E de um sonho maior que o de Bolívar |
LUNES
No estoy muerto
y respiré aliviado,
veo el sol
y no sé nada,
ni me eternizo
ni tengo a nadie
para estar conmigo
a esta hora,
y las personas patéticas y locas
saldrán para no se qué ni dónde:
Fabrican sueños en las calles.
Los barullos indómitos
rehacen la ciudad.
Con las piernas al aire
sonrío y lloro
lavando el destino.
Ninguna resurrección en el tiempo
El sisifismo loco de los días
y la cuenta atrás de las horas
cohabita conmigo.
Las imágenes de ayer
y la migración de los punteros
en el pasamanos tortuoso de la mañana.
Además
me deprimo con todo eso:
Todo en el espejo,
no estoy muerto,
y respiré aliviado
con el amanecer.
(Tradução de Aracelli Otamendi, publicado no Archivos del Sur e Ciberperiódico La Trastienda, ambos da Argentina).
SEGUNDA-FEIRA
Não estou morto
E respirei aliviado
Veio o sol
E não sei nada
Nem me eternizo
Não tenho ninguém
Para ficar comigo
A esta hora
E as pessoas patéticas e tolas
Saíram para não sei quê nem onde:
Fabricam sonhos nas ruas
Os barulhos indômitos
Refazem a cidade
De pernas pro ar
Sorrio e choro
Lavando o destino
Nenhuma ressurreição no tempo:
O sisifismo louco dos dias
E a contagem regressiva das horas
Coabita comigo
As imagens de ontem
E a migração dos ponteiros
No corrimão tortuoso da manhã
Ademais
Me deprimo com tudo isso:
tudo no espelho
Não estou morto
E respirei aliviado
Com o amanhecer
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PRELUDIO
Fue por vivir intensamente
que amé esta carne
y la fisonomía secreta de los seres.
Fue por amar la vida
que besé la matriz
y alcancé el sueño del sol
para proteger al hombre y la naturaleza.
Fue por tener sometido el corazón al amor
que me sumergí en los pozos,
en el calor vivo de las emociones
sin haberme privado de alegrías
ni siquiera contado mentiras
Y fue justamente por haber amado
que calmé el dolor y la soledad
y renací a una niñez eterna.
(tradução de Aracelli Otamendi e publicado no Archivos del Sur, Argentina; no Portal de Poesia e Prometeo, revista de creación poética, Espanha).
PRELUDIO
Foi por viver intensamente
Que amei esta carne
E a fisionomia secreta dos seres
Foi por amar a vida
Que beijei o ventre
E colhi o sonho do sol
Para proteger o homem e a natureza
Foi por ter submetido o coração ao amor
Que submergi nos olhos
No calor vivo das emoções
Sem haver negado qualquer alegria
Nem mesmo projetado qualquer mentira
E foi justamente por ter amado
Que acalentei a dor e a solidão
E renasci eternamente menino.
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MACHADO, Luiz Alberto. Tataritaritatá. Maceió, AL: Edições Nascente, 2008. 6 p. 11x11,5 cm.
TATARITARITATÁ
Quando abri a porteira deste mundo
que eu nasci da vontade dos meus pais
eu trelei de menino até rapaz
um bruguelo reinava vagabundo.
Pelejei nos pinotes mais profundos
pulei cerca e cruzeta até demais
muita bronha na inheta e coisa e tais
se espremendo na volta da compressa
vamos logo aprumar essa conversa
apois é tataritaritatá.
Eu nasci no torrão pernambucano
pelo oitão onde é só canavial
no leirão onde o mato é tudo igual
onde reina o ganido mais humano
onde a cana é começo e fim de ano
e o fulano todo liso de empenar
vive troncho na vida a se envergar
só no mato pra salvação expressa
vamos logo aprumar essa conversa
apois é tataritaritatá.
Já vi coisa de tudo nessa vida
vi das moitas espichando pras roletas
coisa errada se passando como certa
e pela brecha s'escapole descabida
e a gente se lascando de fadiga
na desvalida sem ter onde agarrar
tudo é zorra e pipoca de lascar
de ficar só no mais: - Que coisa é essa?
Vamos logo aprumar essa conversa
apois é, tataritaritatá.
Pra valer tenho visto muito agouro
de sobrar só mei´palmo lingua afora
cada aperto de se ver como se tora
sal pisando na moleira e todo couro
de afinar feito caldo de piloro
desgraçado como quem perdeu andor
ou caiu da boléia do trator
quando a coisa na peitica encabeça
vamo logo aprumar essa conversa
apois é tataritaritatá.
Eu que vi tanta coisa da medonha
esconjuro que só no pau da venta
de pintar mais que oito para oitenta
e a morrer mais passado de vergonha
qua´ dei fé, nem lençol ou mesmo fronha
nem muxiba no moquém pra se danar
sem saber qual a sorte do azar
com a valia arriada na travessa
vamo logo aprumar essa conversa
apois é tataritaritatá.
E para empiorar o estrupício
o Brasil é somente desmantelo
que arrepia da gente o cabelo
pra topar na beira do precipício
brasileiro vive mesmo sacrifício
e os sabidos botam só pra arrombar
na nação fazem só tripudiar
roubam tudo de deixar a pátria lesa
vamo logo aprumar essa conversa
apois é tataritaritatá.
Empenado o Brasil de norte a sul
a corrupção come solta o revestrés
da gente não valer sequer um réis
e o crime azedando todo angu
faz da gente... carniça pra urubu
Ingrezia na afanagem mais nefasta
lasca o pobre pagando na vergasta
entre a vida e a morte e vice-e-versa
vamo logo aprumar essa conversa
apois é tataritaritatá.
A podridão está feia no Estado
de apertar vira tudo réu confesso
Tem bandido do muito no congresso
e no governo só tem vilão safado
e esses dois ainda vão acoloiado
na proteção do órgão judicial
solta graudão para só prender curau
e o pecado na vida mais pregressa
vamo logo aprumar essa conversa
apois é tataritaritatá.
O eleito que é representante
cada vez descarado mais se infinca
faz de tudo pra sair só bem na fita
e a gente em estado interessante
eu que sou moleque bem falante
mando todos lavagem arrumar
pois comigo eles vão só se lascar
até que a vergonha um dia se confessa
vamo logo aprumar essa conversa
apois é tataritaritató.
Finalizando esse canto malcriado
é preciso escapar dos malassombros
não deixar o Brasil virar escombros
e a gente em destino malsinado
é preciso botar eixo aprumado
onde possa valer pra mãe gentil
ter justiça, equidade e coisas mil
pra viver tudo igual e vamos nessa
vamo logo aprumar essa conversa
apois é tataritaritató.
Página ampliada e republicada em outubro de 2017
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