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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA ALAGOANA
Contribuição de CRISTINA PATRIOTA
  

 

Foto: http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas

FERNANDO FIUZA


Fernando Otávio Fiúza Moreira, ou simplesmente Fernando Fiúza, nasceu em Maceió - AL, em 21 de setembro de 1961. Atualmente, é professor da Universidade Federal de Alagoas, poeta e, em 2013, lançou-se como dramaturgo.

Na década de 80, Fernando Fiúza forma-se em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco, entretanto, nunca exerceu a profissão. Foi para o Rio de Janeiro e lá viveu até meados da década de 90 (período que pode ter sido o de maior produção poética do autor). Em 1992, lança seu primeiro livro de poemas: O Vazio e a Rocha. Em 1995, resolve ir para França estudar, voltando em 2000 com os títulos de mestre e doutor em  Langue et Littérature Françaises, pela Université Stendhal Grenoble-III. Ao terminar o doutorado, volta para Maceió. Em 2001 ingressa na Universidade Federal de Alagoas, como professor da graduação e pós-graduação do curso de Letras.

Referente à sua produção poética, Fernando Fiúza lança seu segundo livro em 2004: Tira-prosa; em 2008 é a vez de Alagoado; já em 2012 é lançado Outdó. Em 2013, o poeta resolve enveredar pelo ramo da dramaturgia, e vê no palco Balanço Final – um monólogo, com direção de Homero Cavalcante e interpretação de José Márcio Passos.

A obra:

Uma das coisas que mais se sobressaem na obra de Fernando Fiúza são as imagens criadas. Em geral, são imagens concretas, palpáveis, possíveis de materialização. Influências de grandes nomes da literatura nacional e internacional também são perceptíveis, vez por outra os textos de Fiúza chegam a dialogar com essas referências, é o caso do poema “A Estrela Solitária”, que faz menção ao “O Anjo das Pernas Tortas”, de Vinícius de Moraes. Manuel Bandeira, Mário Quintana, João Cabral de Melo Neto, Gustave Flaubert, Jules Laforgue, Proust e Ponge são nomes que também deixam marcas diretas e indiretas em seus textos.

 

O Vazio e a Rocha: talvez por ser o primeiro livro lançado, traz uma grande diversidade de temas – encontram-se poemas que falam desde lembranças da infância até o questionamento da construção poética – com formas que vão do soneto ao verso assimétrico.

Tira-prosa: a partir deste segundo livro, a obra de Fernando Fiúza tem sido montada segundo o tema ou a forma, para este o destaque foi a forma. Um livro só de poemas em prosa, talvez pela influência francesa, entretanto com temas diversos.

Alagoado: neste livro o destaque é dado ao tema: poemas só sobre Alagoas. As impressões e sensações do poeta a respeito da terra em que nasceu leva o leitor a uma visão panorâmica tanto geográfica quanto sentimental do lugar. O adjetivo criado para o título, “alagoado”, busca definir aqueles que nasceram ou se tornaram alagoanos, mas sem o ranço da alagoanidade.

Outdó: mais um neologismo criado por Fernando Fiúza, traz construções poéticas breves, sucintas, mas que marcam – e por vezes chocam – o leitor pela forma de abordagem de seu conteúdo. Como dizer tanto em tão poucas palavras? Em um Outdoor? Não, em Outdó!

Balanço Final: aqui, muda-se a perspectiva do leitor para o espectador. Ao voltar para casa após o velório da mãe, um professor universitário lança-se em uma conversa franca com o fantasma da falecida com quem discute temas cotidianos, empregando um pseudo-diálogo direto e sem pudores.

Música: além de poemas e textos teatrais, Fernando Fiúza também faz parte do campo da música. Em parceria com: Júnior Almeida, Cris Braun, Belô Veloso e Leoni, o autor tem cinco canções gravadas, são elas: “Pequenas Misérias”, “Viga”, “Oscilante”, “Anjo Alucinado” e “Catarina”.

          Além de textos artísticos, Fernando Fiúza escreve crítica literária para jornais cotidianos e revistas acadêmicas. Sua obra também já foi tema de trabalhos acadêmicos. BIOGRAFIA – Fernando Fiúza (por Cristina Patriota)

 

ABRIL

Abril melava o chão da tarde de cajá

e um gato ronronava dentro do meu peito;

as estradas de lama – quase tudo brejo

onde as almas diziam às rãs coisas do mar.

 

Não se plantava nada, o mato crescia quieto

e era dono de tudo, dono até das telhas;

a chuva disputava os ares com o silêncio

e um barco de papel coloria a correnteza.

 

O cavalo mancava – cegos pêlo e crina

que a derradeira luz não mais os penteava -,

a roseta com sangue entre os dentes não gira;

era a vez da leitura e palavras cruzadas.

 

Abril jamais me foi cruel e sim molhado

- quem sabe são meus olhos, restos do naufrágio.

 

(De: O Vazio e a Rocha)

 

 

BRILHANTE BARATO

 

É quando uma mulher bonita passa

passa de graça na calçada em frente

muitas vezes pintada outras sem nada

muitas vezes potranca outras serpente.

 

É quando uma princesa vira amiga

e não lhe cobra títulos nem taras

uma mulata posa rainha

e uma operária lhe faz coisas raras.

 

É quando meu amor chega de surpresa

um colo de mãe quando a dor lhe parte

uma carta ridícula de amor,

 

Toda inutilidade que faz da arte

o luxo que sonhava a natureza

o riso de Deus em noite de horror.

 

(De: O Vazio e a Rocha)

 

O VAZIO E A ROCHA

 

O vazio esconde a rocha das tormentas:

esquenta e molha, esfrega, esfrega e come:

tem fome e sede tem ânsia e arrebenta

com cinquenta mil rochas num ciclone.

 

A rocha faz a guerra, fez a bomba

e à sombra do vazio, frágil, se esconde

feito um monge que reza, reza e tomba

na lona aos pés do demo que de longe

 

Acena as asas negras do vazio.

E um rio, também vazio, também de rocha,

desabrocha dos olhos com fastio,

 

De um deus vazio, também feito de rocha

que não gosta, mas fez mulher vazio

e, doentio, do pobre homem rocha.

 

(De: O Vazio e a Rocha)

 

 

Com o Verso Atravessado

 

          Um verso em atravessa, não como uma bola, mas uma mulher a rua, um voo de pato e o longo do rio, um navio a janela da sala.

Não há instrumento preciso para (a)prendê-lo – a memória é uma gaiola sem talas -: à ponta da mão falta a superfície dura onde se atire a caça. No mais, há gente, que inibe ou embaralha, e o cansaço, que faz pouco do que passa.

Como as pernas da mulher, o voo do pato e o casco do navio, o verso fará Nada-Esquecimento, só ida.

Aquela ideia ritmada então não volta mais, vira prosa.

 

                    (De:  Tira-prosa)

 

 

A Moral da Indiferença

 

          Não avise a ninguém que o precipício PE logo em frente, console-se em rezar pela alma do caído – é melhor. O avisado terá raiva de você, que para ele não passa – ele, sim – de um moralista de beira de estrada ou, pior, de um comodista que se não quer dar ao trabalho de comunicar a queda à família e autoridades, que poderão incriminá-lo por negligência. A ira do futuro caído faz de todo bom sentimento, suspeito. A queda é uma vocação incontornável.

 

                    (De:  Tira-prosa)

 

 

O Silêncio dos Brinquedos

 

O silêncio dos brinquedos abandonados

na água e na beira da piscina:

balde, metralhadora, espada,

um pato, barquinho e salva-vidas:

tudo plástico, tudo química fina.

 

          (De: Alagoado)

 

Janeira

 

Resta sempre a esperança

que janeiro veraneie

que  janeiro na lembrança

é cheio de azul e verde

não este véu pardacento

de noiva passada e areia.

 

                    (De: Alagoado)

 

O Torpedo Emparedante

 

Não há resposta a um torpedo

em que vai escrito “saudade”.

E o silêncio pode ser

“também” ou “não”, quem sabe?

 

                    (De: Outdó)

 

O Formalista

 

Estou cheio de conteúdo!

Quero o vazio

entre musc’los.

 

                    (De:  Outdó)

 

 

CRÍTICA E COMENTÁRIOS

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Fi%C3%BAza

http://tnh1.ne10.uol.com.br/noticia/cultura/2012/10/15/211559/fernando-fiuza-lanca-o-livro-outdo-pela-imprensa-oficial-nesta-quarta

http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas/noticia.php?c=213578

http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas/noticia.php?c=196179

 

 

Página publicada em julho de 2015

 

 

 

 
 
 
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