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CESÁRIO D'AZEVEDO

 

É um poeta de difícil identificação. Escreveu bastante nos jornais do Pilar, onde, parece, residiu por longos anos. Pela época em que versejava, (1880) podemos afirmar que já é falecido.

Também ignoramos se publicou algum livro.

Extraído de: AVELAR, Romeu de.  Coletânea de poetas alagoanos.  Rio de Janeiro: Edições Minerva, 1959.  286 p.  ilus.  15,5x23 cm. 

 

FESTA DE CARIDADE

A poesia é esse transunto
De belo na criação,
Sopro das auras celestes
Nas roseiras de Sião;
Eco das mil harmonias
Que se escutam nas dulias
Dos anjos na imensidade,
Arcanjo de louras tranças,
Também vem rica de esp'ranças
A festa da caridade.

Não derrama às mãos cheias,
Não traz outro cabedal,
Pois as doces falas d’alma
Destilam mel sem igual.
Mas onde se ergue um talento.
Onde surge um pensamento
Que levanta as multidões.
Não falta com seus perfumes,
Ou dos calvários nos cumes,
Ou do prazer nos salões.

Deixai-a passar: mais bela.
Mais risonha e fulgurante,
Vem tomar parte da festa
Como uma loura bacante.
Dos seus lábios chovem pérolas,
cascatas de gemas cérulas
Que Deus suspende no ar,
Para servir de diadema
Àquela fronte suprema,
Que ali se vê fulgurar.

Fronte de artista e soberba
Como poucas hoje o são;
Cúpula imensa elevada
Sôbre um grande coração.
Coração nobre d’artista,
Que dos louros na conquista,
Da glória na ebriedade,
Não cerra ouvidos às dores,
Mas diz: — dos meus esplendores
Faço um treno à caridade.

E o fiz; e o povo, oceano
Que se agita aos vendavais
Das paixões grandes, fecundas,
Dessas almas imortais;
O povo que às vêzes, bravo,
Quebra as algemas de escravo
Sôbre a cabeça dos reis;
Briareu que com seus braços
Faz os troncos em pedaços,
E esmaga as tiranas leis;

Ei-lo aí, e nem podia
Faltar à festa; isto, não!
Para os déspotas, gigante,
Faz-se entre os pobres anão.
É que os seus dias de glória,
São frutos que colhe a história,
São marcos do progredir;
Mas a semente que rola
Da mão que sacode a espada,
Vai aos pés de Deus florir.

E vai; porque se a pobreza
É martírio e expiação;
A esmola é misericórdia,
É sinal de redenção.
A esmola cai do infinito
Sôbre a cabeça do aflito,
Como o orvalho sôbre a flor;
Vem donde o maná descia
Sôbre Israel que sorria
Do deserto a fome e o ardor.

Oh! bem hajas, caridade.
Que assim nos unes a Deus!
Para saudar-te, a poesia
Desce risonha dos céus,
Pois onde se ergue um talento,
Arde, surge um pensamento
Que levanta as multidões;
Ela aí está com seus perfumes,
Ou dos calvários nos cumes.
Ou do prazer nos salões.

 

Página publicada em janeiro de 2016.


 

 

 
 
 
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