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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

Foto: http://tnh1.ne10.uol.com.br/noticia/maceio

ANILDA LEÃO

 

Anilda Leão (Maceió, 15 de julho de 1923 - Maceió, 6 de janeiro de 2012) foi uma poeta, escritora, militante feminista, atriz e cantora brasileira.

Escreveu textos para diversas publicações alagoanas, como as revistas Caetés e Mocidade e os jornais Jornal de Alagoas e Gazeta de Alagoas.

Num evento organizado pela Federação Alagoana pelo Progresso Feminino, em 1950, apresentou-se pela primeira vez como cantora. Passou então a militar pelos direitos das mulheres, tendo participado do Congresso Mundial de Mulheres realizado em 1963 em Moscou, como representante da Federação Alagoana pelo Progresso Feminino.

Em 1953, chocou a sociedade alagoana ao se casar com o jornalista e escritor Carlos Moliterno, que era desquitado. Na época, ainda não existia divórcio no Brasil.

Escrevia poemas desde os 13 anos de idade, mas só em 1961 publicou o seu primeiro livro, Chão de Pedras. Em 1973 escreveu um volume de contos, Riacho seco, com o qual conquistou o Prêmio Graciliano Ramos da Academia Alagoana de Letras.

Como atriz, trabalhou nos seriados Lampião e Maria Bonita e Órfãos da Terra (1970),e nos filmes "By by Brasil", Memórias do cárcere (1984) e Deus é brasileiro (2002), além de "Tana's Take", de Almir Guilhermino e outras produções locais.

Morreu aos 88 anos, de infecção generalizada, depois de mais de um mês de internação num hospital por causa de uma fratura no fêmur.

Obras: Chão de Pedras (1961), poesia; Chuvas de Verão (1974), poesia; Poemas marcados (1978), poesia; Riacho Seco (1980), contos; Círculo Mágico (e outros nem tanto) (1993), poesia; Olhos Convexos (1989), crônicas; Eu em Trânsito (2003), memória.  Fonte: wikipedia.

 

HORAS PERDIDAS

 

Eu vivo nesse momento a tristeza

Das horas perdidas,

Das horas mortas,

Das horas inúteis,

Horas que deixamos passar sem serem vividas.

Há tanta vida lá fora e nós dois tão distantes,

Tão dolorosamente afastados.

Por que matamos sem piedade tudo o que há de belo

Dentro de nós? Por que?

Há uma infinidade de horas entre a hora presente.

E ainda agora trago nas minhas mãos,

Na minha boca, no meu corpo,

A sensação da nossa última carícia.

Eu vivo neste momento a tristeza

Das nossas horas inúteis.

Horas estéreis. Melancolicamente vazias.

 

 

CIGARRO

 

Sinto na minha boca um gosto vazio.

Um gosto de jejum. Um gosto de nada.

Acendo um cigarro. Fumo.

E o gosto masculino que fica em minha boca,

Vem preencher a sua ausência,

E a ausência de seus beijos.

No gosto do meu cigarro

Sinto o gosto da sua boca.

 

 

À PROCURA DA INFÂNCIA

 

Procuro ouvir na voz do vento

o eco perdido da minha infância.

E no riso franco das criancinhas

eu vislumbro o meu riso antigo.

 

Procuro nas ruas desertas e silenciosas,

o canto alegre das cirandas

e as minhas correrias do tempo recuado.

Dentro daquela avenida asfaltada,

 

onde rolam automóveis de luxo,

eu busco a minha ruazinha feia e pobre.

Procuro ver nas bonecas de hoje,

tão lindas, de tranças sedosas,

 

a bonequinha de trapo que eu embalei no meus braços.

Procuro encontrar no rosto das neocomungantes

traços de minha inocência

e a primeira emoção daquela que ficou no tempo.

 

Procuro descobrir, desesperada,

na face ingênua das crianças

a minha pureza perdida.

 

Procuro em vão, pois não encontrarei jamais

vestígios da minha infância feliz,

que os anos guardaram no seu abismo.

 

 

[ CAVALCANTI, Valdemar, org. ]  14 POETAS ALAGOANOS . POEMAS ESCOLHIDOS.  Maceió: Edição do Departamento de Assuntos Culturais da Secretaria de Educação e    Cultura, 1974.   44 p.   14 x 20,5 cm.  
                          Ex. doado pelo livreiro José Jorge Leite de Brito

 

SONETO DOS CABELOS QUE ERAM ALGAS

Eram algas que eu tinha em minhas mãos
e até pensei que fossem teus cabelos
que certa vez tive em noites ermas
perdidas entre as dunas de uma praia.

E umedecidas, leves e macias
eu esmaguei febril entre os meus dedos
e um tal sabor de sal de maresia
fez-me lembrar de novo os teus cabelos.

Os teus cabelos que eu beijei um dia
assim de leve como se temesse
que se fundissem nas ondas do mar

Nessas coisas do mar se transformassem
para que eu ficasse assim em desespero
a confundir com algas teus cabelos.



O CANTO TRISTE DA CASA FECHADA

Na casa o eco nos dias distantes
nos olhos lembranças mortas
revividas no agora.
Meninos rolando no chão
onde as bolas de gude rolaram
mocidade plantada no espelho quebrado
do armário vazio.
Nas paredes caiadas de branco
soluços gemendo nos cantos
e na cadeira com o estudo rasgado
um vulto indeciso
fantasma brincando de gente outa vez.
No quarto um pranto abafado
mágoas querendo falar
dos tempos de outrora.
Na cama encostada — já traste imprestável —
na poeira agora
a poeira de ontem escondendo tragédias.
E no meio do colchão
entre teias de aranha
a mancha vermelha
da virgindade perdida.
E o eco distante da casa fechada
doendo em meu peito
chorando lembranças
gemendo saudades.

*

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Página publicada em janeiro de 2022


 

 

 
 
 
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