WALQUÍRIA RAIZER
graduou-se em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Acre e especializou-se em Jornalismo Político pelo Centro Educacional Uninorte. Devido ao engajamento pessoal com as manifestações culturais, tem o histórico profissional voltado para a política cultural. Amazônida, escritora e poetisa, publica seus textos em diversos sites amazônicos. Defende a poesia como matéria prima de todas as artes. "A poesia antecede a escrita: é sentimento." Escreve no desterro21 (desterro21.blogspot.com) e no Um caso Poético (umcasopoetico.blogspot.com).
Ver também: www.noticiasdahora.com/.../publicacoes.html
Dos ipês
De um amarelo
Impositivo
Flutuante
(cambio, desligo)
As garrafas de fanta
Parecem tão laranja
(ali)
A escada
Tem muitos
(degraus)
Prego
Cada uma
(a seu tempo)
Laranjas e fantas
Eu te avisei!
...disse Mário com cara de Maria...
(como se houvesse menos multa
quando se buzina antes de passar o sinal)
Avisou sim é verdade,
mas queria não ser entendido.
Avisou só por desencargo.
E isso não conta.
Disse que o ipê floria,
que era amarelo e só.
Disse que era desse jeito todos os anos,
e que não pensava em mudar.
Mas o ipê muda Mário,
e sou eu
é que estou te avisando.
Há de nascer laranjas nele...
Se não nascer eu mesma subo
e prego umas garrafas de fanta.
Reticências
Coração estranho
Um coração estranho
E uma alma
Torta
Um coração
Estranho
E uma alma
Torta
Olha pra mim
Vê o que vês
Olha (!)
É só uma
Alma torta
Do que tens medo
Medo de quê
Sou só mais uma alma
Torta
Aceleração
...é como se tudo tivesse
girando
Um giro calmo
(e calculado)
Um giro bom
(pro mundo)
Mas o mundo
(é grande)
E não precisa de mim
( e de ti)
Mas eu, querida
Eu preciso do mundo
E ele está aí
(flertando)
Katauê
O miolo dentro da casca
(pão)
O miolo dentro
( da casca)
A casca virando
Pó
O miolo
O miolo
Miolo
Poderia
Correr
Sem
Léguas
(cem)
Um colar de castanha elétrica
Uma flor amarela
Muru
(estou tão acremente despida hoje que o açai perdeu a cor) |