DELÍRIOS D´ALMA
Não me tinhas amor? Qual a razão portanto;
Qual a causa fatal; qual o motivo agreste,
Que ao domínio da dor tu conduzir fizeste
Meu pobre coração que te adorava tanto?
Não bastava este amor assim sagrado e santo?
Não te lembras talvez, talvez quando o disseste?
Procuravas até no etéreo azul celeste
Um lençol de ilusões para enxugar-te o pranto.
Não te lembras também das juras que trocamos?
Santas juras de amor que ao luar nós juramos,
E depois... e depois... quebraste o juramento!
Não me importa sofrer. Jurei que te amaria.
Hei de amar assim, até chegar o dia
Em que Deus venha dar-me o derradeiro alento!
(In “Correio do Norte” no. 12, - 2ª. quinzena
— out. 1959 – São Paulo – SP)_
CÁRCERE MALDITO
Pudesse hoje eu quebrar as cordas deste liame
Que me há paralisado a minha mão de artista,
Que me há feito olvidar a febre de conquista,
Para a alma submeter a um delicado exame...
Talvez pudesse ter, das almas, no certame
Improfícuo da Dor — nesta batalha fatalista,
Cansada de sofrer, exausta de travame.
Ligada a esta aflição soluça e chora em vão,
Sem poder expandir o muito que ela quer
Desabafar da dor, dentro do coração.
Aperta-lhe o ligame! Está toda ferida...
Quer fugir e não pode.. E um riso de mulher
Irrompe em boca alvar de sânie carcomida!
(De um recorte de jornal de Manaus,
sem identificação),