SAMORA MACHEL
Samora Moisés Machel (Chilembene, Gaza, 29 de Setembro de 1933 — Mbuzini, Montes Libombos, 19 de Outubro de 1986) foi um militar moçambicano, líder revolucionário de inspiração socialista, que liderou a Guerra da Independência de Moçambique e se tornou o seu primeiro presidente após a sua independência, de 1975 a 1986.
Carinhosamente conhecido como "Pai da Nação", morreu quando o avião em que regressava ao Maputo se despenhou em território sul-africano.[1] Em 1975-1976 foi-lhe atribuído o Prémio Lénine da Paz.
(Fragmento, extraído da wikipedia)
ONDE TE ENCONTRAR?
Não te encontrei na casa.
Mas no rosto de toda a gente,
na machamba* e na horta,
Vi-te viva.
Encontrei-te nas crianças
e nos velhos,
nas mulheres,
nos adultos e nos inválidos,
Encontrei-te na vida nova
que cresce
também
pelo teu exemplo e sangue.
Não conheço a tua tribo,
não conheço a tua região
não conheço a escola que frequentaste.
Conheço-te
e encontro-te em toda a gente que vive a transformação.
Tinha razão de te amar,
que amei-te nas qualidades novas,
os valores que criam a esperança de amanhã.
É doloroso assim
perder a mulher
que foi mãe nas crianças,
irmã nos camaradas,
companheira nas armas
e ternura no amor.
É doloroso perdermos o quadro
É doloroso perdermos a mulher
que soube na revolução-emancipar-se.
É doloroso perdermos-te
quando ainda somos tão poucos
e tanto resta a fazer.
É doloroso perdermos
aquela que combinou a inteligência com o matope para fazer crescer a planta nova.
É doloroso perdermos
quem no mundo na pátria
assumiu a nova mulher Moçambicana.
É doloroso perder
a força da tua juventude
a generosidade pela vida
que desprezou o sacrifício
até à morte.
É doloroso
ver cair a árvore jovem.
É doloroso.
Doloroso
como o fogo
que torna o ferro maleável
para que este seja enxada.
Doloroso
como a lâmina da enxada ferindo a terra
para que a semente cresça.
Doloroso porque necessário.
Doloroso
Por isso
seremos mais e melhores
e iremos mais longe
dolorosamente estimulados
pelo teu exemplo.
Como teu marido
enraízo-me na tua recordação
para encontrar a força de continuar
a longa marcha
até a vitoria final.
Assim,
na luta,
na revolução,
te encontro continuamente.
A minha vida pertence à revolução.
* machamba — campo para a lavoura.
Página publicada em janeiro de 2016.
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