NOÉ FILIMÃO MASSANGO
nasceu no Distrito de Zavala, Província de Inhambane, situada a sul de Moçambique.
Nasceu, viveu e cresceu numa das mais ricas povoações culturais do seu país (povo chope), universalmente conhecido pela sua cultura, música e dança Timbila.
É médico Clínico Geral graduado pelo curso de Medicina na Universidade Eduardo Mondlane.
É também músico tradicional com várias participações televisivas, radiofônicas e espectáculos. Colaborador /publicado em 5 jornais locais, 3 revistas nos géneros de prosa, poesia e artigos de opinião.
É membro fundador da União Nacional dos Escritores (UNE), da Academia Moçambicana de Artes Letras e Ideias (AMALI). E membro fundador da organização (Jovens Pela Dignidade Humana – JDH) onde é responsável pela área de formação dos activistas e Informação.
Fonte da biografia: https://www.facebook.com/
Meninos do outono?
Gritam homens do stéreo
Aos quatro passos do vento
Gritam homens do stéreo
Aos quatro tempos da poesia
Gritam pueris
Ainda em primaveras de pombas
ninguém cala seus passos,
Suas rimas e seus encantos
Pelas manhas,
Se espalham as grotas do silêncio
Que drenam ao mar,
Suas emoções ocultas diluidas
Ode ao verão
Aquém se despeja e se limpa o suor
Daqueles homens cheios de torpor!
Gritam homens do stéreo
Aos quatro passos do vento
Gritam homens do stéreo
Aos quatro tempos da poesia
No inverno
Sacodem suas gangas carregadas de orvalho
Embalam suas cangas homens de sóbrio
ninguém escuta seus passos,
Suas rimas e seus encantos
Mas gritam homens do stéreo
não serão estes os meninos do outono?
Mãe desonrada
(Fadejando plantada na frivolidade,
bamboleia à custa da mingua que lhe diz:
— saia e mendigue,
Mas vozes elanguescidas de infortúnio,
clamam sobejante fadário,
saciando o bandulho de humildade,
num tom de desespero).
Pela noite branda mãe,
vagueias na escuridão da insolência,
folgando o corpo fatigado de insaciedades.
Ostentas o pudor da tua vislumbrância
É o fulgor dum corpo remexido à madrugada.
Teus olhos brilham cores sangrentas,
com bandeiras duma guerra perdida.
E de tão longe que chegam,
são sons entorpecidos,
enquanto vozes plangentes,
clamam a retumbância de tambores vazios.
No país da minha era
visto a selva,
no primeiro caminho da paisagem
não sei da matação sobre o vale
nem do segredo das árvores galopantes
no vento sobre o dia
de verde urgente, no tal de presente,
busco o luar em plena madrugada e acompanho,
atravesso os rios de orvalho no inverno
à busca dum segundo caminho no poente
e um segredo na descida acometida
sobre o vento, galopante na monção.
o segundo me assesta o assento
sobre o caminho do terceiro
quando atravesso a foz do rio,
verde,
na selvajaria do asfalto virgem
e me agacho,
no quarto,
em maré de extensão
na onda estreita da vegetação.
Ritmos do meu povo
Segui brechas sombrias de ritmos
sulcadas na mbila dum povo alegre
segui flautas, frêmitos, pausas, silêncios...
timbres de vozes inchadas de vertigem
segui célere,
ritmos do meu povo
timbres de vozes isoladas
e no verso,
um povo cruzado em favos.
Segui brechas sombrias de ritmos
no instinto e na origem
timbres de meu povo
segui vísceras,
no ventre duma lágrima
ténue, e devagar...
Ritmos do meu povo.
Segui brechas sombras de ritmos
e nos escombros da vida dum solo
encontrei uma palavra,
encontrei uma penumbra
dum menino alegre colorido de lágrimas
com um tambor de nada às costas
baquetas de ferro em punho e carnívoras
naquele menino da pátria feliz!
naquele menino feliz cruzado de sonhos!
naquele menino feliz pousado de canto e que canta!
Ritmos do meu povo,
segui brechas sombrias de ritmos.
Página publicada em setembro de 2020
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