Fonte: http://nescritas.nletras.com/ 
                    poetasdeexpport/PoetasExpPort  
                        
                        
                      MARCELINO DOS SANTOS 
                        
                        
                      Marcelino dos  Santos (Lumbo, 20 de Maio de 1929) é um político e poeta moçambicano. Foi  membro fundador da Frente de Libertação de Moçambique, onde chegou a  vice-presidente. Depois da independência de Moçambique, Marcelino dos Santos  foi o primeiro Ministro da Planificação e Desenvolvimento, cargo que deixou em  1977 com a constituição do primeiro parlamento do país (nessa altura designado  “Assembleia Popular”), do qual foi presidente até à realização das primeiras  eleições multipartidárias, em 1994. 
                        
                      Com os  pseudónimos Kalungano e Lilinho Micaia tem poemas seus publicados no Brado  Africano e em duas antologias publicadas pela Casa dos Estudantes do Império,  em Lisboa. Com o seu nome oficial, tem um único livro publicado pela Associação  dos Escritores Moçambicanos, em 1987, intitulado “Canto do Amor Natural". 
                        
                        
                      TEXTOS EM PORTUGUÊS   /   TEXTOS EN ESPAÑOL 
                        
                        
                      
                        NAMPIALI 
                          
                        Verde carmim azul e violeta 
                         e nós 
                        marchando no planalto 
                          
                        Em baixo 
                        o vale 
                        e as machambas de Nachinhoco 
                          
                        Mais longe 
                        nas encostas do Nampiali 
                        as árvores  
                        verde carmim azul e violeta 
                        enchem os nossos olhos 
                          
                        É já o por do sol 
                          
                        Vamos marchando 
                        e as vozes vão cantando 
                          
                                 “somos  soldados 
                                 da  FRELIMOOO...” 
                          
                        Verde carmim azul e violeta 
                        e nós 
                        marchando no planalto 
                        seguindo sempre para além 
                          
                        verde carmim azul e violeta 
                          
                        Aqui os portugueses foram esmagados 
                          
                        Aqui os portugueses não voltarão 
                          
                        Agora nascem os campos de produção 
                          
                        Nós  
                        marchando no planalto 
                        seguindo sempre para a frente 
                        e as vozes cantando 
                          
                                 “Decididos 
                                 Nós  lutaremos...” 
                          
                        Nós 
                        marchando no planalto 
                        seguindo para além 
                          
                        e sempre nos nossos olhos 
                        as cores suaves e doces 
                        de verde carmim azul e violeta 
                        na paisagem quente 
                        da terra livre de Moçambique 
                          
                          
                        SONHO DE MÃE NEGRA  
                           
                        Mãe negra  
                        Embala o seu filho  
                        E esquece  
                        Que o milho já a terra secou 
                        Que o amendoim ontem acabou.  
                          
                        Ela sonha mundos maravilhosos  
                        Onde o seu filho irá à escola  
                        À escola onde estudam os homens    
                          
                        Mãe negra  
                        Embala o seu filho 
                        E esquece  
                        Os seus irmãos construindo vilas e  cidades  
                        Cimentando-as com o seu sangue  
                        Ela sonha mundos maravilhosos  
                        Onde o seu filho correria na estrada  
                        Na estrada onde passam os homens  
                          
                        Mãe negra  
                        Embala o seu filho  
                        E escutando  
                        A voz que vem do longe  
                        Trazida pelos ventos  
                           
                        Ela sonha mundos maravilhosos  
                        Mundos maravilhosos  
                        Onde o seu filho poderá viver. 
                          
                          
                        É PRECISO PLANTAR 
                          
                         É  preciso plantar 
                        mamã 
                        é preciso plantar 
                          
                        é preciso plantar 
                        nas estrelas 
                        e sobre o mar 
                          
                        nos teus pés nus e pelos caminhos 
                          
                        é preciso plantar 
                          
                        nas esperanças proibidas 
                        e sobre as nossas mãos abertas 
                          
                        na noite presente 
                        e no futuro a criar 
                          
                        por toda a parte 
                        mamã 
                          
                        é preciso plantar 
                          
                        a razão 
                        dos corpos destruídos 
                        e da terra ensanguentada 
                        da voz que agoniza 
                        e do coro de braços que se erguem 
                          
                        por toda a parte 
                        por toda a parte 
                        por toda a parte mamã 
                          
                        por toda a parte 
                        é preciso plantar 
                        a certeza 
                        do amanhã feliz 
                        nas caricias do teu coração 
                        onde os olhos de cada menino 
                        renovam a esperança 
                          
                        sim mamã 
                        é preciso 
                        é preciso plantar 
                          
                        pelos caminhos da liberdade 
                          
                        a nova árvore 
                        da Independência Nacional. 
                          
                          
                       
                        
                      TEXTOS EN  ESPAÑOL 
                      Traducción de XOSÉ LOIS GARCÍA 
                        
                        
                      NAMPIALI 
                        
                      Verde carmín azul y violeta 
                      y nosotros 
                      marchando por la alta llanura 
                        
                      Abajo  
                      el Valle 
                      y las heredades de Nachinhoco 
                        
                      Más lejos 
                      en las laderas del Nampiali 
                        
                      los árboles 
                      verdes carmín azul y violeta 
                      llenas nuestros ojos 
                        
                      Y ya al ponerse el sol 
                      Vamos marchando 
                      y las voces van cantando 
                        
                               “somo  soldados 
                               del  FREMIMOOO...” 
                        
                      Verde carmín azul y violeta 
                      y nosotros 
                      marchando por la alta llanura 
                      siempre hacie más allá. 
                        
                      verde carmín azul y violeta 
                        
                      Aquí los portugueses fueron aplastados 
                        
                      Aquí los portugueses no volverán 
                        
                      Ahora ncen los campos de producción 
                        
                      Nosotros 
                      marchando por la alta montaña 
                      siguiendo siempre hacia adelante 
                      y las voces cantando 
                        
                               “Decididos 
                               Nosotros  lucharemos...” 
                        
                      Nosotros  
                      marchando por la alta montaña 
                      hacia más allá 
                        
                      y siempre em nuestros ojos 
                      los colores suaves y dulces 
                      de verde carmín azul y violeta 
                      en el paisaje caliente 
                      de la tierra Libre de Mozambique 
                        
                        
                      Poemas publicados  originalmente en la revista HORA DE POESIA, n. 19-20, Barcelona, sin fecha.  Ejemplar cedido para la Biblioteca Nacional de Brasilia por Aricy Cuvello, y la  reproducción con la debida anuência del traductor. 
                        
                  Página publicada em  março de 2008            Poesia  moçambicana  |