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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

http://revistaliteratas.blogspot.com.br

 

FILIMONE MEIGOS


 

Manuel Meigos Filimone nasceu na Beira a 4 de Março de 1960. Foi professor secundário, secretário de governador, jornalista e oficial das Forças Armadas de Moçambique. É editor cultural do semanário Savana. Membro activo da AEMO, tem colaboração espalhada por vários orgãos de informação. "Poema & Kalash in Love" é o seu primeiro publicado, colecção timbila No 14 da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995.

 

 

EROT...

 

(A Aia e aos restantes que vieram das entranhas de âmago)

 

E quando soletrar as verdades de sempre

que começam hoje?

Sabeis,

amanhã ainda não é a véspera desse dia.

A loucura destes versos mutilados

pelos factos

ou pela guerra do egocentrismo

sabe lá quem, todo o céptico infundado

toda a penúria da seca

ou mesmo a das cheias,

tudo isso faz com que amanhã

ainda não seja a véspera desse dia.

Logo que o dia físico ceda lugar à noite

fazendo o ciclo dia-noite-dia,

fazendo-se...

tanto mais longe dista a véspera desse dia

(Que grande pedalada hem!)

E não me pergunteis nada

O Deuses de tudo com sapiência em nada

quantas bichas temos nós por fazer?

E quantos poemas por acabar?

E quanto mal vós escondeis?

Ah! também não sabeis.

Quantas vezes tomais gralha morfológica

por erro de lógica? E o inverso?

Que me digam tudo.

Quero dar uma palmada em jeito de xi-coração

ao leão mais leonino

e beijar o lábio mais recôndito da fartura,

 

qual ermo qual quê, qual sonho abortado,

quero na madrugada mais quente

beijar a areia da praia            

sentir no seu centro de gravidade

como se o magma fosse

o bater suave do vosso pranto,

embebedar-me com maresia

viver, espraiar-me,

 

e porque não libertar-me?

Agora entre nós, sussurrando,

Ó Deuses do nada

com a mania da sapiência em tudo,

quantos amores temos nós por fazer?

quantos erros por tecer?

Não me digam nada.

Nada de nada.

Estoura-se o último cartucho apenas...

 

 

POEMAKALACHINLOVE  

 

limotangel doce sabor salgado da vida

 

I

 

O ser-me a arma e o amor: MISCELÂNEA.

O beijo o abraço e o desdém: AQUI METEM.

O primeiro

o primeiro              

a primeira:

— Passo

—Traço

 

e flor respectivamente

oferenda que me deram vocês racionais

a mim, aos pássaros, ao verde da erva, ao azul dos mares

dos céus e dos vestidos condicionalmente reflectidos

porque o amor é um mito na mitologia dos irracionais

e esta é a minha quadra

mutatis mutandis é o meu ensaio.

A arma arma-me com tristeza de a dever acariciar

mas faço-o por sufrágio universal

porque tudo isto pode ser nada

ou naturalmente alucinantes recordações

e posso dizer

não vou para nenhum sítio agora, aliás,

fico aqui mesmo como as cadeiras duma tasca qualquer a

                                                                     [esta hora

e o resto que fica é rasto

rosto ruço e roto...

 

II

 

E teu este nome envolto em minha pleura

onde te fui a enterrar do lado de cá da morte

perto do amor perfeito num caixão de chumbo.

Titubeante talento o teu

tatuagem que me teceste

coragem que me venceu

vejo-te viandante tentando um parto

de facto pariste-me um parvo e voraz

na incerteza do passo e eis-me aqui

réstia de luz que me sobre no túnel da verdade verdadeira

chateado, lixado e meio apagado: estou triste. Triste não é

                                                               [bem assim

estou como um dia de aniversário ou em dia de consoada

quando quem se liga ao ano que corre

como o espaço ao tempo que morre

vê chegar de longe a torre

que me ergui ou destruí de dor...

 

III

 

Que se não pare nunca de palavrar milandando

e pairará pêlos ares disperso o POEMA KALACHIN LOVE

e andará em órbita, tocarão nada

e em esperanto

amparará os índios.

Acaso pululas lá pelas galáxias

onde moras minha leonina emprenhada?

se pensas como eu, que é o mais provável

oiço-te agora mesmo em xiricos domingueiros

com pilhas dolorosas das relações candongais

tempo de correspondência em correspondência com o

                                                                     [seguinte:

— A pastelaria MATAMAPIACO está a vender bolinhos

ao preço acessível de 75O paus        

"OH OHWAMUONAAKUKÜLUKELA KA TITIA LWÊ?"

vês-me?  

não importa. Vejo-te eu parado e adormecido

como as águas de um charco qualquer       

paradoxalmente conciso sinto-te tu que vieste ã cidade

nas paredes que moldam o hospital

e encontro-te propensa promessa

machamba sonolenta à sombra do foi

com-milhões de hectares para-serem culimados

e o ponto é o seguinte: tenho; um apreço especial para

                                                           [com os militares

para com as mulheres e para com os verdes

só que com uma pequena diferença que me parece ser

                                                 [maningue importante:

 

IV

 

os militares têm armas nas mãos  —

as mulheres têm o mundo no ventre quer dizer nas mãos

os verdes têm greenpeaces a navegar
por todos os mares dos nossos desejos

mãos que pintam cor de esperança

o serpentear dos nossos passos em espiral

no sentido dos ponteiros do relógio

porque o tempo não é impresso nem indivisível...

 

 

Página publicada em maio de 2015

 


 

 

 
 
 
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