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FILIMONE MEIGOS
Manuel Meigos Filimone nasceu na Beira a 4 de Março de 1960. Foi professor secundário, secretário de governador, jornalista e oficial das Forças Armadas de Moçambique. É editor cultural do semanário Savana. Membro activo da AEMO, tem colaboração espalhada por vários orgãos de informação. "Poema & Kalash in Love" é o seu primeiro publicado, colecção timbila No 14 da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995.
EROT...
(A Aia e aos restantes que vieram das entranhas de âmago)
E quando soletrar as verdades de sempre
que começam hoje?
Sabeis,
amanhã ainda não é a véspera desse dia.
A loucura destes versos mutilados
pelos factos
ou pela guerra do egocentrismo
sabe lá quem, todo o céptico infundado
toda a penúria da seca
ou mesmo a das cheias,
tudo isso faz com que amanhã
ainda não seja a véspera desse dia.
Logo que o dia físico ceda lugar à noite
fazendo o ciclo dia-noite-dia,
fazendo-se...
tanto mais longe dista a véspera desse dia
(Que grande pedalada hem!)
E não me pergunteis nada
O Deuses de tudo com sapiência em nada
quantas bichas temos nós por fazer?
E quantos poemas por acabar?
E quanto mal vós escondeis?
Ah! também não sabeis.
Quantas vezes tomais gralha morfológica
por erro de lógica? E o inverso?
Que me digam tudo.
Quero dar uma palmada em jeito de xi-coração
ao leão mais leonino
e beijar o lábio mais recôndito da fartura,
qual ermo qual quê, qual sonho abortado,
quero na madrugada mais quente
beijar a areia da praia
sentir no seu centro de gravidade
como se o magma fosse
o bater suave do vosso pranto,
embebedar-me com maresia
viver, espraiar-me,
e porque não libertar-me?
Agora entre nós, sussurrando,
Ó Deuses do nada
com a mania da sapiência em tudo,
quantos amores temos nós por fazer?
quantos erros por tecer?
Não me digam nada.
Nada de nada.
Estoura-se o último cartucho apenas...
POEMAKALACHINLOVE
limotangel doce sabor salgado da vida
I
O ser-me a arma e o amor: MISCELÂNEA.
O beijo o abraço e o desdém: AQUI METEM.
O primeiro
o primeiro
a primeira:
— Passo
—Traço
e flor respectivamente
oferenda que me deram vocês racionais
a mim, aos pássaros, ao verde da erva, ao azul dos mares
dos céus e dos vestidos condicionalmente reflectidos
porque o amor é um mito na mitologia dos irracionais
e esta é a minha quadra
mutatis mutandis é o meu ensaio.
A arma arma-me com tristeza de a dever acariciar
mas faço-o por sufrágio universal
porque tudo isto pode ser nada
ou naturalmente alucinantes recordações
e posso dizer
não vou para nenhum sítio agora, aliás,
fico aqui mesmo como as cadeiras duma tasca qualquer a
[esta hora
e o resto que fica é rasto
rosto ruço e roto...
II
E teu este nome envolto em minha pleura
onde te fui a enterrar do lado de cá da morte
perto do amor perfeito num caixão de chumbo.
Titubeante talento o teu
tatuagem que me teceste
coragem que me venceu
vejo-te viandante tentando um parto
de facto pariste-me um parvo e voraz
na incerteza do passo e eis-me aqui
réstia de luz que me sobre no túnel da verdade verdadeira
chateado, lixado e meio apagado: estou triste. Triste não é
[bem assim
estou como um dia de aniversário ou em dia de consoada
quando quem se liga ao ano que corre
como o espaço ao tempo que morre
vê chegar de longe a torre
que me ergui ou destruí de dor...
III
Que se não pare nunca de palavrar milandando
e pairará pêlos ares disperso o POEMA KALACHIN LOVE
e andará em órbita, tocarão nada
e em esperanto
amparará os índios.
Acaso pululas lá pelas galáxias
onde moras minha leonina emprenhada?
se pensas como eu, que é o mais provável
oiço-te agora mesmo em xiricos domingueiros
com pilhas dolorosas das relações candongais
tempo de correspondência em correspondência com o
[seguinte:
— A pastelaria MATAMAPIACO está a vender bolinhos
ao preço acessível de 75O paus
"OH OHWAMUONAAKUKÜLUKELA KA TITIA LWÊ?"
vês-me?
não importa. Vejo-te eu parado e adormecido
como as águas de um charco qualquer
paradoxalmente conciso sinto-te tu que vieste ã cidade
nas paredes que moldam o hospital
e encontro-te propensa promessa
machamba sonolenta à sombra do foi
com-milhões de hectares para-serem culimados
e o ponto é o seguinte: tenho; um apreço especial para
[com os militares
para com as mulheres e para com os verdes
só que com uma pequena diferença que me parece ser
[maningue importante:
IV
os militares têm armas nas mãos —
as mulheres têm o mundo no ventre quer dizer nas mãos
os verdes têm greenpeaces a navegar
por todos os mares dos nossos desejos
mãos que pintam cor de esperança
o serpentear dos nossos passos em espiral
no sentido dos ponteiros do relógio
porque o tempo não é impresso nem indivisível...
Página publicada em maio de 2015
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