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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Fonte: www.expressodasilhas.cv  

OSWALDO OSÓRIO


Oswaldo Osório (pseudônimo literário de Osvaldo Alcântara Medina Custódio) é nome destacado na literatura cabo-verdiana.

Nascido no Mindelo a 25 de Novembro de 1937, distingue-se como poeta e contista, sendo um dos fundadores do caderno de cultura do Notícias de Cabo Verde, Sèlo.
Fez os estudos secundários e o seminário em Nazareno, tendo exercido várias funções profissionais, como trabalhador de rádio, funcionário público, empregado de comércio, presidente da União dos Sindicatos, director do "Suplemento de Poesia dos Anos 80", Voz di Povo, co-fundador da página de cultura Seló, onde iniciou a sua actividade como poeta e prosador.

Em consequência das suas actividades políticas, estreitamente ligadas às acções culturais durante o regime de Salazar, Oswaldo Osório foi preso por duas vezes.
Da sua produção literária, salienta-se os poemas de luta “Caboverdeanamente Construção Meu Amor” (1975), “Cântico do habitante. Precedido de Duas Gestas” (1977), “Clar(a)idade Assombrada” e “Os loucos poemas de amor e outras estações inacabadas”.
No domínio da prosa, escreveu “Cantigas de Trabalho – Tradições Orais de Cabo Verde”, “Emergência da Poesia em Amílcar Cabral (ensaio) e Nimores e Clara & Amores de Rua” (romance). O novo livro de poesia: “A Sexagésima Sétima Curvatura” Colaborou, ainda, em publicações diversas, como “Selo”, “Alerta”, “Vértice”, “Notícias de Cabo Verde” e “Raízes”. A sua obra encontra-se também em várias antologias de literatura africana.

“As Ilhas do Meio do Mundo” é título do próximo romance do escritor.
Fonte da biografia:
www.inforpress.cv  

 

MANHÃ INFLOR

 

as héveas murcharam

desertas de folhas

desertas de flores

 

propositadamente

nem só o sangue mas também a seiva

nem só a criança mas também a pétala

nem só o homem mas também a planta

nem só a carne mas também a lenha

propositadamente

 

tudo o hamadricida flagelou

 

a beleza da flor

a inocência da criança

a certeza dos campos

o aconchego duma sombra

 

mas nos covis a vida continuou

e o apelo à luta redobrou

 

as héveas murcharam

e com as héveas

a manhã inflor

a terra nua

 

mas ainda a vida

nos covis continua

 

 

HOLANDA

 

holanda companheiros

chegámos

chegámos com barcos guildas nos olhos e desejo de vencer

 

chegámos intermináveis e actuais às docas

betão aço cargueiros e braços precisados

chegámos numa dimensão nova

(ah as roças de s.tomé serviçal meu irmão)

e pusemos todo o nosso esforço

lubrificámos máquinas

alimentámos caldeiras

navegámos por oceanos de fogo e fiordes de gelo

mas foi nos mares da terra nova

no tempo em que de boston a américa mandava seus barcos baleeiros

para nos contratar

que ganhámos o bronze da nossa pele

 

        The Best Sailors of the World

 

sob bandeiras estrangeiras brigámos guerras que não eram nossas

para agora amarmos ao ritmo de torno novo

e múltiplas bocas ao nos verem dizem

      

        Let them get by

 

chegámos às docas companheiros

nas docas com barcos guildas nos olhos e nossa terra nos nossos sonhos

chegámos intermináveis para o match

e pusémos todo o nosso esforço na luta

pusémos esperança na nossa força de trabalho

e quando nos vêem chegar dizem

 

      Let them get by

 

aqui ou ali passaremos sempre porque chegámos companheiros

a esperança trasformada em actos nos nossos punhos

 

a seca o sol o sal o mar a morna a morte a luta o luto

ao nos verem passar dizem que ultrapassaremos os sonhos

e o match é em nossa terra que vai terminar


CAVALOS DE SÍLEX

ainda estávamos em guerra quando fomos à lua

e tínhamos fome e feridas nos olhos de cegar

 

agarrávamos o futuro com a luz do laser

e as flores gelavam aqui donde partíamos com carbúnculos nos braços

 

pássaros de pio futuro por onde andávamos

deixámos a terra grávida de salamandras esventradas

 

ganhávamos o pão nosso cada dia com medidas de suor

e um inverno de vómito estarrecia sob as raizes

 

as galáxias mediam-se por braçadas de legumes ou milho ou arroz

que no-las distanciavam e as estrelas fugiam perseguidas

por cavalos de sílex

 

o sonho criava lodo cada manhã

as palavras mal nasciam apodreciam em limo

 

nesta situação-limite os seios o sexo o sémen

convenceram os homens nas suas fábricas

de cavalos de sílex

 

 

tarde

 

peitos punhos pulsos resolvemos ousar nosso pão

 

 

ROSA (IN) FIXA


não há quem não persiga uma rosa
nos escassos dias da mortal residência na terra

não há quem não a busque
mística ideal solitária carnal geográfica ou comunal
inseparável de longas veias e bandeiras

nunca houve quem não a desejasse colhida nas mãos em concha
como água purificadora desses escassos dias de residência

volátil volúvel sublima-se e desespera ao mínimo gesto
do toque e do encantamento o achador

qual a tua rosa?


temos cada um de nós a rosa eletiva e nunca idêntica
por mais próxima mística ideal ou comunal à do outro

a rosa (in)fixa só aparentemente se movimenta
somos nós atrás dela velozes e perdidos
ansiosos de busca do que não temos ou temos imperfeitamente

cada um quer a sua rosa
clandestina mas rosa
apaixonada mas rosa

solitária — todas as rosas são solitárias — mas ainda assim rosa
comunal porém de todos rosa
carnal ou mística sempre e ainda rosa rosa mesmo que conspurcada
e rosa da rosa-dos-ventos rosa é
desabrochada sobre o mundo
                 de ilha a continente
                 de mar a mar
                 de pólo a pólo
                  levada pelos ventos

ó rosa que nos diversificas no âmago de ti própria!
qual a tua rosa?

rosa de ninguém porque minha e eletiva
não há quem não persiga a sua rosa
inagarrável estrela que adia a mortal residência
e nos sobra no leito ao acordarmos
nem sabemos em que horizontes de outras rosas.

 

 

Página publicada em agosto de 2008



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