Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

JOÃO RODRIGUES

 

João Baptista Rodrigues nasceu na Ilha de São Vicente, em Cabo Verde, em 9/11/1931.

 

Publicou: Os contos Monte Verde-Cara, O Casamento de Joaquim Dadana (noveleta), Caminhos Agrestes (contos), O Jardim dos Rubros Cardeais e Pérolas do Sertão (Poesia).

 


AS FLORES QUE EU NÃO TIVE

Mãe!
Olho para o verde musgo
que
depois da chuva
cresceu e floriu
sobre a terra da tua campa
e um amargo sorriso
aflora aos meus lábios
ao ver-te
toda coberta de bravas flores...

São as flores
que eu não tive
para
depor sobre essa campa
quando
fecharam-te os olhos
cruzaram-te as mãos
e te cobriram de pó
— E eu te cobri de lágrimas!

São as flores
que eu não tive
para
ornar tua fronte
de mártir e santa
Oh minha mãe!


SÍNESE DJA-BRABA*

I

O poeta
sua tela de pedra
Alba e neblina
pólen e seiva
cinzel rasgando
                   carne de pedra
                   pedra de pétalas
mãos frementes
afagando
         o pólen
                   a seiva
                            o orvalho.

 

II

O poeta
sua tela de pedra
rubro poente
orvalho de sangue
cinzel rasgado
                   e
                   belos
                          bravos
                                   eróticos
                                               contornos sensuais
                                               de
                                               montes se erguendo
                                               com patas de pétalas
                                               e diademas de flores.

 

*Djá-Braba: crioulo de Cabo Verde, e significa “Ilha Brava”.


ANTOLOGIA

SELÓ!
Mãe
teu filho regressou
SELÓ
Mulher
teu marido chegou
SELÓ!
Filho
teu pai voltou...

O mar
de abismos e terror

fustigou-os, atormentou-os
mas poupou-os desta vez
— não os tragou!


DOZE HORAS NA VIDA DE UM MENDIGO


O mendigo
estendeu suas mão vazias
na penumbra do dia...

Mastigou gestos de indiferença
encheu seus olhos de movimento diurno
e descansou à sombra da esquina do seu destino.

Na penumbra da noite
o mendigo
recolheu suas mãos

                            — cheias de coisa alguma!


SALMO DE UMA NOITE DE SOLIDÃO


O vento
é harpa
sob os negros dedos
desta negra noite

é música fúnebre
em meus versos partidos
amortalhados na noite
é sinfonia macabra
nesta selva espessa de negrume e silêncio
         nem rubros contornos
         nem cânticos de aves
— apenas o vento na harpa e na selva!

A noite
é fantasma vagueando na noite
e o vento
a harpa
e o som e o salmo
deste negro cântico
nos nervos partidos
no leito vazio
neste poema
que
chora na noite
grita na selva
contorce na dor
agoniza no desespero
e suplica no estertor:

— Mata-me
noite homicida
e sepulta-me
no abismo desta solidão!

 

Página publicada em agosto de 2008

 




Voltar para o topo da página Voltar para poesia Cabo Verde

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar