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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

RODERICK NEHONE

 

Roderick Nehone é o pseudónimo literário de Frederico Manuel dos Santos e Silva Cardoso. Nasceu em Luanda, Angola, a 26 de Março de 1965. Em 1989 conclui a licenciatura em Direito na Universidad Central de Las Villas, Cuba, e foi docente da Universidade Agostinho Neto, em Luanda, de 1991 a 2004. É membro da Ordem dos Advogados de Angola e Vice-Presidente da União dos Escritores Angolanos.

 

        SEM POESIA

Poesia vazia no seio
sem leite

                        vazia no delgado

sem quilo
poesia vazia na bexiga

                        vazia na merda
sem peste
poesia vazia na mulher
sem útero

                        vazia no corpo
sem crânio
poesia vazia no soldado
sem testículos

                        vazia no tanque
sem obuses
poesia vazia na guerra
sem sentido

                        vazia no país
sem paz
poesia vazia, no poema
sem alma.

 

        UMA PERNA PERDIDA

A perna
decapitada pele energia
da explosão
da mina

disse adeus ao dono
e partiu
no fumo

Uma perna
camuflada
rota
escondendo seu pé
numa bota
esburacada
anda pedindo esmolas
pela rua

Leva no sangue
que das suas veias
escorre
o percurso do dono
que recorre
recuando o tempo

Já trepou caminhões
desceu
andou aos empurrões
cresceu
pela parada marchou
subiu
nos gabinetes entrou
fugiu
nos musseques pululor
rugiu
de tristeza chorou
e sumi

Sumiu dos escombros
do que fora seu tugúrio
uma perna fardada
tomou de assalto a marginal
e desfilou
sonhou!

Sonhou
a perna dilacerada
encostada
no verde do semáforo
apagado
na cidade queimada
Sonhou
de boca aberta
ao pó
dos 4x4 fumegando
luxo e distância

Uma perna
rasga a paz urbana
e viola o som da seda
que veste o perfume
exalado
de seus ex-camaradas

Decapitada uma perna
pela energia da explosão
vermelha uma lanterna
parindo a luz
do dia

Que se apague para sempre
a penumbra
do olhar!

 

CONCESSÃO

o laço soltou-se...
e teus cabelos envolveram-te
as costas, o busto
deixando tão só ranhuras
por onde assomavam
em gesto presente
teus mamilos

o laço desfez-se
quando disseste:
... entra em mim!

 

        REFERÊNCIAS

Há sempre um passado
gravado na extensão das coisas

há sempre um trilho invisível
perceptível no corpo das existências

Há sempre um defeito no feito
no peito do que parece direito

há sempre um jeito perfeito
para adulterar qualquer conceito

Há sempre um passado
sustentando as nossas ousadias


há sempre um homem acordado
quando se ouve: já se fez dia!

 

Página publicada em julho de 2017



 
 
 
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