POMBAL MARIA
"Pombal Maria enfrenta o compromisso a que se propõe, exuberando um dimensionamento estético-verbal envolto na intensidade semântica, na aventura impressionista, na figuração discursiva e na abstração semiológica (...)" JIMMY RUFINO
De
Pombal Maria
ASAS DO SONHO FERIDO
Poemas
Luanda: União dos Escritores Angolanos, s.d. 40 p.
Telefonema das Estrelas
uma árvore telefonou
para as águas da minha faminta poesia
os ramos falaram do círculo d'água
de uma gota de orvalho onde vivem elefantes
uma árvore telefonou
para o rio da minha mal/ aventurada poesia
as paredes ouviram o cicio
do mar que se escondia na linha do vento lavrado
os espelhos viram os peixes famintos
das águas da minha enferma poesia
i o vidro do dia tossia no nariz das colmeias
aue ferem as vitrinas do céu rasteiro
era o véu visceral da copa
das árvores que constroem verbos estranhos
na janela da minha cega poesia
era o voo suicida das andorinhas 100 asas
Nos Caminhos Ásperos D'água
não esperava que a névoa
viesse beijar o meu esperma
a minha seiva
que floresceu mares 100 água
esperava que a fogueira dos céus
viesse sorrir melífluo
nos rios da minha alma machucada
onde adormecem séculos de insónia
mares 100 ondas aves 100 asas
que florescem mares 100 água
não esperava esta cortina de sal i cal
beijar o sémen
o lume de meu sangue vegetal
que floresce mares 100 água
nos caminhos ásperos d'água
nos caminhos ásperos d'água
Sonho Ferido
trago as asas
da ave do sonho ferido
arrastando-se
a noite pelo coração do silêncio
onde caem
palavras engripadas/frescas
ceifadas
pêlos lenhadores da ave
do sonho ferido
Palavras Engripadas
pinto
as janelas da noite
com palavras constipadas
que vou tossindo
no Cancro do dia
cimento
que pisa i alisa
as minhas raízes em todo subsolo aéreo
Textos gentilmente cedidos por Abreu Paxe. Página publicada em novembro 2010
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