Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


MARIA ALEXANDRE DÁSKALOS


Maria Alexandre Dáskalos nasceu no Huambo (antiga Nova Lisboa), em Angola, em 1957. É filha do poeta e nacionalista angolano Alexandre Dáskalos.

Devido aos graves problemas decorrentes da guerra civil, em 1992 vem para Portugal com a mãe e o filho, reiniciando, em Lisboa, os seus estudos em História. Actualmente, é jornalista na RDP África e mestranda em História Contemporânea.

Para além de escrever para periódicos, publicou em Portugal, pela Editorial Caminho, Do Tempo Suspenso (1998), Lágrimas e Laranjas (2001). Obras anteriores:  O jardim das delícias (1991); Do tempo suspenso (1998).
Fonte da biografia e foto: html.editorial-caminho.pt

 

 

O garoto corria corria

não podia saber

da diferença entre as flores.

0 garoto corria corria

não podia saber

que na sua terra há

morangos doces e perfumados,

o garoto corria corria

fugia.

 

Ninguém lhe pegou ao colo

ninguém lhe parou a morte.

 

*

 

Os anjos choram.

 

Uma cidade caiu

e os homens perderam-se nos trilhos

das casas agora desabadas.

As mulheres de joelhos em cima do

nada

 

já não sabem rezar.

 

Os anjos choram

e o balsamo de todas as

feridas

não chega até nós.

 

*

E agora só me restam

os poetas gregos.

O silêncio diz — esquece.

E o espinho da rosa enterrado no peito

é meu.

 

Os deuses nao assistiram a isto.

 

*

 

cheguei às portas secretas

atravessei as passagens interditas

e

no labirinto que negou os meus passos

vi tesouros que não eram meus

 

 

O IMPÉRIO

 

Algures um barco a afundar-se. Algures no Índico onde

                                               tudo começou. As

tetravós envoltas em lãs saboreando a maresia, depois as

                                               sobrinhas-netas

adolescentes. Usam cachos nos cabelos fartos. Blusas

                                               brancas com

babados, golas subidas a arrematar em renda de frioleiras.

0 comandante passeava de quando em quando pela ala

                                               das senhoras e

conversava-se sobre os trópicos. 0 barco estava cheio

                                               de homens.

... Na mesma paisagem cactos gigantes. A flor de cacto-

                                               cardo e flor da

noite. De novo o deserto e logo a montanha. Leite morno

                                               e mais tarde

queijo curado. Lá fora no jardim as couves-flores

                                               apoquentavam pela

ferrugem. Na cozinha os homens mexiam as saladas.

                                               Intermezzo. Lento

ma no troppo. Ainda me lembro do primo afastado que

                                               chegou e disse:

"sobrevoava aquela terra encarnada" — descia noutro

                                               planeta. Depois

abrimos os baús de retratos a óleo e a carvão e desfilaram

                                               as fotografias

em Pangim e Bombaim. Retratos e passado.

Circum-navegação.

De madrugada estavam estoirados e incapazes de refazer

                                               o puzzle. Não

sabíamos da dificuldade: recomeçar no que se foi para

                                               sair mais tarde ileso

e impune.

 

 

Página publicada em setembro de 2009


Voltar para o topo da página Voltar para a página de Angola

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar