MANUEL DE SOUSA
Poeta angolano, muito atuante na internet através de releases que usa para difundir seus poemas e textos de sentido crítico e social. Contato: starwalker@netangola.com
1.
“Mandela Madiba”
Prenderam-no
Humilharam-no
Encarceram-lhe o corpo
Mas não conseguiram reter-lhe a alma
Não foram capazes de retirar-lhe o amor do coração
Foram impotentes para o desmotivar
Incapazes de lhe impor ódio e raiva
Pois ele foi sempre digno…
Manteve-se firme em seus nobres desígnios
Forte em seu caminho para a liberdade
Fixo em seus objectivos para atingir a igualdade
Mostrou grande exemplo de dignidade a todos
Tornou todos iguais perante a lei
Demoliu as diferenças de direitos
Foi líder e pai de uma nova nação arco-íris
Ensinou a tolerância e a liberdade a uns e outros
Perdoou a quem o trancou e privou do Mundo exterior…
Transformou a terra comum em esperança e justiça
Abriu as paredes e o arame farpado à democracia
Abraçou a todos sem distinção de cor ou poder
Cantou um novo hino da alegria de uma pátria renascida
Celebrou o início de uma nova era da humanidade
Deixou que a festa fosse dançada em espírito de paz nacional
Deu as mãos a todos os seus compatriotas e juntou-se-lhes
Criando uma nova nação movida pela unidade
Ele é um herói e pertence agora a todos nós…
Viva para sempre em nossos peitos o Madiba…da África…Livre
Escrito em Luanda, Angola, por Manuel de Sousa, a 31 de Maio de 2007, em Homenagem ao passado Dia de África e a todos que dela são filhos, sejam de sua natureza materna ou de adopção ou opção, e todos os seus amigos (esses que, ainda são muitos pelo Mundo fora…)…
2.
“A Parede Meias…”
Atirar-me-ei à parede
Jogarei primeiro os olhos
Chocarei nela com toda a força
Tentarei derrubar a resistência da matéria
Fluirei em direcção à estratosfera
Evitarei abrir as asas em demasia
Irei ao ápice da realidade absoluta
Tomarei medidas resolutas para não desistir
Lerei desobrigado e desabrigado qualquer palavrinha solta
Interpretarei pequenos e profundos significados enigmáticos
Apanharei barcos fantasmas que naveguem perdidos e à toa
Farei parte da tripulação mais invisível e indelével possível
Tocarei em qualquer superfície oca empíricos ritmos
Passarei a mão pelas cordas com a roupa lavada à máquina
Levantarei tantas poeiras e pós do passado quanto necessário
Tomarei qualquer boa virtude boca abaixo com um copo de água
Soprarei flautas e trompetes até me cansar
Apitarei o apito de chamada para o recreio
Serei o primeiro a pular à corda e a jogar à cabra cega
Levarei tudo com prazer e satisfação excepcionais
Içarei véus e lenços ao cume do monte das oliveiras
Pendurá-los-ei à volta do pescoço de uma girafa faminta
Farei deles símbolos de uma visão quase caótica
Rirei de pernas para o ar e rebolarei sem parar
Cantarei hinos à alegria para me livrar de alergias eventuais
Serei transportado a épocas distintas e vazias da realidade abstracta
Passarei a ler livros sem fim e nunca iniciarei pelo princípio de nada
Estarei pronto para qualquer meta ou para cortar fitas sucessivas
Mandarei o tempo dar uma volta a si mesmo
Enrolarei as questões mais difíceis a um poste ensebado
Atirarei de propósito todas as setas virtuais ao ar
Deixá-las-ei cair de forma desorganizada e dispersa
Criarei raízes para novas árvores e para outras esperanças
Lavarei o deserto com um esfregão cheio de germes da vida
Distribuirei a mensagem do génesis aos cantos do Globo
Porei em marcha as forças indeléveis do globalismo edificante…
Construirei paredes meias e civilizações no interior de mim mesmo
Edificarei novas faces nas reflexões que vejo ao espelho pela manhã
Mudarei semblantes e encantamentos cantando durante o banho
Semearei sementes de caras mais sorridentes e positivas pelas ruas da urbe…
Escrito em Luanda, Angola, a 30 de Maio de 2007, por manuel de Sousa, em Dedicação à Culturização Global da Humanidade, na esperança de que isso a venha a tornar, talvez num futuro próximo, menos xenófoba e mais humanizada, partilhadora, tolerante, homogénea e cosmopolita, em sua maneira de aceitar e compreender uns e outros, seja qual for filosofia ou origem!...
3.
“Deus É Simplesmente Deus”
Deus nem é negro nem branco
Deus simplesmente é Deus
Deus é todas as cores do arco-íris juntas
Deus é cada coisa do Universo
Deus é tudo ao mesmo tempo
Deus é a maravilhosa diversidade
Deus é magia e imaginação
Deus é abstracção e a realidade plenas.
Deus somos eu e tu
Deus é o vento e a água
Deus é a terra e fogo
Deus é o Sol e as Estrelas
Deus é o Pensamento e a Alma
Deus é o corpo e o Ser
Deus é a Eternidade
Deus é a Mãe e o Pai
Deus é o Céu e Existência
Deus é as trevas e a Luz
Deus é tudo o que é visto e visualizado
Deus é o meio e a continuidade
Deus é a Vida e o amor que temos por ela
Deus é a sensibilidade e a arte de aprimorar
Deus é a inspiração e a criatividade
Deus é o invisível feito visível
Deus é a matéria prima em evolução
Deus é a busca constante pela perfeição
Deus é Paz Profunda e reflexão
Deus é Juízo sensato e consciente Paixão
Deus é equilíbrio e Inteligência
Deus é a infinita Eternidade…
Escrito em Luanda, a 25 de Maio de 2007, por altura do Dia de África, Continente-Berço-da-Humidade e de Anciã Cultura Civilizacional (a Civilização Milenar do Egipto Antigo, etc…), por manuel de sousa, à guiza de Homenagem à África e aos Povos e àqueles todos que aqui residem e que aqui fizeram e fazem suas vidas, ajudando o Continente a crescer e a evoluir em direcção ao Modernismo e à dita Globalização…
4.
“Incomum Liberdade Espiritual Comum”
Não preciso de chefes
Não necessito de comandantes
Abdico de orientadores impostos
Quero respirar o ar fresco da liberdade de pensamento
Quero caminhar sem barricadas ou entraves artificiais
Desejo ser um Ser pleno e sem livre-arbítrios obrigatórios
Desejo seguir o regime do pré-destino determinado
Apetece-me pôr os pés nas marcas preconcebidas
Apetece-me ir atrás conscientemente da Consciência Cósmica
Quero ser iluminado por todos os raios de Sol
Quero que a clareza da Luz me penetre o cérebro
Desejo deixar de ser servo físico da mentalidade materialista
Desejo acabar com o efeito imitativo do papagaio robô
Apetece-me correr pelos campos e pelo Interior em paz
Apetece-me observar todos os detalhes e símbolos da Vida
Quero passar a servir a Humanidade sem ser servil contudo
Quero contribuir para a evolução do colectivo comunitário
Desejo perceber e entender a generalidade dos processos existenciais
Desejo estar sempre a aprender e a descobrir novos conceitos
Apetece-me saborear com prazer o verdadeiro sabor das frutas silvestres
Apetece-me sentir o bom odor das flores do campo ou dos jardins
Posso tudo fazer sem chefes
Posso andar em ordem sem comandantes
Desprezo a usual filosofia educativa da subserviência
Viva a liberdade de ver, ouvir, sentir e de constatar…a fobia do Conhecimento…
Escrito em Luanda, Angola, a 28 de Maio de 2007, em Homenagem a todos aqueles que seguem pelo Mundo, a forma e a maneira de estar conscientes de/da Vida…, primando/pautando e encarreirando seus passos e comportamento pela via da sensatez e pela ordem…
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