Foto: http://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/lazer-e-cultura
KUDIJIMBE
Escritor angolano, Kudijimbe, nome artístico de Nicolau Sebastião da Conceição, nasceu a 15 de outubro de 1955, em Muxima, província do Bengo (Angola).
Depois de realizar os estudos primários e secundários em Luanda e Cabinda, estudou na Universidade Agostinho Neto, fez o curso de Museologia, na Universidade de Masaryk, em Brno (República Checa) e o curso de Direitos Humanos e Direito Internacional Humanitário, no Centro Internacional de Formação, em Turim (Itália). Com formação militar, pertenceu às Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA).
Como escritor, colaborou na imprensa, como em Lavra & Oficina , foi membro fundador da oficina literária Kuntuala da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto, foi cofundador da Brigada Jovem de Literatura de Angola, foi membro fundador e secretário geral da Brigada Jovem de Literatura Alda Lara, em Huambo, e é membro da União dos Escritores Angolanos.
Publicou alguns livros: Fogo na Kanjica (1987), com o qual ganho o 2.º Prémio Nacional do Concurso Literário das FAPLA, em 1985; O Fardado (1987); António Jacinto e os Guerrilheiros (2003), no qual relata os aspetos vividos no Centro de Instrução Militar, em Cabinda, em 1974, na altura dirigido por António Jacinto; No Amanhecer da Curva (2004), onde realça aspetos da sociedade angolana e africana.
Na hora
Na hora
Untou-se gipepe,
Maquezo, gissobongo
Trazia comprimento de ranhura
Requerimento bordado na gravura
Na hora,
Caiu chuva de areia
A estrada ficou preta
E agora?!...
Só negrura!...
Só negrura na nervura.
No tempo
O tempo circunscreveu-se
Esvaziou-se.
Junto;
Ao túmulo mascavado
Caminhos trocados
Gemiam como mayombola.
Março mulher
No encanto do canto
Está Março, mês mulher
Está você vibrando
Adocicando teu perfume
Que canta o querer
Do nosso ser
Está você mulher
Que luta incansavelmente
E sorri na distância do tempo
Como machanana!
E deixa fervilhar,
Na laringe dos teus olhos,
Gotas de kitaba que se
confundem com kibeba da terra
Venham ver
Olhem só!...
O sol arraiou
De madrugada.
Trioouxe-nos,
Luengos do Huambo
Batata-doce de Malange
Kizaca do Bengo
Venham ver.
Desta vez,
Nossas consciências
Ficarão mais limpas.
Vejam só!...
Sina ruim
Palmilhou na areia de bungo
Cobriu seu rosto
Com massa tomate
Sua sina ruim
Construiu castelos
Nas estradas longínquas
Do mundo abstracto
Na areia de bungo
Gravou seu nome
Que Malange conserva
Para sempre.
Roda dentada
Na floresta do ambiente
Estão coisas classificadas
Que fazem a noite gemer
No ambiente da floresta
Kifumbes maliciosos
Plantam no abdómen das coisas
Esperanças cristalizadas
Com rodas dentadas
Perplexo
Novembro acordava
Tão cedo e
Fascinava para o horizonte
Inolvidável
Destorcido de saudosismo
Vazava sorriso auspicioso
Trazia cardume de gente
E raízes axiomáticas
Ramificada na
Charuteira da dança
Maiéié é a sincronização do
Rito folclórico
Assim é...
Novembro
Com todos novembros, passados
Sem assados.
Tinha sabor a muelele
Efervescia nos lábios da gente
Com ritmo cadenciado
Ainda cheio de kitombe
Irradiável
Exercitava canções fúnebres
Daqueles que não
Puderam voltar
E
Novembro sorriu novembro
No décimo
1º. mês da sua existência
Página publicada em julho de 2017