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KANGUIMBO ANANAZ
[pseud. de Maria Manuela Cristina Ananaz ]
Kanguimbo Ananaz é o pseudónimo de Maria Manuela Cristina Ananaz, nasceu 3 fevereiro de 1959 no bairro do Forte de Santa Rita , cidade do Namibe, onde fez o ensino primário, no Colégio de nossa senhora de Fátima, e o secundário na escola preparatória Barão de Moçâmedes, o 1º e 2º ano do comercio na escola comercial e industrial infante D. Henriques na mesma cidade. Após a independência, fez o III Nível na Escola Njinga Mbande, Pré- universitário no PUNIV em Luanda. Em 1989, frequentou o 1º ano do curso de Biologia na Faculdade de Ciências, da Universidade Agostinho Neto. Em 1992 ingressa para o Instituto Superior de Ciências da Educação, ISCED, onde fez a Formação em Psicologia terminando o plano curricular em 1996. Em 2001, entra como membro da Brigada Jovem de Literatura de Angola.
Sob a Lua
A lua traz no halo meses e calendários
Das mulheres amáveis na curta medida
Das sementes magníficas
Do nascer e da morte
A lua desaparece na nebulosa malha
Da noite resignada
A lua perde o centro
Na noite com meses e calendários
Ficam estrelas para mulheres solitárias
E saudosas aguardam sementes magníficas
Do nascer e da noite
A Mulher do Z
A mulher do Z saiu
De casa foi
Nos pais e disse:
A mulher sofre
Quando no apogeu
Não lhe tocam de noite
O Z foi
A busca da mulher
E disse:
A Mulher sofre quando
Onde chega narra
Os limites dos seus panos
Casear a palavra
Revoltaram-se os pássaros
sobre o murmúrio do orvalho
nos seus ninhos da água
Quem entoa cânticos de amor?
Levantai-vos
erguei os olhos para o céu
onde as estrelas abordam e não abortam
a linguagem da minha alma
No leito da onda
Niyeta
Kianda abençoando a festa
flores chorando
raiva das garoupas bailando
dança beleza dança
Kianda galoupando
sorrindo à toa
no leito sensual da onda
Descalçam as lambulas
barbatanas batendo palmas
num ritmo das águas
Céu abrindo repucho
kianda gargalhadas
espada no leito sensual da onda
Corações de infância
Cravos na lapela
flores na capela
vem a mania da cidade
a ânsia de ser senhora vaidosa
como o assobio de karaculo
Vem à kabula quente
com cachorro quente
na boca da fábrica
Há uma miragem na vagem
mira azul dos olhos
menstruados do mar
Véu atmosférico
Adormeci na salga dos teus olhos
ânsia à margem do rio
onde as mulheres cantam como as flores
e no véu atmosférico do enlace
Vénus e Marte consoladores da alma
Página publicada em julho de 2017