Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 

JOÃO ABEL

 

 

Nasceu em Luanda aos 6 de Julho de 1938. Obras publicadas: «Bom Dia» (1982) e «Assim Palavra de Mim» (2004).

 

 

Alegoria ao Sol

 

Naquela tarde havia sol, irmão ...
Sol
brincando às esquinas
colorindo as cubatas
enfeitando os olhares ...
Havia sol
 
lrmao! ....

 

As crianças saltavam
na areia encarnada
correndo e brincando
fazendo bonecos

- bonecos de barro
entregues ao Sol
nessa tarde infinita
em que tu

irmão

olhavas nos olhos
da fiel companheira
um destino melhor.

Havia Sol, irmão ...
E as roupas secando
em acenos de paz
afastavam a dor

que na tua alma sem brilho
se fora acoitar.

As galinhas ciscavam

no pequeno quintal,
e as moças sem graça
entregues à noite
riam p'ro Sol

que nessa tarde infinita
havia.

irmão.

Havia Sol,

- Sol nessa tarde
Sol

a brincar às esquinas
a colorir as cubatas
a enfeitar os olhares
Sol

irmão!

Sol

que tu procuraste
erguendo as mãos
simplesmente tocar.

 

 

Bom dia

 

Ora então

bom dia minha gente
sadia

Aqui vai o meu bom dia enorme
polvilhado em toda a dimensão
da hora verdadeira em que nós somos gente

com toda a força de todos os caminhos
Bom dia por aí

cheio da beleza de tarefas de alegria
e senso positivo

rigorosamente positivo

tal como este instante de sol que nos abraça
neste bom dia apanágio

neste gesto sempre eterno

corre corre envolve tudo

no tudo deste bom dia

Bom dia irmã Salomé
pai João avó Rosária,
sorrisos para vocês

Bom dia rios e pássaros,
cidades e matagais
mussocos e estradas de mar
Bom dia rostos e rostos
palavras gestos e acres
minha sonata de vida

em cada gota de pão

Bom dia mãe Isabel

mãe do meu reino do mar
benção do meu procurar

dos meus sons e dos meus muros
Bom dia senhor doutor

Dona Chica carro grande

servente para o jardim

Com uma flor diferente

para cada sol de manhã

Bom dia meninos de escola
Bata branca suja d' óleo

Pés descalços na lagoa
correndo minutos e horas
num Dinguir de aventuras
de cajús e tambarinos

 

Bom dia na palma da mão
na tela dos largos fantasmas
altas casas avessos cheios
fomes frios e sedes

gente toda minha gente
bom dia para vocês

em labaredas de rosas
campos e campos de asfalto
bandeiras astros e cantos
dedos frutos labirintos
medalhas e símbolos abertos
chuvas e feras e bruxos
logarítmos e átomos

sonos portas e estatutos
esquinas vontades mitos
Oh terra da minha gente

ao suor desta manhã,

aqui está o meu abraço

que eu grito no canto enorme
do calor do nosso sol

aberto de par em par

ao meu bom dia constante
Aqui estou eu homem todo
num gesto de amor total
em cada rosto que passa
cheio de pressa em chegar
sem jeito de poder ir

Eu homem músculos barro
palavras e movimento

sangue nervos e vontade

na encontro comum dos sons
da manhã desta cidade
repetindo por aí fora

o meu bom dia de gente

 

 

Apontamento

 

curvada ao peso
ao peso brutal

 

dos blocos de pedra
e os olhos no chão
os olhos na terra
anda na obra
levando o cimento

a pedra e a cal

 

ao mestre pedreiro

 

e curvada ao peso
ao peso da vida
de lágrimas secas

e sangue sem vida
traz o seu filho
preso nos panos
nas Costas curvadas
ao peso brutal

 

do cimento e da areia
que leva cantando
ao mestre pedreiro

 

 

 

Extraídos de:

VASCONCELOS, Adriano Botelho de, org. Todos os sonhos. Antologia da Poesia   Moderna Angolana.  Luanda: União dos Escritores Angolanos "Guaches da Vida",   2005.  593 p. 

 

 

Quando eu morrer


quando eu morrer
veste o teu vestido branco
e com uma rosa encarnada
vai encharcar-te de mar

bebe vento em cada gota
do encanto do dia a chegar
e entende as palavras todas
que te entrego som a som
na fúria verde do gesto
de um mirangolo qualquer

corre o círculo dos sorrisos
na firmeza da partida
e esquece o medo das nuvens
que abraçam a nossa distância

e se ao longe me vires a acenar
ri-te do louco que eu sou
por ainda pensar em ti

toda vestida de branco
desfolha a rosa encarnada
escreve o meu nome na praia
e vai encharcar-te de mar

 

 

 

 

Página publicada em junho de 2012

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar