EDUARDO BRAZÃO (FILHO)
( 1937-2002)
Escritor e poeta, Eduardo Brazão-Filho (Mossungo), nasceu em Moçâmedes (actual Namibe), no dia 06 de Novembro de 1937. Mossungo pode ser compreendido no quadro de uma geração que ficou conhecida, como a «Geração da Utopia» (*), a geração de Pepetela, e outros tantos que acreditaram no sonho de uma pátria independente e unida, onde todos juntos, independente de raças superariam dificuldades e construiriam uma sociedade mais justa e fraterna, liberta da fome, da exploração e da miséria. Esse sonho que Mossungo viu ruir a partir de 1982, com o fim das utopias e que se extinguiu completamente com a adopção de novos paradigmas neoliberais.
A partir do ano de 1982, Mossungo exilou-se da pátria que amava, da terra que o viu nascer e jamais viria a esquecer, tendo a ela regressado em 2002, 20 anos depois, para alí falecer um mês depois, a 16 de Fevereiro de 2002 .
IDENTIDADE
Tinha tanga
E cubata.
Tinha sambo noutro tempo.
Noutro tempo tinha a mata
Livre de andar.
Tinha batuque, muxique
E as anharas para caçar.
E de repente
No entrechoque do tempo
Lhe encontrei aí, na estrada
Tinha calça
E no bolso roto,
Bilhete de Identidade.
Mais nada.
Página publicada em janeiro de 2016
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