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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANTONIO NOLASCO

 

 

António Xavier Pereira Coutinho Nolasco, nascido em Angola em 29/05/1955, vive de momento em Portugal com os filhos e os netos, depois de um percurso que inclui para além de Angola, África do Sul, Brasil e Guiné.

Tem o curso de Tradutor Intérprete, do Instituto Superior de Línguas e Administração de Lisboa, que nunca utilizou por se ter sempre dedicado a actividades empresariais diversificadas.

Poesia e encanto por todas as formas de beleza, herdou-as da Mãe. Teresa Pereira Coutinho Nolasco, que ainda em tempos de Angola, aí publicou o livro de sonetos, « Papoilas Negras ».

 

 

 

 

ELOS DE POESIA.  Coletânea de poemas de autores de língua portuguesa.  Camarata, Portugal: 2005.  210 p. ISBN 972-700-549-7 
Ex. bibl. Antonio Miranda

 

A seguir, alguns dos poemas extraidos do livro acima.

 

 

 

 

       ANACRÓNICA

 

Cavalos desenfreados. Sem rumo....

O caminho das estrelas existe       ,

Nem o vêem !

 

O buraco negro que existe

Do Universo em turbilhão    

E o abismo único que apetece Neste tropel insano.

 

Crinas ao vento  

Sede de infinito.... Desencanto total.

 

Passa por mim

O esplendor indómito destes animais

Que fogem .... sabem lá de quê    

 

Colho estrelas magoadas....aos molhos...., Lágrimas perdidas

Na intemporalidade de uma mágoa total.

 

               (Lisboa, 10/12/2000)

 

 

 

 

 

DESPEDAÇOS

 

 

 

Cheguei àquele instante Em que abarco com os olhos da memória Iodas as personagens que interpretei, Pedaços do todo que eu sou, Mortalhas de tudo o que morri.

 

E foram tantas essas personagens    

 

Algures na paisagem....

Como uma imensa seara

Ondulando ao vento da saudade,

Acenam-me miragens    

 

Em cada esquina

Vejo esquivar-se a sombra de alguém

Com quem eu já lá estive        

 

Sinto o meu próprio cheiro

Entranhado na humidade

Que me vem do mar onde naveguei  

 

E foi tanto o que tive de morrer

Por tudo o que vivi !

 

      (Lisboa. 13/06/99)

 

 

 

 

 

 

IMATERIAL

 

 

 

Caiu a escuridão sobre a cidade.
Como se uma série de viúvas bailarinas
Dançasse o seu bailado sepulcral
Rasgando os mantos esvoaçantes e negros
Nos pregos mal batidos dos beirais.

 

Oiço o silêncio angustiado do seu pranto

Tento olhar à volta, só encontro breu    

Tento agarrar alguma coisa 

As minhas mãos, tristes e desapontadas,

Guardam no meu peito

A imaterialidade das miragens que seguiram !

 

Avanço pelo caudal da rua em que me afogo  

Sinto o cheiro das algas que me enredam todo
E me levam para o fundo     

 

Entrego o meu pescoço

Que sobressai branco nesta noite escura,

A avidez do bando de morcegos

Que me quer beijar !!!!!

 

                                                           (Lisboa. 09/05/00)

 

 

 

 

Página publicada em setembro de 2020

 


 

 

 
 
 
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