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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



Sobre a Senhora Diretora

Por Elmira Simeão (*)

Lendo as peripécias de uma senhora diretora, ponho-me, de novo, a decifrar as variadas interfaces de Antonio Miranda. Em cada um dos contos deste novo livro, eu o encontro. Seja nos personagens que narra com total imparcialidade, ou nas palavras que, espalhadas entre páginas, histórias e descrições bucólicas, ecoam um discurso pessoal.

Logo de início, com a implacável sombra da senhora diretora, lá está ele. Na reunião burocrática do serviço público, divertindo-se por recolher do cotidiano, fábulas para o livro. A ironia do autor com a diretora é perversa, mas também confortadora. Vê na bruxa as inúmeras faces do ser humano. Ele também está no terremoto de Caracas, trepidante. Dentro da biblioteca, bisbilhotando a senhora diretora no banheiro. Entro com ele no recinto invasivamente para

entender o mistério da velha senhora em sua ultima inspeção. Há um trágico e cômico desfecho.

Depois sou apresentada a Michaux. Apesar de parecer o personagem principal, o francês é apenas um pré-texto. A vingança das professorinhas é implacável, colocando-o como mero objeto de lazer. Yara sim é perfeita. Com uma continental missão redentorista, se sobrepõe às Nações Unidas do amante, e o experimenta deliciosamente, reprovando-o. Novamente testada pelo imprevisto, a diretora se mostra inabalável, mesmo diante de um inconveniente relatório de reformas. Sua solidão é seu prêmio.

Ao encontrar Pérola, outra senhora diretora, aprendo que só os burros não mudam de atitude. José Luiz, entre cruzes e espadas, saiu-se bem. Vejo-o no conto onde a paixão incita e é capaz de motivar uma vingança, inspirada em anos e anos de recolhimento. Em alguns momentos do livro, somos enfebrecidos por personagens mais simples, como Manoel, atrás de sua virilidade. Perde a vida para entrar na história. Em Gracinda o velho homem encontra a morte.Como bom patrão e narrador, Miranda parte para outra, deixa o embaraço do acaso para o tempo resolver.

Surpreendo-me quando Miranda me mostra Afonso. Sei que é apenas uma página do diário do autor e a morte do amigo virá como suas escrituras, efusivamente e sem pósfacio. Em André, bigodes felinos, o mais solidário dos amigos, um fanático por bichos, amante da sinceridade e da fidelidade canina. O professor Leocádio Gusmão, funcionário aposentado antes de Lula, também está lá. Continua critico com o poder cínico dos semideuses que encontra, mas também apronta as suas. Confiante que é nas promessas que vez por outra aceita ingenuamente, o professor é desconcertado pelos fatos que o autor tira do cotidiano, das notícias de jornal e cenas de tv. Resta uma paixão do tamanho de um elefante, uma cor especial para dias cinzentos. Resta o zombar das convenções comezinhas.

A realidade do escritor chega com palavras atemporais e a La Bamba do disco de Trini Lopez. São recordações, talvez, de um jovem que aindar vigorosamente nele. As invenções retratam o tédio que sente, às vezes, com a vida, repetida, nas cenas que observa, descreve e escreve. Os personagens grotescos são derivações de amigos, parentes, aderentes. Quem é Mário? E Geraldo? Contrários? São a mesma pessoa? E Dagmar? Por que vampira, se no conto mastigava chicletes tão bem??

No enigma deprimente do Edifício Renascença, um casal se debate com a vida passada a limpo nos últimos instantes. Hipólito e Hemengarda sobrevivem aos atropelos de São Paulo, mas estão em fase terminal. A cidade os expulsa e Miranda os observa. Eu também.

Enxerga a cumplicidade de um carteiro que assistiu curioso sua mais antiga paixão: o amor cartófilo e a missão fatídica de um amigo que queria colecionar o mundo. Entre um milhão de postais se curva paciente ante as indagações do personagem e entende sua indiscrição. Vê impiedoso o triste fim de Nando e Jaciara, uma história comum, de personagens comuns, se confessa descritor da bestialidade humana.

Poeta diante do espelho. Enfrentando os versos que anunciam vidas e mortes, denunciam sua vida, a rotina do mundo, as saudades de casa. Um coração imenso. As paixões, secretas, intensas. Aquelas não reconhecidas e tão presentes. Não é obvio, não costuma ser. Não se constrange. O inusitado é sua inspiração. Brinca até com Deus, com o tamanho de um pênis. É lúdico, demolidor. Mesmo no final, happy end, quando reúne os personagens em um grande abraço fraternal, imediatamente rompe. A cena carinhosa é desfeita com a seqüência eloqüente de um conto erótico e "fantasmorgásmico" numa noite de verão.

(*) Elmira Simeão é jornalista e professora da Universidade de Brasília

 



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