Inclui os seguintes poemas:
Poesia enferma
Sem tudo, sem nada*
Tempos difíceis*
Alumbramentos e perplexidades*
Canto VI (de Brasil, Brasis)
Poesia no porta-retratos*
Memória do ser
O suicida repentista
Um prato de feijão
Por um amor integral
Versos itinerantes II
Condicionados
Borges*
A fruta*
O pássaro
Foto oxidada*
Mauritia flexuosa*
Brasília*
Depois da morte
Da perspectiva do corpo*
Do distanciamento do corpo
Da morte
Meu nome*
Auto-retrato*
*Leia os poemas na seção Poesia Ilustrada.
Apresentação
Reitor Pedro Chaves dos Santos Filho
Universidade para o Desenvolvimento da Região do Pantanal e do Estado do Mato Grosso do Sul - UNIDERP
Lemos na apresentação de um dos muitos livros do poeta Antonio Miranda que ele foi considerado um oxímoro pelo Waly Salomão e — o ex-secretário do Livro e da Leitura do Ministério da Educação. Por oxímoro, entendi o parceiro de músicas do ministro Gilberto Gil, um homem de paradoxos, de contradições.
A leitura da obra de Antonio Miranda, até aqui quase desconhecida do publico de Mato Grosso do Sul, nos dá a dimensão desses paroxismos e oxímoros, por revelar ou desvelar as suas fase s múltiplas, os sue disfarces de escritor. À primeira vista, acreditamos estar diante de textos de um incrédulo, de um iracundo, de um crítico sem esperança nas ações do homem e das relações humanas: que a violência no Brasil não tem remissão, que as crianças são cruéis e que Deus abandonou-nos com vergonha de sua criação imperfeita. É o que está escrito.
Mas logo a gente percebe, na ironia e na alteridade de seus versos, o sentido de oxímoro a ele atribuído, de cunho maniqueísta que como um católico revoltado magnífica e exacerba nossas mazelas e pecados pessoais e nacionais, para redimir-nos de nossas culpas e deslizes. A biblioteca de livros de religião meu saudoso pai legou-nos para a nossa formação e a de nossa comunidade — agora reunidos no Memorial Pedro dos Santos, na Biblioteca Central da UNIDERP—, está crivada desses exemplos de moralidade exacerbada e purificadora.
Antonio Miranda é um poeta bilíngüe, caso raro entre nós, e soubemos, por ele mesmo, que no centro de Caracas, na Venezuela, está construído o importante edifício-sede da Fundación Rajatabla, uma instituição cultura de ação continental, criada a partir do êxito de seu espetáculo poético-musical Tu País está Feliz e do
Grupo teatral Rajatabla que ele, então um jovem estudante universitário brasileiro auto-exilado nos tempo do movimento militar de 64, criou com amigos. Tu País está Feliz foi levado aos palcos de muitos países da América Latina, da Europa e dos Estados Unidos da América e o texto impresso já mereceu dez edições na Venezuela, em Porto Rico e no Brasil.
Apesar de o autor apresentar-se em cafés-concerto na Argentina, no México, na Venezuela e nos circuitos literários do Brasil, é mais conhecido, entre nós, por suas atividades no campo da Ciência da Informação. Sua obra literária, no entanto, começa a ser revelada ao público através de múltiplas edições em Brasília pela Thesaurus Editora, e em São Paulo, pela Global culminando com o lançamento de uma página pessoal na Internet, em que a jornalista Elmira Simeão reúne dezenas de seus trabalhos de ficção, poesia, crítica literária e artística e, como não poderia deixar de faze-lo, também seus artigos científicos.
Os 25 poemas do presente livro, editado pela UNIDERP, pretende dar uma visão ampla de sua criatividade, em que podemos ressaltar os poemas de crítica social em contraposição aos mais líricos e intimistas, que constituem minoria.
Sirva a presente edição para uma aproximação à obra do oxímoro Antonio Miranda.
P R E F Á C I O
25 POEMAS DE ANTONIO MIRANDA
ZORRILLO DE ALMEIDA SOBRINHO
(Membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras
O autor deste belíssimo livro é um primus inter pares, um poeta maior, escritor primoroso e muito mais: poliglota, dominando completamente o espanhol e o português, dramaturgo, globe-trotter, escultor, crítico de arte e literatura, professor universitário, conferencista, escafandrista da cultura, leitor infatigável e, dentre outras cousas mais, oxímoro, ou seja, um intelectual controvertido, buscando nos sonhos e nas metamorfoses uma vivência não vivida, projetando-se no espaço-tempo em busca do eterno e do infinito, crendo e descrendo, nascido nesse Nordeste de encantos que fica nas proximidades da Amazônia, o Maranhão; autodidata em primeiro lugar, depois diplomado pela Universidade da Venezuela, e posteriormente agraciado por inúmeras universidades do mundo inteiro.
É sobre uma figura singular como a de Antonio Miranda que eu me debruço honrosamente para avaliar uma notável obra que vem procurar espaço neste nosso Estado de Mato Grosso do Sul, onde vive uma população cosmopolita vinda de todos os quadrantes do Brasil, e do mundo, inclusive os nativos filhos da terra.
Os primeiros dos 25 poemas que constituem este livro de Antonio Miranda são de revolta e de mágoa pela situação dos excluídos, depois vem a crítica acerba no estilo de Rui Barbosa (de tanto ver triunfar as nulidades... etc), em seguida se inclina sobre as próprias poesias e se imagina ridículo ao lê-las, entediado como Mallarmé, (POESIA NO PORTA-RETRATOS), e surge uma manifestação de pessimismo n´O SUICIDA ARREPENDIDO com a frase (ou seriam os versos?): “a certeza de que – apesar das promessas – tudo vai mudar para ficar como está?”
O ilustre e multifacetado Antonio Miranda escreveu nos seus 25 POEMAS um “Admirável Mundo Novo” onde ressumam as lembranças de um antigo poeta concretista e emergem, aqui e acolá, nestes poemas e que vão juntar-se aos inúmeros livros já escritos e publicados.
Muito interessante A FOTO OXIDADA, onde o poeta se vê a si próprio como outro. Ele mudou no tempo e com o tempo e a foto, embora amarelecida e oxidada, mantém a sua face como era e que já não é mais.
Entendo que pertence a outra publicação sua o interessante poema sem título I e entre parênteses (De Perversos) onde aparecem o amor, a vida, a morte e a desintegração, abandonando a alcova vazia depois que ela deixou de ser um ninho de amor.
Enfim, para não cansar quem estiver lendo este despretensioso Prefácio, termino reconhecendo que o nobre poeta Antonio Miranda é cosmopolita e está vindo, como um bandeirante, conquistar as terras do Centro Oeste com sua forte e bem talhada literatura. E esta investida alcançará principalmente esta cidade de Campo Grande, terra fundada por mineiros, num tempo que já faz tempo, e onde encontrará, em salutar convivência, pessoas de todos os Brasis e até de mais longe.
Antonio Miranda, ao centro com camisa azul e caneta no bolso, em companhia dos demais autores durante o lançamento coletivo de obras da Editora UNIDERP, durante o Seminário A Pesquisa e a Pós-Gradução no Centro Oeste, em Campo Grande, MS, em 2004.
“Autor de livros sobre poesia, de críticas, novelas, contos e poemas, além de textos técnicos nas áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Antonio Miranda, na oba 25 Poemas, tenta revelar os desvelar as suas facetas múltiplas e os seus disfarces. Os primeiros poemas são de revolta e mágoa pela situação dos excluídos, depois vem uma dura crítica no estilo de Rui Barbosa, em seguida o autor se inclina sobre as próprias poesias e se imagina ridículo ao lê-las.
A obra de Antonio Miranda é quase desconhecida do público de Mato Grosso do Sul. Apesar de o autor apresentar-se em cafés-concertos na Argentina, no México, na Venezuela e nos circuitos literários do Brasil, é mais conhecido por suas atividades no campo da Ciência da Informação.
Sua obra literária começou a ser revelada ao público através de múltiplas edições em Brasília pela Thesaurus Editora, e em São Paulo, pela Global culminando com o lançamento de sua página pessoal na Internet, onde a jornalista Elmira Simeão reúne dezenas de seus trabalhos de ficção, poesia, crítica literária e artística e também, seus artigos científicos.
Considerado oximoro por Waly Salomão, o ex-secretário do Livro e da Leitura do Ministério da Cultura, ele relata que Miranda se define como um homem de paradoxos, de contradições. Mas, logo se percebe, na ironia e na alteridade de seus versos, como afirma na apresentação do livro, o Reitor da UNIDERP, Pedro Chaves, o sentido de oximoro a ele atribuído, de cunho maniqueísta que como católico revoltado magnifica e exacerba as mazelas e pecados pessoais e nacionais, para redimir de culpas e deslizes.”
JORNAL DA UNIDERP, Campo Grande-MS, novembro/dezembro de 2004. |