RAFAEL CADENAS
Prêmio Nacional de Poesia da Venezuela. Sua vasta obra inclui títulos fundamentais como Cuadernos del destierro , Falsas Maniobras , Memorial e livros de ensaios como Literatura y Sociedad e Realidad y Sociedad . Notável é a sua Antología 1958-1983 (3ª. ed. corrigida e aumentada, compilada e apresentada por Luis Miguel Isava), publicada por Monte Ávila, de Caracas.
próprios sumiços, em constante estado de alarme, espiando com prudência.
CADENAS, Rafael. No es mi rostro. Antología poética. Selección de Rafael Cadenas y de Juan Pablo Gómez Cova. Introducción de Carmen Ruiz Barrionuevo. Salamanca, España: Ediciones Universidad de Salamanca; Madrid: Patrimonio Nacional, 2018. 364 p. (Biblioteca de América,99) XXVII Premio Reina Sofía de Poesía Iberoamericana. ISBN 978-84-9012-944-9. Ex. bibl. Antonio Miranda.
AL DESPERTAR
?Qué sé yo de razones?
Mi pensamento es esta mañana que se eleva
sobre la ondulación del cerro,
la niebla que envuelve
algunos pájaros,
la bulla
del mercado, los gavilanes que todavia
se acercan a esta orilla de la ciudad,
la taza de cafe
antes de salir a la calle
cuando todavia no estoy conmigo.
***
EL ESPEJO
te devuelve sin revelarte,
pero yorechazo
la simple tarea,.
Intervengo.
No soy como las quietas aguas
que tratan de enseñarme
la fuerza de no tocar.
EN SUS MOLDES
EN SUS LABIOS las palavras están como dispositivos
ya montados.
Salen armadas, no tienen que formarse sobre la
marcha, todo está resuelto, el mundo va bien, el cielo
y la tierra están de su parte y son felices.
Si tienen razón, he perdido mi vida, me digo, si no,
son ellos los que han vivido en vano.
Me fustigo.
Me abro la carne.
Me exhibo sobre um escenario.
Alli no ofrezco el número decisivo.
Devorarme ¡mi gran milicia! pero soy también un armador tenaz.
Sé reunirme pacientemente, usando rudos métodos de ensamblaje.
Conozco mil fórmulas de reparación. Reajustes, atornillamientos,
tirones, las manejo todas.
A golpes junto las piezas.
Siempre regreso a mi tamaño natural.
Me deshago, me suprimo, displicente, me borro de un plumazo y
vuelvo a montar el carafresca.
(No se trata de rearmar un monstruo, eso es fácil, sino de devolverle
a alguien las proporciones.)
Planto mi casa en medio de la locuacidad.
Me reconstruyo con un plano inefable.
Calma. Ya está. Entro en la horma.
Infancia dormida en los rayos del sol.
Cuánta luz para aquel niño.
Ahora él te busca.
Me desdoblo.
Es absurdo volver los ojos a tus días.
Vivir de tu suelo es cambiar un extraño por el que soy.
No es nada, nada
algo sin trascendencia,
nada.
Una dificultad leve
en la respiración.
Problema de angostura
parece.
¿Acaso no sabías
que la puerta es estrecha?
1.
Ya no sé quien soy.
Si oigo mi nombre
ignoro qué designa
ese sonido
tan raro
como
en mi respiración
o como haber nacido
o estar aquí.
4.
El que viaja contigo
sin sentirse,
siempre
un poco detrás
de tus pasos,
se marchó
entre sus escombros
y entre los escrúpulos.
Ahora
no hay nadie.
Una intensidad
lo busca.
(Quiere
reemplazarlo).
¿Echarás de menos
al balbuciente
merodeador
que te seguía
con ojos llenos de ácido,
ojos sin restaurada inocencia,
ojos bajo códigos que no están en ellos?
6.
Ya no sé
si puedo hablar en nombre de alguien.
¿Quién es esta sangre, estos tendones, estos ojos, esta extrañeza,
esta antigüedad?
Una fuerza
me tiene.
Entonces es ella
la que puede decir soy,
la que puede llevar un nombre,
la que puede usar la palabra yo.
7.
Quisiera
que los dos
fuéramos la comida
del instante.
Sin reticencia.
8.
Intensidad.
Muerte y contestación
a la muerte.
9.
Florecemos
en un abismo.
Por la mañana
leemos anestesiados
las noticias
de la guerra (cualquier guerra),
un titular
bien merece algunos combates;
cada bando
desea demostrar que Dios
está de su parte
con el argumento definitivo;
nuestros ojos recorren
las páginas
• buscamos más confirmaciones
de nuestra derrota
y el periódico trae lo que esperamos encontrar.
Mi primera mujer notó que su esposo no regresaría a ella de un viaje, emprendido con desgana. Me estuvo llamando muchos días desde un alcantilado. La segunda un día no pudo encontrarlo aunque me buscó entre las ropas, los estantes, los bailes, las embarcaciones, los celajes, los patios, las camas (yo sentía que era mirado en todos esos sitios) y se consoló poniendo canciones en un fonógrafo. Mi tercera mujer tuvo más suerte, pues se quedó con el cuerpo de su esposo mucho tiempo después de su caída, o iluminación, ya no recuerdo. La cuarta nunca tuvo el cuerpo ni el espíritu de este cónyuge obstinado. No lo conoció. Tales inconstancias, o jugadas de la suerte, animaron de un modo tan cruel la juventud de estas mujeres y de sus maridos que açun hablan de todo ello con encanto. Después hubo otras desposadas, pero menos firmes. Cada uno de sus consortes se le deshacía, no bien se había prometido fundar un hogar. Lo curioso es que ellas son más o menos felices (quiero decir que han hecho sus arreglos), pero el esposo de todas vive perturbado por sus propias desapariciones, en constante estado de alarma, atisbando.
En castellano
RAFAEL CADENAS
Traducciones de José Santiago Naud.
Traducciones de José Santiago Naud.
Em Português : En castellano:
Me açoito.
Dilacero a carne.
Exibo-me num palco,
E ali não ofereço o número decisivo.
Devorar-me – a grande manobra! – mas também sou um armador tenaz.
Sei reunir-me com paciência, usando rudes métodos de montagem.
Conheço mil formas de conserto. Reajustes, tarraxas, martelagens, manejo todas.
Aos golpes rejunto as peças.
Sempre regresso ao meu tamanho natural.
Desfaço-me, corto-me, displicente, com uma penada me apago e volto a montar a
cara nova.
(Não se trata de rearmar um monstro, isso é canja, mas de restituir a alguém suas
proporções.)
Planto minha casa no meio da loquacidade.
Me reconstruo com um plano inefável.
Calma. Já chega. Entro na fôrma.
Infância adormecida nos raios do sol.
Quanta luz para aquele menino.
Agora ele te procura.
Desdobro-me.
É absurdo volver a olhar para teus dias.
Viver do teu chão é tocar um estranho pelo que sou.
Não és nada, nada
algo sem transcendência,
nada.
Uma dificuldade leve
de respiração.
Problema de gastura
parece.
Acaso não sabias
que a porta é estreita?
1.
Já não sei quem sou.
Se escuto meu nome
ignoro o que designa
tal som
tão raro
como
a própria respiração
ou como ter nascido
ou estar aqui.
4.
O que vivia comigo
sem sentir-se,
sempre um pouco atrás
dos teus passos,
foi-se
por entre escombros
e seus escrúpulos.
Agora
não há ninguém.
Certa intensidade
busca por ele.
(Quer
substituí-lo).
Sentirás falta
bandoleiro
tartamudo
que te seguia
com os olhos cheios de ácido,
olhos de irredimida inocência,
sob códigos que fora deles?
6.
Já não sei
se posso falar em nome de alguém.
Quem é este sangue, estes tendões, estes olhos,
esta surpresa, esta antiguidade?
Uma força
me toma.
Então é ela
quem pode dizer eu sou,
quem pode levar meu nome,
quem pode usar a palavra eu.
7.
Quisera
que os dois
fôssemos a comida
do instante.
Sem reticência.
8.
Intensidade.
Morte e contestação
à morte.
9.
Florescemos
num abismo.
De manhã
lemos anestesiados
as notícias
da guerra (qualquer uma),
uma só manchete
bem merece alguns combates;
cada bando
quer demonstrar que Deus
está da sua banda
com o argumento definitivo;
nossos olhos percorrem
as páginas
- buscamos outras confirmações
de nossa derrota
e o jornal traz o que esperamos achar.
Minha primeira mulher percebeu que o seu esposo não voltaria de uma viagem feita por desfastio. Ficou me chamando dias e dias, desde um alcantilado. Já a segunda não pôde encontra-lo, embora me buscasse entre roupas, estantes, nos bailes, nas embarcações, ao crepúsculo, nos pátios, nos leitos (e em tudo isso eu sentia que era visto). Consolou-se tocando canções num fonógrafo. Minha terceira mulher teve mais sorte, pois ficou com o corpo do seu esposo muito depois de sua queda, ou iluminação, já nem me lembro. A quarta nunca teve nem o corpo nem o espírito desse cônjuge obstinado. Não o conheceu. Tais inconstâncias, ou partidas da fortuna, animaram de modo tão cruel a juventude destas mulheres e seus maridos que todavia falam de tudo isso com encanto. Houve depois outras desposadas, menos firmes porém. Cada um dos seus consortes se lhes desfazia, nem bem se tinham comprometido com a edificação de um lar. O curioso é que elas são mais ou menos felizes (quero dizer que fizeram seus arranjos), mas o esposo de todas elas vive perturbado com os seus
Traduções de ANTONIO MIRANDA:
AO DESPERTAR
Que sei eu de razões?
Meu pensamento é esta manhã que se eleva
sobre a ondulação do morro,
a névoa que envolve
alguns pássaros,
o ruído
do mercado, os falcões que ainda
se aproximam da costa desta cidade,
a taça de café
antes de sair à rua
quando ainda não estou comigo.
***
O ESPELHO
te devolve sem revelar-te,
mas eu
rechaço a tarefa fácil.
Não sou como as águas quietas
que tratam de ensinar-me
a força de não tocar.
DO SEU JEITO
EM SEUS LÁBIOS as palavras são como dispositivos
já instalados.
Saem armadas, não têm porque formar-durante a
caminhada, todo está resolvido, o mundo vai bem, o céu
e a terra estão do seu lado e são felizes.
Se têm razão, eu perdi minha vida, me digo; se não,
sem eles os que viveram em vão.
O ARGUMENTO
DE MANHÃ
lemos anestesiados
as notícias da guerra (qualquer uma),
uma manchete
bem merece alguns combates;
cada bando
quer demonstrar que Deus
está de seu lado
com o argumento definitivo;
nossos olhos percorrem
as páginas
— buscamos mais confirmações
de nossa derrota
e o jornal traz o que esperamos encontrar.
Página ampliada e republicada em agosto de 2019
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