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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

JUAN LISCANO

(1915-2001). 

 

Juan Liscano Velutini, poeta, ensayista, crítico, folklorista y periodista venezolano. nació en Caracas el 7 de julio de 1915. Realizó cursos de derecho y antropología en la Universidad Central de Venezuela.

 

Premios literarios: Municipal de Poesía (1943) con su libro  Contienda , Premio Nacional deLiteratura (1949 - 1950) con el poemario  Humano Destino .

 

Principales obras:   Tierra Muerta de Sed  (1954),  Nuevo Mundo Orinoco  (1959),  Rito de Sombras  (1961),  Crímenes  (1966),  Nombrar Contra el Tiempo  (1968),  Edad Oscura  (1969),  Rayo que al alcanzarme  (1979),  Fundaciones  (1981) y  Domicilios  (1986).  

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  /  TEXTOS EM PORTUGUÊS 

 

DECLIVES

 

Hábito: dudar de la esperanza

y sentirla como carencia.

Agonía sin crisis, declive, desgaste,

lento derrumbe por trozos,

memoria, ruinas, vestigios.

Cuando impere el desasimiento

 

¿Advendrá la resurgencia?

 

 

SITUACION

 

A Rafael Cadenas

 

 

Se hizo tarde.

La lucidez protege

de la desolación.

Se hizo tarde

para emprender el viaje

hacia el conocimiento liberador.

Somos siervos

de los artificios inventados

por nosotros mismos.

Siervos de máquinas,

de imágenes sustitutivas

del mundo,

de raudales energéticos hurtados

al cosmos.

Nos infecta el afán de poder,

el ansia de dominar

sin merecimiento.

Sin embargo... a veces...

se oyen llamadas truncas,

ecos de grandes luces,

anuncios de desgarraduras celestes.

Adviene la nostalgia inexplicable

de lo perdido sin haberlo tenido,

de lo nunca vivido.

La multiplicidad ahoga.

Se pertenece a la multitud,

a lo relativo, a lo virtual,

a lo ilusorio.

Sin embargo...

se escucha, de pronto,

fluir en uno mismo el manantial secreto,

se respira un súbito perfume,

se aprende, mirando las olas,

la fuerza de alzarse, de romper

y volver a levantarse intacto.

¡Buscar la piedra ardiente,

seguir el árbol caminante,

cantar a las torres del viento

llenándose de los helechos colgantes!

 

Pero

¿no será muy tarde?

 

 

CARENCIA

 

Buda se equivocó.

a causa del dolor no es el deseo

sino la carencia que motiva el deseo.

JUAN EDUARDO CIRLOT

 

 

¡Sí! es necesidad, por eso tan real,

surtiendo adentro,

recreando lo creado,

persistencia indefinible juntando

expectación y carencia,

algo abstracto, fuera de consumo,

inconsumible, llamada confundida

con la costumbre de respirar.

Tan sólo cuando un hecho en bruto

altera la perfecta maquinaria del soplo

se oye, de pronto, la respuesta.

 

  

TEXTOS EM PORTUGUÊS

Traduções de Antonio Miranda

e Salomão Sousa

 

DECLIVES

 

            Trad. de Antonio Miranda

 

Hábito: duvidar da esperança

e senti-la como carência.

Agonia sem crise, declive, desgaste,

lento desmoronamento aos poucos,

memória, ruínas, vestígios.

Quando impere o desprendimento

 

Sucederá a ressurgência?

 

 

SITUAÇÃO

 

A Rafael Cadenas

         Trad. de Antonio Miranda

 

Fez-se tarde.

A lucidez protege

da desolação.

Fez-se tarde

Para empreender a viagem

ao conhecimento libertador.

Se fez tarde.

Somos servos

dos artifícios inventados

por nós mesmos.

Servos de máquinas,

de imagens substitutivas

do mundo,

de caudais energéticos furtados

do cosmo.

Servos de máquinas,

Nos infecta o afã de poder,

a ânsia de dominar

sem o mérito.

No entanto... às vezes...

ouvimos chamadas truncadas,

 

Sobrevém a nostalgia inexplicável

do perdido sem haver tido,

do nunca vivido.

A multiplicidade afoga.

Pertencemos à multidão,

ao relativo, ao virtual,

ao ilusório.

No entanto...

escutamos, de repente,

fluir em nós o manancial secreto,

respiramos um súbito perfume,

percebemos, olhando as ondas,

a forças de alçar-se, de romper

e voltar a levantar-se intacto.

Buscar a pedra ardente,

seguir a árvore caminhante,

cantar as torres do vento

saturando-se de ramos pendentes!

 

Mas,

já não será tarde demais?

 

 

CARÊNCIA

 

         Trad. de Antonio Miranda

 

Buda se enganou.

a causa al dor não é o desejo

mas a carência que motiva o desejo.

JUAN EDUARDO CIRLOT

 

 

Sim! é necessidade, por isso tão real,

surtindo adentro,

recriando o já criado,

persistência indefinível juntando

expectativa e carência,

algo abstrato, fora de consumo,

inconsumível, chamada confundida

com o costume de respirar.

Tão somente quando um fato em bruto

altera a perfeita maquinaria do sopro

se ouve, de repente, a resposta.

 

 

MARCAS

 

         Tradução de Salomão Sousa

 

As marcas nos confundem.

Procedem de toda parte.

De ontem, deste momento, de amanhã.

São passadas intermináveis

uma invasão de rastros vorazes

um solo de estrondosos passos.

Idas e vindas, migrações

famílias errantes em nós

que nos cruzam sem cessar, que saem, entram

deambulam por todos os rincões

em cada lugar do andar

e até nos muros onde suas marcas digitais

são largas feridas sangrentas.

 

O vento sopra em vão sobre esses rastros.

Não pode aventurá-los para outros lugares

talvez regue-os pelas moradias

pelos aposentos

pelas covas onde vive o louco da região

entre as samambaias da colina

onde pasta o cavalo

nas rochas onde eu divertia Prometeu.

Não pode aventurá-los

nem pode secar o sangue sobre os muros.



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