J. A. GONZALO PATRIZI
Poeta e contista venezuelano.
MOINHO
Tradução de Solon Borges dos Reis
Gira o moinho, gira
como se fosse o coração do monte.
A aurora — o visitá-lo —
com ar e brisa
tece um jogo de rendas
que suas voltas faz mais ágeis.
A aurora — ao despedir-se —
deixa-lhe entre os braços a manhã.
A manhãzinha — menina noiva
entretém-se pendurando entre seus braços
teias de aranhas feitas de sol.
Gira o moinho, gira
como se fosse o coração do monte.
Moinho-Cristo campesino
crucificado de vendas
abertas pelos uivos das raposas —
Sob teu amparo, três ranchos se ajoelham
e te bendizem
com as palavras longas
e cinzas do fogão.
Fiandeiro de vida
na roca do vento.
Galã das espigas
do maduro trigal.
Página publicada em março de 2008.
|