GIULIANO SALVATORE
Nace en Cumaná, el 12 de noviembre de 1981. Licenciado en Letras en la
Universidad Central de Venezuela. Actualmente realiza la maestría de Literatura Latinoamericana en Universidad Simón Bolívar. Ejerce la docencia en la Universidad Simón Bolívar en la cátedra de Lengua y comunicación. Ha publicado un libro en conjunto, “Son seis” editorial La espada rota. Ha publicado en la revista Babel y en revista electrónica Kalathos. Invitado a la II Bienal Ramón Palomares 2007. Produce y conduce junto a Estrella Gomes el programa radial “Habitantes de la palabra”. Facilitador integrante del Sistema Nacional de Talleres Literarios.
Fuente: TRÁNSITO DE FUEGO / TRÂNSITO DE FOGO - Selección de jóvenes poetas latinoamericanos / Selecção de jovens poetas latinoamericanos 1972-1990. Selección y compilación / Seleção e compilação Raquel Molina. Traducción al português / Tradução ao português Gladys Mendía. Caracas: Casa de las Letras Andrés Bello, 2009.
TEXTOS EM ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS
I
Poco me falta para declararme un imbécil de aeropuerto
Un tarado en terminales, despidiendo a todo el mundo
entre arrivals y departures, anclado en este unísono
babeando tus maletas
Tu futuro es más grande que este hueco
Una esfnge creciendo en una lata
una ola de piscina
Oro para dientes de difuntos
No te duela dejarme
Mi pista es corta
Espero no pensaras estar siempre
a paso en esta mula que es tan miope.
Los saberes, los sabores
Los saberes, los sabores,
que se aúnan a tu cauce
son un plpite
escriben, mientras andan, la frma de un riachuelo
bordeados por musgos, aliento fértil que te colorea
como a un libro para niños.
Los saberes, los sabores,
me disminuyen como a una piedra que se lima.
Refnados en estática
se cuelan en la línea telefónica que hay entre nosotros
Yo decrezco, como un octogenario, con los días.
Los saberes, los sabores, te ofrecen la mano
Tú y ellos forman un montículo desde donde no se ve mi casa
que está en un valle hondo, hondo como una cáscara de huevo
de monstruo marino
allá iras tú a agitarte, frente a mi puerta, como una medusa que ilumina
cuando yo vaya, de nado hacia atrás, hacia mi decrecimiento
Los saberes, los sabores, arribados a ti desde un avión
Que había perdido todo rumbo
porque te habías apagado, linterna para magias y cargas extraviadas
porque habías caído, pajarito de la tarde, de tu vuelo hasta
mi boca
mi boca, el oxidado puerto de todas las vacilaciones
yo que soy como una sombra que absorbe oscilaciones, pulsos:
empiece de la noche.
Yo que te esquiné la sangre.
Anda, anda, arrójate a lo que viene como pan recién horneado.
Vuelve a humedecerte, yo que te sequé.
Hacerse el muerto
Los índices insomnes de las manos que acusan.
El arma del dedo, la mano como patria sitiada por el aire
Envenenado
las casas con cruces, los carros con cruces, las frentes con cruces
y un jaguar agazapado, detrás de cada esquina.
Los índices insomnes de las manos que acusan
el murmullo de riachuelo que produce el veneno de su vigilia.
Aquél que dice no acusarte me acusa
Pudre la fruta, atrinchera su estadía, sabotea la inhalación.
Sus pulmones son panales, respira las abejas que polinizan mi jardín.
Va a secarse
Hay alguien encogido, que ha aprendido a hacerse el muerto.
A no decir.
Hace de cuenta que es un cargamento que está siendo
transportado.
Lo han delatado, ser el no acusado ya no le es posible.
Y desde entonces vale menos, como un dinero devaluado.
Se siente como un producto tan caduco.
Lo han expirado con el dedo.
Camina por la calle como quien ha perdido los zapatos.
No va a llegar a ningún lado.
Yo lo oí decir
Sálvame del horno donde se cocina este futuro
que me acusa de estarlo retrasando
licorcito de esta hora
reviéntame por dentro
devuélveme al trabajo
dame cupo en las manos que tienen la razón
las que no inculpan sin saberlo.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de Gladys Mendí
GIULIANO SALVATORE
Nasce em Cumaná, o 12 de novembro de 1981. Licenciado em letras na
Universidade Central de Venezuela. Atualmente realiza a maestría de Literatura Latinoamericana em Universidade Simón Bolívar. Exerce a Docencia na Universidade Simón Bolívar na cátedra de Língua e comunicação. Publicou um livro em conjunto, ”São seis” editorial A espada rompida. Publicou na revista Babel e em revista eletrônica Kalathos. Convidado à II Bienal Ramón Palomares 2007. Produz e conduz junto a Estrella Gómes o programa radial “Habitantes da palavra”. Facilitador integrante do Sistema Nacional de OfIcinas Literárias.
I
Pouco falta para declarar-me um imbecil de aeroporto
Um tarado em terminais, despedindo a todo mundo
entre arrivals e departures, ancorado neste uníssono
babando tuas malas
Teu futuro é maior que este oco
Uma esfinge crescendo numa lata
uma onda de piscina
Ouro para dentes de defuntos
Não te doa me deixar
Minha pista é curta
Espero não pensasses estar sempre
a passo nesta mula que é tão míope.
Os saberes, os sabores
Os saberes, os sabores,
que se unem a teu leito
são um palpite
escrevem, enquanto andam, a assinatura de um riacho
margeados por musgos, alento fértil que te colore
como a um livro para meninos.
Os saberes, os sabores,
diminuem-me como a uma pedra que se lima.
Refinados em estática
se coam na linha telefônica que há entre nós
Eu decresço, como um octogenário, com os dias.
Os saberes, os sabores, oferecem-te a mão
Tu e eles formam um montículo desde onde não se vê minha casa
que está num vale fundo, fundo como uma casca de ovo
de monstro marinho
lá iras tu a te agitar, em frente a minha porta, como uma medusa que
[alumia
quando eu vá, de nado para atrás, para meu decrescimento
Os saberes, os sabores, arribados a ti desde um avião
Que tinha perdido todo rumo
porque tinhas-te apagado, lanterna para magias e ônus extraviados porque
tinhas caído, passarinho da tarde, de teu vôo até
minha boca
minha boca, o oxidado porto de todas as vacilações
eu que sou como uma sombra que absorve oscilações, pulsos:
comece da noite.
Eu que te esquinei o sangue.
Vai vai, arroja-te ao que vem como pão recém forneado
Volta a te umedecer, eu que te sequei.
Fingir-se morto
Os índices insones das mãos que acusam
O arma do dedo, a mão como pátria sitiada pelo ar
envenenado
as casas com cruzes, as carroças com cruzes, os rostos com cruzes
e um jaguar acaçapado, por trás da cada esquina
Os índices insones das mãos que acusam
o murmúrio de riacho que produz o veneno de sua vigília
Aquele que diz não te acusar acusa-me
apodrece a fruta, entrincheira sua estadia, sabota a inalação
Seus pulmões são colméias, respira as abelhas que polinizam meu
jardim
Se vai secar
Há alguém encolhido, que aprendeu a se fazer o morto.
A não dizer.
Faz de conta que é um carregamento que está a ser
transportado
O delataram, ser o não acusado já não lhe é possível
E desde então serve menos, como um dinheiro desvalorizado
Se sente como um produto tão caduco
O expiraram com o dedo.
Caminha pela rua como quem perdeu os sapatos
Não vai chegar a nenhum lado.
Eu o ouvi dizer
Me salva do forno onde se cozinha este futuro
que acusa-me de atrasar-lhe
licorzinho desta hora
me rompe por dentro
me devolve ao trabalho
me dá vaga nas mãos que têm a razão
as que não inculpam sem o saber.
Dois critérios marcaram a seleção das obras, o primeiro esteve determinado pela ubicação geracional, os nascidos entre 1972 e 1990; o segundo critério esteve orientado pela procura de uma voz própria, singular e independente que permitisse abrir-se passo por si mesma um espaço, umas representadas na audácia do dizer, outras, expressadas na sua estreita relação com a realidade social ou com os fortes laços da pertença e a consciência latinoamericana.
Página publicada em abril de 2009
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