SILVIA HERRERA
Fecha de nacimiento. 1927 ... Uruguay. Fecha de muerte. 22/3/2003.
TEXTO EN ESPAÑOL – TEXTO EM PORTUGUÊS
MARIPOSAS
Jardín. Vasto jardín, prolongadas las rosas
lejanas. Intocables se mueven,
vagas vienen y rozan la frente
como quisiera ser, como quisiera
rozar al fin la tierra.
Entonces es su reino. ¡Qué pies leves
tan sólo flor de flor, sin tempo muerto pasan,
apenas assomadas!
Y son lámparas vanas azules, y elásticas mueven su sombra,
erguidas, irreales, las aguas oscuras la miran
nacer de las frágiles llamas, nacer de las hojas.
Ojos largos y azules dominan los estanques, sus alas
bajas y tibias, cerradas manos en plegaria.
De dos manos azules aflora su cabeza que oye el viento,
que oye todas las vocês por la curvas agujas
extendidas al eco.
Ahora viven. Ahora. En el tempo solemne, en el espejo
que transita callado y todo deja
vivir.
Deja vivir y nunca nadie
habló así, como ellas,
habló así, tan de cerca.
En esas luces, nadie dio tan clara
la forma de las cosas.
TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução: Antonio Miranda
BORBOLETAS
Jardim. Amplo jardim, prolongadas rosas
distantes, intocáveis se movem,
ondas vêm e roçam a fronte
como queria ser, como queria
roçar finalmente a terra.
Então é o seu reino. Que pés leves
apenas flor de flor, sem tempo morto passam,
apenas eminentes!
E são lâmpadas vãs azuis, e elásticas movem sua sombra,
erguidas, irreais, as águas escuras veem-nas
nascer das frágeis chamas, nascer das folhas.
Olhos longos e azuis, dominam os estanques, suas asas
baixas e tíbias, mão fechadas sem prece.
De duas mãos azuis aflora sua cabeça que escuta o vento,
que ouve todas as vozes pelas agulhas curvas
estendidas pelo eco.
Agora vivem. Agora. No tempo solene, no espelho
que transita calado e deixa studo
viver.
Deixa viver e jamais alguém
falou assim, como elas,
falou assim, de tão perto.
Nessas luzes, ninguém deu tão clara
a forma das coisas.
Página publicada em maio de 2019.
|