JUAN CUNHA
Nasceu em Sauce de Illescas (Florida, Uruguai), em 1910, numa família de onze filhos. Começou a escrever na adolescência para fugir das tarefas rurais. Saiu da zona rural com dezoito anos rumo a Montevidéu. Autoditada, escreveu sempre auxiliado por Wilda Belura, sua mulher. Sua obra está ligada ao surrealismo, onde estrofes clássicas se mesclam a outras oriundas de seu próprio estilo. Faleceu em Montividéu, em 1985. Bibliografia: El Pájaro que vino de la noche, 1929; Guardián oscuro, 1937; Cuaderno de nubes, 1945; Variación de Rosamía, 1952; Niño solo, 1956; Tierra perdida, 1959; A eso de la tarde, 1961; Pastor perdido, 1966; De cosa en cosa, 1968; Palabra cabra desmandada, 1971; Enveses y otros reveses, 1981; Plurales, 1984, e Árboles,1985. A partir de 1971, em razão da ditadura instaurada no Uruguai, seus livros tiveram que seus publicados em outros países, passando a perder seus leitores. Sua obra — muitos críticos lembram isso — merece resgate com urgência.
TEXTOS EM ESPAÑOL / TEXTOS EM PORTUGUÊS
Quiero saber a qué ladera
Rueda la luz cuando te espero
Hay una brisa o mano tierna
Que quizás sepa de tu pelo
Pero decime dónde pongo
Estas palabras como gotas
No sé dónde asomar los ojos
A qué lado volver la boca
Escúchame es azul y lejos
No tengo indicios sólo piedras
Ya ni dónde buscarte tengo
Ni cómo hallarte que yo sepa
Es que nunca vi claro creo
Ni menos supe cómo eras
LEJOS LA CIUDAD LEJOS...
Lejos la ciudad lejos
Lejos su absurda rueda dura girando sin sentido
Ah la ciudad sin pájaros libres ni horizontes
Y tan sólo en lo más alto de las torres un poco de ansia del cielo
La ciudad que es una hélice vacía enloquecida de movimiento
Ah la ciudad que cierra el alma con sus frías sucias manos
Y que no oye la oscura angustia de los hombres.
Aquí sólo el campo la soledad desmesurada de los campos
La soledad extraña del campo que invade el espíritu de cosas lejanas
Y el silencio llega como un pájaro huraño al anochecer a pasar la noche en el monte del alma.
Porque aquí el recuerdo se va hacia todos los vientos en cada alborada
Y vuelve como los pájaros todos los atardeceres con un canto lejano cerrado en el pico
Y el corazón a cada latido amanece una esperanza nueva que tiene algo del cielo.
Para Decir Tu Primavera
Vine para decir tu primavera
Digo para nombrar dulce tus aves
Por abrirte las flores que tú sabes
Para hacerte de todas la primavera
Era hermosa la tarde y cómo era
Sí la evoco de pronto ya ni cabes
Eres tarde infinita ya sin llaves
Estás en donde esté y yo te quiera
Que estás en donde estoy hoy y te quiero
Ya no me importará decir me muero
Porque no será cierto de seguro
Pero vino no más para decirte
Que ya no podrás irte ni morirte
Por más que se haga triste y se ponga oscuro
Allá donde las lagunas son el cielo...
Allá donde las lagunas son el cielo
Tuve mi vacación de vacas verdes
El viento era un caballo sin escalas
Y yo me le sentaba firme al flete
El sol
Era un melón
La tarde
Una sandía
Y la vida
La vida una pura gana
De morder y morder manzanas
Pero de esto hace mucho tiempo
Como no estás en mis arterias
Cómo no estás en mis arterias
Si eres flor cómo no estás fija en un tallo
Apenas balanceada por este aliento que abrasa
Si eres paloma cómo zureando no huyes
Cuando se acerca el cazador rojo de furia roja
Si eres vela cómo te vas ligera
Cuando las velas que el río se lleva entre sus dedos
Si eres mi sangre cómo no estás en mis venas
Pasando y repasando mi corazón que no duerme
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Traduções de Salomão Sousa
Quero saber em que ladeira
Gira a luz quando te espero
Há uma brisa ou mão terna
Que talvez saiba de teu cabelo
Mas diz-me onde ponho
Estas palavras como gotas
Não sei onde fixar os olhos
Em que lado descer a boca
Escuta-me é azul e longe
Não tenho indícios só pedras
Nem onde buscar-te tenho
Nem como achar-te que eu saiba
É que nunca vi claro acredito
Nem ao menos soube como eras
LONGE A CIDADE AO LONGE
Longe a cidade ao longe
Longe sua absurda roda continua a girar sem sentido
Ah! a cidade sem pássaros livres nem horizontes
E tão só no mais alto das torres um pouco de desejo de céu
A cidade que é uma hélice vazia enlouquecida de movimento
Ah! a cidade que prende a alma com suas frias sujas mãos
E que não ouve a escura angústia dos homens
Aqui só o campo a solidão desmedida dos campos
A solidão estranha do campo que invade o espírito de coisas distantes
E o silêncio chega como um pássaro rebelde
/ao anoitecer para passar a noite na montanha da alma
Pois aqui a lembrança parte para todos os ventos em cada alvorada
E volta como os pássaros todos os entardeceres com um canto distante preso no bico
E o coração a cada pulsar amanhece uma esperança nova que tem algo de céu.
Ali onde as lagoas são o céu...
Ali onde as lagoas são o céu...
Tirei minhas férias de vacas verdes
O vento era um cavalo sem escalas
E eu me sentava firme no frete
O sol
Era um melão
A tarde
Uma melancia
E a vida
A vida uma pura gana
De morder e morder maçãs
Mas isto já faz muito tempo
COMO NÃO ESTAIS EM MINHAS ARTÉRIAS
Se és flor como não estás fixa num talo
Apenas balançada por este alento que abrasa
Se és pomba como arrulhando não foges
Quando vem o caçador roxo em roxa fúria
Se és vela como não vais ligeira
Como as velas que o rio eleva entre os dedos
Se és meu sangue como não estás em minhas veias
passando e repassando meu coração que não dorme
PARA DIZER TUA PRIMAVERA
Venho para dizer tua primavera
Falo para nomear doce tuas aves
Para abrir em ti as flores que conheces
Para te fazer entre todas a devera
Era formosa a tarde e como era
Se a evoco assim rápido nela nem cabes
És tarde infinita já sem chaves
Estejas onde estiveres e eu te queira
E estás onde estou e te quero
E não me importarei em dizer eu morro
Pois não estará certo com certeza
Mas venho nada mais que para dizer-te
Que já não poderás partir nem morrer
Por mais que seja triste e faça noite
Página publicada em janeiro de 2008 |