VEM FALAR-ME DE AMOR DEVARINHO
Vem falar-me de amor devagarinho,
Prende nas tuas estas mãos nervosas,
Com palavras macias como as rosas,
Com afagos mais leves do que arminhos.
Aponta-me a sorrir o meu caminho
Que essas mãos de veludo piedosas
Tapetaram de musgo e de mimosas,
Longe do mundo inútil e mesquinho!
Não consintas que a dor curve e submeta
O meu corpo febril de borboleta
E a minha alma de flor entontecida.
Guarda-me, sim, nos braços, palpitante,
Como um arco de estrelas rutilante
Que muda em outro as sombras desta vida!