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URBANO TAVARES RODRIGUES
Urbano Augusto Tavares Rodrigues (Lisboa, Portugal, 6 de dezembro de 1923 — Lisboa, Portugal, 9 de agosto de 2013) foi um escritor e jornalista português.
Exerceu como professor, primeiro no Liceu de Camões e a partir de 1957 na Faculdade de Letras, a convite de Vitorino Nemésio, onde ensinou Literatura Francesa e Portuguesa. No ano seguinte, apoiou a candidatura de Humberto Delgado a presidente da república, tendo sido por esse motivo interdito de trabalhar como professor em estabelecimentos de ensino do estado. Esteve preso em Caxias, tendo-se depois exilado em França. Na cidade de Paris, esteve com algumas das figuras intelectuais mais marcantes dos anos 50, como Albert Camus, que o influenciaram no Existencialismo francês. Foi leitor de português nas Universidades de Montpellier, Aix-en-Provence e Sorbonne, em Paris, entre 1949 e 1955.
No Regresso a Portugal, ensinou no Colégio Moderno e no Liceu Francês. Começou igualmente a trabalhar em publicidade e no jornalismo, tendo escrito para os periódicos Artes e Letras, Jornal do Comércio, O Século e Diário de Lisboa, onde fez crítica teatral, Bulletin des Études Portugaises, Colóquio-Letras, Jornal de Letras, Vértice e Nouvel Observateur.
Ocupou igualmente a posição de director na revista Europa, e escreveu crónicas de viagens de várias partes do mundo para o jornal Diário de Lisboa, que foram compiladas nos volumes Santiago de Compostela (1949), Jornadas no Oriente (1956) e Jornadas na Europa (1958).
Ver a biografia completa e a vastíssima lista de obras do autor:
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O PRISMA DE MUITAS CORES. Poesia de Amor portuguesa e brasileira. Organização Victor Oliveira Mateus. Prefácio Antônio Carlos Cortes. Capa Julio Cunha. Fafe: Amarante: Labirinto, 2010 207 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
O barranco das violetas
Violetas roxas do fundo
do barranco cheio de líquenes
de lírios do campo
e de líquidos espelhos
de musgos de sol ainda trêmulo
sois imagem recorrente dos pauis
por onde peregrinei entre dores
exaltações e venturas
fugazes à descoberta da vida
Veio um dia uma maré de cinza
cobrir a ladeira que vou
subindo e até a luz dos olhos
me aconteceu. Lembrava então
a música das laranjas
no pomar quando anoitece
e o céu revela a crueldade
inexorável de todos os deuses
Também ressoa dentro de mim
a prata vagarosa
dessas oliveiras de Dezembro
ainda carregadas de segredos
Mas não há como os pães dourados
e encantados a saírem do forno
cheirando um pouco a lenha e muito
a paraíso
Vou como perdido apalpando
os caminhos da noite e do meu ser
valados carrasqueiras tanta incerteza
até o barranco de outrora
Refectidas no charco estremecem
elas ou outras
as violetas da minha infância.
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Página publicada em janeiro de 2021
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