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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SALETTE TAVARES

 

Salette Tavares (Lourenço Marques, 1922 - Lisboa, 1994) foi uma escritora portuguesa.

Salette Tavares nasceu em 1922, em Moçambique, então uma colónia portuguesa, na cidade de Lourenço Marques (hoje em dia Maputo). Aos onze anos mudou-se com a sua família para Sintra, Portugal, e viveu em Lisboa até 1994, ano em que morreu aos 72 anos.

Fez o curso de Ciências Histórico-Filosóficas da Universidade de Lisboa, licenciando-se em 1948 com a tese Aproximação ao pensamento concreto de Gabriel Marcel, que seria publicada nesse mesmo ano, em Lisboa. Traduziu os Pensamentos, de Pascal, e As maravilhas do cinema, de Georges Sadoul. Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian para fazer uma especialização em Estética, em França e na Itália, onde trabalhou com Mikel Dufrenne, Étienne Souriau e Gillo Dorfles. Em 1964, a seguir à publicação do primeiro Caderno da Poesia Experimental (Ver: Poesia Experimental Portuguesa), edição Cadernos de Hoje, faz uma visita a Nova Iorque onde visita vários museus na companhia do seu amigo poeta Frank O'Hara, tendo estudado arquitectura moderna com Philip Johnson. Durante o auge da produção concretista portuguesa, em 1965, lecciona Estética na Sociedade Nacional de Belas Artes, e publica as lições correspondentes, sem ilustrações, na revista Brotéria. Um livro com essas mesmas lições, mas completas, intitulado “A dialética das formas”, estava composto em 1972, mas nunca foi publicado. Em 1979, teve uma retrospectiva da sua poesia visual na Galeria Quadrum, numa exposição chamada “Brincar”.

Algumas obras editadas: Espelho cego (Lisboa: Ática, 1957); 14 563 letras de Pedro Sete (Lisboa: Livraria Fomento de Cultura, 1965); Lex icon (Lisboa: Moraes, 1971); Obra poética (1957-1971) (Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1992); Poesia gráfica (Lisboa: Casa Fernando Pessoa, 1995)

Fonte: wikipedia

 

Veja também  POESIA VISUAL

 

ENIGMA LUA

 

Esqueceste

                 o touro                        e o grito

                 a parede branca           e fria

                 a cabeça decepada      enfunada

                 vento sangue              ferido.

 

Esqueceste

                 a lâmpada no teto        amarela

                 rio de sombra              corrido

                 cavalo eriçado             na tábua

                                                   do quarto.

 

Esqueceste

                           a cova onde                sangue e olhos

                                           enterraste

 

Esqueceste e alienado nos salões

ficaste       cheirando orquídeas      inodoras

                sapatinhos de papa       ocos

                réplicas estéticas          à metralha

                                                    dos aviões.

 

         Cansado? Inútil? Delinqüente? Vazio?

         Quem te poderá julgar?

 

Eu só sei rasgar enigma

                   contra razões da terra

         olhos que espanto me crava

                   na lua da tarde que erra.

         Presença de transparência

                   na força que assim me arde

         na lua de noite branca

                   me banho fantasma árvore.

         Sombra na sombra lua

                   enigma junto à janela.

 

Esqueceste

                   mas não comigo

esqueceste  a lâmpada amarela          do abrigo

                   e as quatro paredes        frias.

 

Esqueceste

                   mas não comigo.

 

                               (Espelho Cego)

 

                “ DORME O MEU PESO”

         Dorme o meu peso de água numa fonte
         um brilho de pena que me dói
         molhada, escorrida, plena
         doçura de praia serena
         um ainda que se foi.

         Dorme o meu peso de pedra sob o sol
         um perto de pavor em que me movo
         rica, lúcida, límpida
         certeza loira de trigo
         na dúvida fatal que te persigo.

         Dorme o meu peso de hera sob a chuva
         um longe de aventura que me segue
         escassa, pálida, breve
         ternura que a tarde escreve
         um sempre que nada dura.

                               (Espelho Cego)

 


               
“QUANDO TE LEVO...”

         Quando te levo de passeio no meu carro
         e para e olho         enquadrado na paisagem
         o recorte do teu rosto       a cabeça e o pescoço
         e te cresce no ombro uma oliveira      e a ramagem
         se perde entre o cabelo         e a orelha
         lembras-me um quadro que eu tivesse feito
         e viajo na tua pele o espelho
         da mesma paisagem que te quadro.
         Ricos os silêncios deixam
         vaguear meu olhar sem desejo     porque te contemplo
         a rever o recorte do teu rosto rente
         ao suspiro pela minha ausência.
         Adivinhas os meus dedos só pelos gestos que sou
         no movimento dos olhos            admiravelmente.
         Porque te aquietas      respondes
         e calada
         és o mundo que suspendes antes.  

                            (1453  Letras de Pedro Sete)


        
        
        
          
POESIA VISUAL




 

DIMENSÃO – REVISTA INTERNACIONAL DE POESIA. ANO XII. No. 22Editor Guido Bilharino.  Uberaba, MG: 1992.  147 p.
Ex. biblioteca de Antonio Miranda





DIMENSÃO – REVISTA INTERNACIONAL DE POESIA. ANO XII. No. 22Editor Guido Bilharino.  Uberaba, MG: 1992.  147 p.
Ex. biblioteca de Antonio Miranda


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Página publicada em junho de 2024

 

Página publicada em outubro de 2016


 

 

 
 
 
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