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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

MÁRIO SAA

(1894-1971)

 

Nacido en Caldas da Rainha hizo estúdios en Évora, Lisboa y Coimbra, sin haber concluído ningún curso universitário. En la estela del modernismo de Orpheu, coloboró en la revista Athena, dirigida por Fernando Pessoa, donde publicó sus famosas Xácaras. Su obra en prosa, como A Explicação do Homem (1928), se sitúa también en la órbita órfica, habiendo A Invasão dos Judeus (1925) suscitado una encendida polémica, así como su estúdio As Memórias Antológicas de Camões (1940). Esparcía en diarios y revistas, como Presença, que lo acogió ampliamente, su poesía combina formas tradicionales con un lenguaje moderno original, contaminada de sutil ironía y de sensualidad reflexiva, como en la Xácara das Mulheres Amadas. 

TEXTO EM PORTUGUÊS TEXTOS EN ESPAÑOL
 

XÁCARA DAS MULHERES AMADAS

Quem muitas mulheres tiver,

em vez de uma amada esposa,

mais se afirma e se repousa

pera amar sua mulher;

quem isto não entender...

em cousas d'amor não ousa,

em cousas d'amor não quer!  

 

Quantas mais, mais se descansa,

mais a gente serve a todas;

quantas mais forem as bodas,

quantos mais os pares da dança,

menos a dança nos cansa

o gosto d'andar nas rodas.  

 

Que quantas mais, mais detido

a cada uma per si;

nem cansa tanto o que vi,

nem fica o gosto partido;

ao contrário, é acrescido

a cada uma per si!  

 

No paladar de mudar

mais se sente o gosto agudo:

que amar nada ou amar tudo

é estar pronto a muito amar;

o enjoo vem de não estar

a par do nada e do tudo.  

 

Mais facilmente se chega

pera muitas que pera uma;

e a razão é porque, em suma,

se esta razão me não cega,

quem quer que muitas adrega

é como tendo... nenhuma!  

 

Com muitas, descanso vem,

faz o desejo acrescido:

que é o mais apetecido

aquilo que se não tem;

e o apetite é o bem;

e em saciá-lo é perdido.  

 

Também a mulher que tem

seu marido repartido

é mais gostosa do bem

que advém de seu marido!  

 

Tão gostosa e recolhida,

tão pronta e tão conformada,

quanto o gosto é não ter nada;

porque o gosto é ser servida

e não o estar contentada.

O gosto é cousa corrente,

e quem o tem já não sente

o gosto dessa corrida,

que tê-lo, é cousa... jazente...

que tê-lo, é cousa... perdida!  

 

Ora, pois, nesta jornada

não vi nada mais de amar

que ter muito por chegar

e cousa alguma chegada;

não vi nada mais de ter...

que ter muito que perder...

e cousa alguma ganhada!  

 

 

(In Cancioneiro do Salão dos Independentes, 1930)

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

Tradução de Rodolfo Alonso

 

JÁCARA DE LAS MUJERES AMADAS

 

Quien muchas mujeres tuvo,

en vez de uma amada esposa,

más se afirma y se reposa

para amar a su mujer;

quien no lo sepa entender...

¡en cosas de amor no osa,

en cosas de amor no quiere!

 

Cuantas más, más se descansa,

más las servimos a todas;

cuantas más fueran las bodas,

cuantos más pares en danza,

menos la danza nos cansa

el gusto de andar rondando.

 

Que cuantas más más detalle

recibirá cada una;

ni cansa tanto lo visto

ni queda el gusto partido;

¡al contrario, se acrecienta

lo que recibe cada uma!

 

Em paladar de cambiar

más se siente el gusto agudo:

que amar nada o amar todo

es prestarse a mucho amar;

el tedio viene al no estar

al par del nada y del todo.

 

Más facilmente se llega

para muchas que para una;

y es la razón porque, em suma,

si esta razón no me ciega,

aquel que muchas consigue

es como tener... ¡ninguna!

 

Con muchas, viene el descanso,

y el deseo se acrecienta:

que es lo más apetecido

aquello que no se tiene;

y el apetito es el bien;

y al saciarlo está perdido.

 

También la mujer que tiene

Su marido repartido

¡es más gustosa del bien

que viene de su marido!

 

Tan gustosa y recogida,

tan pronta y tan resignada,

cuanto al gusto es tener nada;

porque el gusto es ser servida

y no el estar contentada.

El gusto es cosa corriente,

y el que lo tiene no siente

el gusto de esa corrida,

¡tenerlo, es cosa... vacante...

tenerlo, es cosa... perdida!

 

Pues, así, em esta jornada

no vi nada más de amar

sino mucho por llegar

y cosa alguna llegada;

nada más vi por tener...

¡sino mucho que perder...

y cosa alguna ganada!

 

(In Cancioneiro do Salão dos Independentes, 1930)

 

Textos extraídos de la obra POETAS PORTUGUESES Y BRASILEÑOS - DE LOS SIMBOLISTAS A LOS MODERNISTAS; organización y estúdio introductorio: José Augusto Seabra.  Buenos Aires: Instituto Camões; Editora Thesaurus, 2002.  472 p. ISBN 85-7062-323-2

 

Agradecemos ao Instituto Camões a autorização para a publicação dos textos, em parceria visando a divulgação da literatura de língua portuguesa em formato bilíngüe na web.

 

 

Página publicada em maio de 2008.

 



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