MARIA JOÃO FERNANDES
Crítica de arte e poeta Maria João Fernandes, portuguesa.
O PRISMA DE MUITAS CORES. Poesia de Amor portuguesa e brasileira. Organização Victor Oliveira Mateus. Prefácio Antônio Carlos Cortes. Capa Julio Cunha. Fafe: Amarante: Labirinto, 2010 207 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
O muro do sol
Ao Gonçalo
"Vivo: busco ese tesoro"
Jorge Guillén - "Una Sola Vez" in: Cântico.
Cerejeira em flor
balouçando na luz
sorriso branco
névoa cristalina
janela perdida
bons dias segreda o mar à vida
e rolam conchas nacaradas
no seu banho de estrelas
e os peixes atravessam o sol
entre águas verdes
frondosas ramarias
cheias de pássaros
O dia abre-se em milagres
íntimos, labirintos, sorrisos, gestos
de crianças adormecidas
o dia ou as suas sombras
o seu néctar as suas pedrarias
pétalas suspensas
no ar dourado
Amada luz
que assim te despes
em oferenda, carícias breves
de palavras que desejam nascer
no seu limbo de cristal e doce Primavera.
Uma ninfa mergulha ao pôr-do-sol
no berço azul da frescura
Água mais pura
trémula orla, esplendor
Chamas, ouro maravilhoso
Chamo-te e sei que é teu o tesouro do espaço
o canto longínquo do rouxinol
o quente abraço
dos sonhos e da altura
o aroma, a vertigem, a realidade
No outro lado do mundo
ou na face escondida do sol
do outro lado do muro
respondes e há sol na tua voz
o sol do futuro
respondes, não te ouço
apenas sei que as palavras
mágicos sons
gravuras da ausência
máscaras do silêncio, vivas conchas nacaradas
flores de cerejeira perfumada
irão soltar os pássaros de um aurora prometida.
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Página publicada em janeiro de 2021
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