MARIA HELENA
Nasceu em Lisboa. Começou a compor aos 4 anos. Publicou o seu primeiro livro,"Amanhecer", muito jovem ainda. Conta 14 volumes publicados e tem 10 inéditos. Tem colaborado em quase todas as revistas a jornais portugueses, bem como nos de África, Brasil e América do Norte.
No concurso Internacional de Siracusa, entre concorrentes de todo o mundo, viu o seu livro "Da Luz que vem do alto", "... segnalato ad unanimità per la belezza, l’umanità, il lirismo e il seatimento della poesia".
Escreve em cinco línguas. Tem realizado vários recitais em Lisboa e em diversas cidades de Portugal, bem coma conferências, sendo a ultima no Palácio Ducal de Vila Viçosa.Foi três vezes premiada na Emissora Nacional e outras tantas no Secretariado Nacionalde Informações. Em 1949 foi eleita "Príncipe dos Poetas do Algarve".
E Manuel Bandeira, - poeta brasileiro, - em Carta que lhe endereçou:
"... Afaste de uma vez por todas as nuvens que lhe anoitecem o dia no quese refere aos seus poemas, no que se refere a crítica da sua poesia:
Você não precisa de chancela de ninguém".
HELENA, Maria. Alguns noturnos para as minas mãos. Lisboa: 1966. 42 p. 19x25,5 cm. Capa, ex-libris e desenhos de Álvaro Duarte de Almeida. Exemplar numero 010 e autografado pela autor. Pertenceu à biblioteca particular de Antonio Olinto, Col. A.M. (LA)
III
Tenho as mãos já quebradas, de vencidas;
Dedos ermos de Sol e de Amplidão.
Já mal pressinto a Vida em tantas vidas
Que me vestem de Morte cada mão.
As estradas, já todas percorridas...
O voo, sem azul nem ascensão...
Sempre a saudade atroz das coisas idas
Com o Tempo e o meu próprio coração.
De mãos abertas, sem punhal ou escudo,
Dei o Céu, dei a terra, dei o mar,
Numa alucinação que ninguém mede.
Mãos vaidosas que, de alto, deram tudo,
Agora só as sabe consolar
A humildade ajoelhada de quem pede.
x
Essas mãos que hoje tenho não são minhas.
Não conheço estes dedos alongados,
Estas palmas tão cheias de cuidados,
Da certeza da Morte tão vizinhas.
Mãos que dançaram e plantaram vinhas;
Depois colheram goivos encarnados...
Mãos de escrava, de pulsos amarrados,
Mãos livres, como livres andorinhas.
Trago um mistério fundo em cada mão...
Sei que não passo de continuação,
Que o Destino que sofro, não é meu.
Já que eu não sou princípio nem sou fim,
Depois de mim, quem viverá por mim ?
Antes de mim, quem foi que me viveu ?
Página publicada em agosto de 2012.
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