LUIS DE MIRANDA ROCHA
Luís de Miranda Rocha. N. Mira, 1947. Escritor, jornalista, professor. Escritor, publicou, até agora, cerca de duas dezenas e meia de livros e cadernos
de poesia e ensaísmo critico, grande parte em edições restritas, reservadas a ofertas e fora do mercado. Jornalista, foi profissional no jornalismo diário em Lisboa (Diário de Lisboa e outros), nos anos setenta e oitenta, e é, desde 1983, director-adjunto do jornal local Voz de Mira, e, desde 1998, da revista cultural Gandarena. Professor, lecciona no ensino técnico-profissional, nos dominios da Comunicação. Licenciado em Estudos Portugueses pela Universidade de Coimbra, fez o ano curricular dum mestrado na mesma área na Universidade de Aveiro.
Obra publicada - Poesia: O corpo e o muro, Viseu, 1968; As mãos no ar, Lisboa, 1976; O ágil cão, Lisboa, 1976; Coração transitivo, seguido de As regiões austeras, Lisboa, 1977.
ROCHA, Luis de Miranda. Nocturnos litorais. Santarém, Portugal: O Mirante, 2003. 79 p. (Coleção Alma Nova) Capa e ilustrações: António Ferraz. Retrato do Autor por Manuel de Oliveira. ISBN 972-8585-21-7 (Doação de Oleg Almeida)
7.
Isso alucina de excessivo isso estonteia
a percepção do mundo imagem desvario
A percepção do mundo grave à tarde triste
esse rumor que vespertino exasperado
Esse rumor exasperado esse clamor
isso de excesso esse rumor isso acumula
Isso de excesso demasiado essa imagem
11.
Do mar que vê terrestre vivo o seu metal é mais intenso
à luz da tarde ocidental o seu metal celeste brilha
do mar celeste é irreal deslumbra a luz desse ilumínio
é alumínio essa imagem deslumbre triste essa cegueira
13.
Toda a noite é no ar ouve a noite do mar
toda a noite é no ar percepção de que aérea
é no som é no ar que se ouve o do mar
alumínio rumor obscuro furor
clamor grave do mundo
Que se ouve não vê não se vê o que ouve
ouve-se que terrestre litoral que deriva
percepção que deriva devagar que oscila
devagar que tremendo tão ligeiro e intenso
Gravemente e intenso intensivo crescendo
tão veloz e crescente alumínio ilumínio
que enquanto crescente o ouvido que canta
Decrescente depois, que descanta inclínio
progressivo sentido que desliza resvala
Página publicada em abril de 2017