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Foto: troplov.com

 

 

JOSE DIAS EGIPTO 

 

 

José Dias Egipto é o pseudônimo literário de José Carlos Pacheco Palha, nascido em Braga, Portugal, em 1953, em uma família tradicional da média burguesia.

 Formou-se em Medicina na Faculdade do Porto e especializou-se em Pediatria e Neonatologia. Passou a exercer funções no concelho de Vila Nova de Gaia, onde permanece até hoje.

Começou a escrever cedo mas só muito tarde os seus poemas foram conhecidos. O seu primeiro livro, O Silêncio das Palavras, foi editado em 1999 pela Elefante Editores de Espinho.

Um segundo livro de poesia, Soletrando o Azul, surgiu em 2002 e recebeu, nesse ano, a única Menção Honrosa do Prémio António Patrício de poesia, da S.O.P.E.A.M.

Biografia (extrato) do poeta extraído do https://bancodapoesia.org/.

 

 

O  A Z U L  C E L E S T I N O
D A S  P O M B A S

 

 

O cheiro doce
da terra já lavrada
atrai os pássaros
em cada madrugada…

A terra vermelha
foi molhada.
Não há nada a perceber
depois das chuvas…

Só mais tarde
a seara
ondulará ao sol
e haverá mel nas uvas…

Agora,
é o triângulo
que une os braços
da charrua ao solo
que semeia as virtudes.
O querer, o saber e o poder
num olho garço imenso
que ilumina
os desígnios das alfaias.

No fogo já extinto
das tardes calmas,
os frutos maduros
serão por fim
oferecidos
às pombas
e desse azulecer
se fará o pão
das nossas almas!

 

 

 


I N I C I A Ç Ã O

O gelo rebrilha na planície,
depois de aceso o sol no horizonte,
como um tapete
que, na alvorada do clarão,
se torna espelho
que noutros espelhos se reflecte...

As flores brotam do verde de uns olhos
como um arco-íris — prenúncio
de mais dor e tempestade;
o orvalho salgado
bebe-se nas pétalas rubras
onde o mar se recupera
ainda velado...

No céu azul, ainda distante
de uns lábios — rosa e cruz —
somos aves sedentas no Verão,
animais feridos,
que se esvaem em sangue
ainda sem asas e sem perdão...

São cegos os que procuram
a luz sem prevenção
porque é preciso saber a língua dos pássaros
para atravessar a escuridão,
morrendo ao enunciar esse alfabeto
para nascer em amor,
de peito aberto
e com-paixão!...



 

Página publicada em março de 2020

 


 

 

 
 
 
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