JOSÉ CARLOS BARROS
Nasceu em Boticas, Portugal, em 1963. Graduado em Arquitetura Paisagística pela Universidade de Évora. Vive e trabalha no Algarve.
Nació en Boticas, Portugal, en 1963. Es licenciado en Arquitectura Paisagística por la Universidad de Évora. Vive y trabaja en el Algarve.
TEXTOS EN PORTUGUÊS / TEXTOS EN ESPAÑOL
Traducción de Manuel Moya
De
José Carlos Barros
LAS MORADAS INÚTILES
Traducción Manuel Moya
Punta Umbria: Ayuntamiento, 2007.
66 p. (Colección Palabra Ibérica)
NÃO TARDA QUE A LUZ AMANHEÇA
[Granja, 1970]
São poucas as palavras.
No mapa da europa não cabem os lugares da infância.
Não tarda que a luz amanheça
e se aproxime do pátio.
As mulheres da casa acendem o lume
sem o peso das lágrimas.
Enchem os cântaros com água de nascente.
Misturam nos púcaros o sobressaltado aroma da uize.
Um homem afasta-se.
Nunca os caminhos do largo
foram tão difíceis.
Uma fronteira é o lugar que separa a fidelidade
da sua própria sombra.
Não taida que a luz amanheça mais pobre.
A VIDA TODA
Nada mais procuras: o lugar no escano
em redor do lume,
as bagas do lódão,
a flor da urze.
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TEXTOS EN ESPAÑOL
Traducción de Manuel Moya
NO QUEDA MUCHO PARA QUE LA LUZ AMANEZCA
[Granja, 1970]
Pocas son las palabras.
En el mapa de europa no caben los lugares de la infancia.
No queda mucho para que la luz amanezca
y se acerque hasta el pátio.
Las mujeres de casa encienden la candela
sin el peso de las lágrimas.
Llenan los cántaros con agua de manantial.
Mezclan en los jarros el sobresaltado aroma del brezo.
Un hombre se aparta.
Nunca los caminos lejanos
fueron tan difíciles.
Una frontera es el lugar que separa la fidelidad
de su propia sombra.
No queda mucho para que la luz amanezca más pobre.
LA VIDA TODA
No buscas nada más: el lugar dei sillón
alrededor de la lumbre,
las gotas de los berros,
la flor del brezal.
A POESIA É PARA COMER: iguarias para corpo e para o espírito. Seleção de poemas Ana Vidal; coordenação editorial Renata Lima. São Paulo: Rabel, 2011. 252 p. 23,5x31,5 cm. Capa dura. Impresso em papel couchê matte 170 g/m2.
Ex. bibl. Antonio Miranda
UM ÚNICO OBJETO
São tantas as coisas que se misturam
para que a memór9iia devolva um único objecto:
as toalhas e um cântaro com água, uma caixa de música
as manchas da humidade nas fotografias
da parede, a chuva a bater nos vidros da janela,
a escaleira de pedra, uma árvore. Mas antes
a água primeiro escorrendo num fio por entre
os caules das ervas; as argilas, os finíssimos grãos
da aluvião; uma horta defendida pelos muros
altos: os matos; o bosque; só depois
o segredo de curar ou enlouquecer
tocando com as mãos nos ombros das crianças:
só depois da casa e dos caminhos de terra
batida; só depois dos minúsculos açudes e do labirinto
dos canais de rega: só depois das sementes
espalhadas num chão lavrado; só depois do fogo
e do rumor do vento nos arames das vinhas.
São tantas as coisas que se misturam
para que a memória devolva um único objecto:
a faca de cortar o pão.
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Página publicada em fevereiro de 2011
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