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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JOSÉ AGOSTINHO BAPTISTA

 

(Funchal, Madeira, 15 de agosto de 1948) é um poeta português contemporâneo.

Viveu entre o Funchal e o Faial (concelho de Santana, no norte), os primeiros oito anos da sua vida. Em outubro de 1969 partiu para Lisboa, tendo regressado definitivamente à Madeira em 29 de março de 2012.

Foi colaborador da imprensa escrita, particularmente no Comércio do Funchal e, mais tarde, no República e no Diário de Lisboa, cujo suplemento Juvenil o deu a conhecer como poeta.

Desde então e ao longo dos livros entretanto publicados, a sua poesia tem sido reconhecida como uma das mais originais e importantes da actualidade em língua portuguesa, como assinalaram os estudos que lhe foram dedicados em Portugal, Espanha, França e Itália.

Ver biografia completa, com as Homenagens e a bibliografia do autor: https://pt.wikipedia.org/

 

 

O PRISMA DE MUITAS CORES. Poesia de Amor portuguesa e brasileira.    Organização Victor Oliveira Mateus. Prefácio  Antônio Carlos Cortes.  Capa Julio Cunha.  Fafe: Amarante: Labirinto, 2010  207 p.      Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

Poema 29 de Jeremias o Louco

 

um amante assim nunca houve,   disse cleópatra.
 

quando o vi chegar  como poderia supor o que

vos afirmarei?

 

cabisbaixo,

apoiado naquele bordão de forma imprecisa,
o andar errante,

os lábios trémulos,  febris...

e os gestos eram de muito longe, como quem vem de muito longe,
gestos de rei ultrajado,  assim pensei. 

e o olhar,  ah aquele olhar líquido, fundo,
de cão perdido,

despindo a paisagem,  o pomar e o vale e o meu
corpo em fogo,

refulgindo no ouro das vestes,
nas preciosas pedras,  diamantes tantos, no
peito,  nos dedos,  revestindo os cabelos... 

nunca houve um olhar assim,

rasgando a carne, as entranhas, a minha alma nómada
e repleta de impressões.
 

ninguém soube ao certo donde vinha,

que regiões conhecera,
que destino o trazia ah, ao império do oriente, ao reino de alexandria. 

o oráculo, afrodite a pitonisa, ptolomeu o sábio e
orim   o mensageiro eunuco, só o nome retiveram —
 

jeremias JEREMIAS - vejam lá! 

alguém partira entretanto, no rumo da terra
fenícia e da terra síria,   combatendo sempre.
 

por isso  jeremias conheceu a cidadela, a orgia,
os banquetes e a arte,
o palácio   e os aposentos do palácio
e  no mais vasto e indescritível adormeceu. 

quando o procurei,
trémula e inebriada e só,  ele nada disse e
tomou-me a mão
 

e fomos descendo, descendo
o nilo antes da cheia,
ouvindo a sua voz divina,
sentindo a sua boca que me subia na mais lenta
lentidão   em delírio. 

nunca houve um amante assim...
alguém era o senhor da guerra,  dos exércitos
e da frota,
o senhor do vinho,
o senhor do êxtase; 

jeremias era o deus implacável,  avassalador
e estranho,
 

devorando o meu corpo perfeito,

louco de lágrimas e riso,
gemidos, gritos...
ardendo ardendo...
 

e a rainha que eu era desfalecia através do
oriente,

abandonada àquelas mãos ávidas,
àquela boca que me subia  na mais lenta
lentidão,  em delírio,
 

enquanto íamos descendo, descendo o
nilo da minha vida.

 

 

***

 

 

 

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Página publicada em janeiro de 2021


 

 

 
 
 
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