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Foto e biografia: wikipedia

 

 

             JOAQUIM PAÇO D´ARCOS     

 

 

Joaquim Belford Correia da Silva (Paço d'Arcos) (Lisboa, 14 de Junho de 1908 - Lisboa, 10 de Junho de 1979), conhecido como Joaquim Paço d'Arcos, foi um escritor português.

 

Neto do primeiro conde de Paço d'Arcos e irmão de Henrique Belford Corrêa da Silva, segundo conde de Paço de Arcos (Lisboa, 2 de setembro de 1906 — Lisboa, 13 de maio de 1993) também escritor. Nasceu em Lisboa no ano de 1908, seguindo logo em 1912 para Moçamedes, devido à nomeação do pai para governador do distrito. Em 1919 por razão análoga vai para Macau. Já na metrópole emprega-se num banco inglês e dois anos depois acompanha o pai para Moçambique, como seu secretário. Em seguida, após uma estadia no Brasil, entra para a Companhia Nacional de Navegação e em 1936 é nomeado Chefe dos Serviços de Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros até 1960.[1]

 

Romancista, dramaturgo, ensaísta e poeta, premiado diversas vezes, foi muito lido nos anos 40 e 50 do século XX. Também se encontra colaboração da sua autoria na revista Portugal Colonial [2] (1931-1937) e na Revista Municipal [3] (1939-1973) publicada pela Câmara Municipal de Lisboa.

 

Uma das suas obras mais conhecidas é o conjunto de seis romances Crónica da Vida Lisboeta sobre a qual Óscar Lopes disse: «Quando se quiser ver a nossa época [anos 40 - 60] num cosmorama literário, tal como hoje vemos a época da Regeneração através de Camilo, Júlio Dinis ou Eça de Queirós, será preciso recorrer a estes romances de Paço d'Arcos quanto a determinados sectores portugueses.»[4].

 

Na poesia, a sua obra encontra-se em Poemas Imperfeitos, de 1952.

 

 

 

HATHERLY, AnaCAMINHOS DA MODERNA POESIA PORTUGUESA. 2ª. edição  S.l.:Ministério da Educação Nacional, Direção Geral do Ensino Primário, 1969. 121 p.  (Coleção Educativa, Serie G, n. 8)  11x16 cm.

 

                                                                 

 
M E D O

 

Medo não o temor dos piratas no Rio do Oeste,
Nem dos tufões no mar.
Não é o receio dos tiros, pela noite,
No rio povoado de lorchas e traições;
Nem o susto dos enforcados,
Ao luar branco,
No mangal da Areia Preta.
Medo não é o temor da guerra,
nem da for, nem do cólera,
Nem das chagas dos leprosos
na Ilha de S. João;
Não é suspeita
De que a morte espreita,
Continuadamente,
E nos levará.
Medo não é contágio da tristeza
Quando a tarde tomba
E o ocaso ensanguenta
O mar de água barrenta,
As terras e o céu,
Até as ilhas serem tragadas pelo negrume
E as montanhas pelo escuro,
E nada restar senão a treva
E os gritos que atravessam a noites,
Vindos não sei donde,
Para não sei onde.


Medo não é o temor das ciladas,
Nem dos punhais,
Nem dos beijos vermelhos que enganam
E sorvem lentamente as vidas...


Medo é est pavor de que tu partas|
E me deixes só.

 

 

           (De “Poemas imperfeitos”)

 

 

 

 

Página publicada em janeiro de 2020.

 

                                                                                                                                         


 

 

 
 
 
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