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JOÃO DE DEUS


João de Deus de Nogueira Ramos (São Bartolomeu de Messines, 8 de Março de 1830 — Lisboa, 11 de Janeiro de 1896), mais conhecido por João de Deus, foi um eminente poeta lírico, considerado à época o primeiro do seu tempo, e o proponente de um método de ensino da leitura, assente numa Cartilha Maternal por ele escrita, que teve grande aceitação popular, sendo ainda utilizado. Gozou de extraordinária popularidade, foi quase um culto, sendo ainda em vida objecto das mais variadas homenagens e, aquando da sua morte, sepultado no Panteão Nacional. Foi considerado o poeta do amor.  [
http://pt.wikipedia.org]



João de Deus
Campo de Flores – Poesias lyricas completas
coordenadas sob as vistas do auctor por Theophilo Braga. 
2ª Ed.   Lisboa: Imprensa Nacional, 1896.  700 p. +  apêndice


 

Amores, Amores

 

Não sou eu tão tola

Que caia em casar;

Mulher não é rola

Que tenha um só par:

    Eu tenho um moreno,

Tenho um de outra cor,

Tenho um mais pequeno,

Tenho outro maior.

 

Que mal faz um beijo,

Se apenas o dou,

Desfaz-se-me o pejo,

E o gosto ficou?

    Um deles por graça

Deu-me um, e, depois,

Gostei da chalaça,

Paguei-lhe com dois.

 

Abraços, abraços,

Que mal nos farão?

Se Deus me deu braços,

Foi essa a razão:

    Um dia que o alto

Me vinha abraçar,

Fiquei-lhe de um salto

Suspensa no ar.

 

Vivendo e gozando,

Que a morte é fatal,

E a rosa em murchando

Não vale um real:

    Eu sou muito amada,

E há muito que sei

Que Deus não fez nada

Sem ser para quê.

 

Amores, amores,

Deixá-los dizer;

Se Deus me deu flores,

Foi para as colher:

    Eu tenho um moreno,

Tenho um de outra cor,

Tenho um mais pequeno,

Tenho outro maior.

 

João de Deus, in 'Campo de Flores' (português em nova ortografia)

 

 

A Cigarra e a Formiga

Como a cigarra o seu gosto
É levar a temporada
De Junho, Julho e Agosto
Numa cantiga pegada,
De Inverno também se come,
E então rapa frio e fome!
Um Inverno a infeliz
Chega-se à formiga e diz:
- Venho pedir-lhe o favor
De me emprestar mantimento,
Matar-me a necessidade;
Que em chegando a novidade,
Até faço um juramento,
Pago-lhe seja o que for.
Mas pergunta-lhe a formiga:
"Pois que fez durante o Estio?"
- Eu, cantar ao desafio.
"Ah cantar? Pois, minha amiga,
Quem leva o Estio a cantar,
Leva o Inverno a dançar!"

 

Grammatica Rudimentar

Aquelle Manuel do Rego
É rapaz de tanto tino
Que em lirio põe sempre y grego,
E em lyra põe i latino!
E como a gente diz ceia
Escreve sempre ceiar;
Assim como de passeia
Tira o verbo passeiar!
Nunca diz senão peior
Não só por ser mais bonito,
Mas porque achou num auctor
Que deriva de sanskrito.
Escreve razão com s,
E escreve Brasil com z:
Assim elle nos quizesse
Dizer a razão porquê!
Também como diz - eu soube
Julga que eu poude é correcto:
Temo que a morte nos roube
Rapazinho tão discreto!
É um gramático o Rego!
É um purista o finorio...
Se Camões fallava grego,
E o Vieira latinorio!


Militarão

Um valente militar
Ficou tão abarrotado
Num opíparo jantar
A que fora convidado,
Que o que fazia era ímpar,
E estava dando cuidado.

Diz-lhe aflita uma das manas:
«Meta dois dedos na boca,
Provoque as ânsias, a ver!»
-Dois dedos na boca...louca?
Se eu os pudesse meter,
Metia duas bananas.

 

Página publicada em novembro de 2010

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